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Imagem ilustrativa da imagem Tempos de amar

Por Renata Regis Florisbelo

Naquele treze de setembro de 2019 o texto “Soberana” nascia. Escrito especialmente para honrar a cidade e homenagear nossa aniversariante em edição especial do Jornal da Manhã a ser publicada no celebrado 15 de setembro. As voltas que a vida dá. Três anos exatos se passaram e aqui estou eu escrevendo, exclusivamente para uma edição especial de aniversário da cidade no Jornal da Manhã. Três anos transcorreram como um ciclo completando a tríade de: introdução da novidade, dúvida e, por fim, reafirmação. Tanta coisa que mudou, muitas coisas que nada mudaram. Momento de pensar em extrato, a essência das coisas. Não gosto do óbvio, quem o admira que se atenha a ele. O improvável ou esquecido, para mim, soa em silêncio eloquente. Três (este é o número de hoje) cenas vêm colorir como velas que se espetam sobre o bolo de aniversário da Princesa.

Cena 1: num domingo à tarde um senhor estava sentado na calçada em frente ao estacionamento de esquina de um conceituado supermercado. Com roupas rotas e pouco capazes de fazer frente ao frio, ele olhava ao longe, não fitava ninguém apenas formava um mosaico em frente à grade salpicada de cartazes de promoção. O quilo mais barato da carne, o sabonete em oferta e a cerveja com teor alcoólico que se eleva pelo valor barateado possibilitando beber mais. Sem dúvida a oferta maior era o homem anunciado sem preço algum.

Cena 2: à noite caia na Vila Estrela em direção ao centro e ela se erguia poderosa, escalava a montanha de recicláveis, destemida, sem calçado adequado, sem luvas, sem aquele talco especial para absorver o suor das mãos de quem escala. E eu pergunto: quem é ela na escala hierárquica de poderes da cidade: econômicos, de comunicação, social, cultural, intelectual? Quem é ela? Quem era ela? Eu que já fui, apenas sou nada e já passei por ela que estava no alto da carrinhola de recicláveis como a alpinista que crava a bandeira no topo do K7.

Cena 3: num evento cultural, sim um daqueles que homenageiam o setembro que é festa na Princesa, é festa para a Princesa e é Princesa em festa, um palhaço perambulava e fazia graça. Usava uma roupa tão original e elegante que me fez pensar por onde andam aqueles desengonçados gorduchos que viviam (na lembrança da minha infância) de fazer rir por trombadas, cabeçadas e piadas que ganhavam graça de tão sem graça. Estilismo e originalidade que fez ponderar e reconhecer que os tempos mudam e se refiram e o palhaço pode ser tão elegante que salta do picadeiro para a passarela, mostra-se.

O senhor no mosaico-grade do estacionamento, a catadora alpinista que vai ao Olimpo da Princesa e o palhaço top-model. Todos se mostram. Eu também, sai do casulo, caramujo que deixa a concha, celacanto abissal que deixa as profundezas e vem morar numa capa de livro, arenito que lá dos devonianos vem aportar e apontar: é uma taça, é vida, vamos celebrar! Princesa, aqui estou para amor e afeto lhe devotar. Tempos de sentir na pele, com ou sem ferida, mas que não lastima, o que é amar. A vida é soberana nesta terra benfazeja a inspirar.

Renata Regis Florisbelo é escritora e presidente do Centro Cultural Professor Faris Michaele

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