Dinheiro
Reforma da Previdência pode exonerar 1,3 mil servidores de Ponta Grossa
Fernando Rogala | 19 de abril de 2019 - 03:34
Texto original proíbe
que trabalhadores celetistas acumulem aposentadoria e salários. Na Prefeitura
de Ponta Grossa, 15% dos servidores são aposentados e seguem atuando.
O município de Ponta Grossa poderá sofrer mudanças drásticas
no quadro de servidores caso o texto original da Reforma da Previdência, que
tramita na Câmara Federal, seja aprovado. Isso porque a PEC nº 6/2019 proíbe a
possibilidade de que aposentados pelo INSS continuem trabalhando em regime
celetista, acumulando benefícios de salário e aposentadoria.
A Prefeitura conta com cerca de 8,7 mil funcionários
atualmente, sendo que cerca de 1,3 mil deles já estão aposentados e que seguem
trabalhando. Segundo a prefeitura de Ponta Grossa, todos eles estão empregados
através do regime celetista (regido pela Consolidação das Leis Trabalhistas –
CLT). Na Reforma da Previdência, o governo federal sugere que aposentados pelo
regime celetista não poderão acumular os dois benefícios, o que poderia
resultar na exoneração dos aposentados (cerca de 15% do total de funcionários).
A preocupação veio à tona na última quarta-feira (17),
quando o vereador Pietro Arnaud levantou a questão nos corredores da Câmara
Municipal. No mesmo dia, o deputado federal Aliel Machado (PSB) solicitou ao
Poder Executivo as informações de quantos servidores se encaixam neste regime e
que poderiam ser prejudicados no Município com a aprovação da reforma – os
mesmos dados foram antecipados pela assessoria de imprensa da Prefeitura de
Ponta Grossa à reportagem do portal aRede.
No documento original, o parágrafo 10º do artigo 37 deixa clara
a impossibilidade do acumulo de benefícios, enquanto outro artigo afirma que
servidores em regime especial (que não seja celetista, portanto) não serão
afetados. No entanto, alguns acreditam que isso não seja suficiente para
impedir as demissões em Ponta Grossa.
Nem todas os governos municipais devem sofrer com este
problema. Diferentemente de Ponta Grossa, algumas prefeituras contratam os
servidores através de um regime estatutário – e não celetista – que não se
enquadra nas mudanças previstas pela reforma. “A nova previdência traz um
risco. Ela abre uma interpretação para que o administrador exonere os
servidores que são aposentados pela Prefeitura que continuam trabalhando”,
destaca Pietro.
Aliel Machado explica que a medida ajuda a combater
privilégios em algumas estatais, mas se torna prejudicial para servidores mais
simples. “O governo criou uma regra de que o celetista não tenha cumulação de
aposentadoria e salário. Se a reforma for aprovada, que trabalha no regime
celetista e já é aposentado, precisa ser exonerado no dia seguinte”, disse.
Em nota, a Prefeitura de Ponta Grossa afirmou que “está
aguardando a definição sobre a questão da reforma da previdência e tomará as
medidas necessárias conforme a determinação do Governo Federal”.
SindServ mostra
preocupação com novas regras
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ponta Grossa (SindServ-PG), Leovanir Martins, mostrou preocupação com a possibilidade de exoneração dos quase 1,3 mil servidores. Para ele, o texto original permite uma dupla interpretação em relação ao tema, que ‘fatalmente’ irá gerar uma quantidade enorme de ações na Justiça. “Existe sim a preocupação de que os gestores possam afastar os aposentados. Eles começaram a trabalhar bastante cedo e se aposentaram por tempo de serviço, mas estão com a saúde laboral muito boa e seguem trabalhando. A possibilidade de um afastamento destes servidores deve causar um grande prejuízo”, disse Martins.