Debates
“Deadline” para o pedágio no Paraná
Da Redação | 25 de novembro de 2021 - 01:41
Por Marcos Lins Condolo
Como sabido, a atual Constituição da República fez conferiu
ao poder público o poder de realizar a concessão de seus serviços, inclusive na
delegação do gerenciamento de rodovias interestaduais ou intermunicipais, as
quais seriam geridas pela iniciativa privada, através da cobrança tarifária, as
famosas pedageiras.
Às voltas com o término da concessão das rodovias
paranaenses, muito tem se falado sobre o assunto. Por um lado, a concessionária
que atua na malha rodoviária que cruza os Campos Gerais, tem propalado de forma
massiva nos meios de comunicação social, os benefícios do pedágio, bem como, os
programas realizados ao longo do período de concessão e também, os resultados
obtidos através dos serviços de atendimento ao usuário e, até mesmo, os
programas sociais levados ao alcance da população.
Por outro lado, o Governo do Estado tem afirmado que irá
assumir a operação das rodovias, sem causar qualquer prejuízo aos usuários,
disponibilizando serviços de recuperação emergencial das rodovias, remoção de
veículos e atendimento ao trauma em emergência, afirmando que “o Paraná está
preparado para assumir serviços em rodovias”.
Diante desse bombardeamento de informações, é fato que o
pedágio no Paraná fez história. Primeiramente, em relação ao vultoso preço da
tarifa, que sempre foi escorchante e que serviu inclusive de plataforma
eleitoral, quando determinado candidato afirmou: “Pedágio, ou abaixa ou acaba”.
Logicamente, nenhuma nem outra ação efetivou-se. Sob outra ótica, as pedageiras
demonstraram claramente que sempre privilegiaram o lucro, em torno do negócio
entabulado com o governo, pois, demoraram mais de 20 anos para realizarem obras
que impactassem diretamente na segurança das rodovias, vide a tardia duplicação
da BR 376 e de outras obras rodoviárias, inclusive a construção de trincheiras
de acesso a diversos perímetros urbanos, que margeiam as rodovias. Por último e
não menos importante, descobriu-se o envolvimento das pedageiras na extinta
Operação Lava Jato. Particularmente em relação à concessionária princesina,
esta foi compelida a pagar o valor de R$ 750 milhões, em decorrência de infrações
e ilícitos apurados na investigação, num verdadeiro conluio criminoso com o poder
público.
Ao passo que o governo, mesmo sabedor de que o contrato
tinha prazo determinado para sua conclusão, de forma inepta e indolente, deixou
permissivamente fluir o prazo, adotando a conhecida postura tupiniquim de
administrar a coisa pública. Contudo, na iminência de assumir a administração
das rodovias, tem utilizado de expedientes ilusórios e utópicos, ao afirmar que
se encontra apto para a tarefa.
Em contrário, o governo está sobejamente desinformado, não
tendo a mínima noção do que irá enfrentar, ao assumir a administração das
rodovias, em decorrência de diversas nuances, dentre as quais, a força policial
rodoviária parananense está desmobilizada; o volume de tráfego nos últimos 20
anos aumentou vertiginosamente, necessitando de cuidadoso e acurado
planejamento por parte do DER, além do engajamento de pessoal técnico, que não
dispõe; os serviços prestados pelo SIATE mal atendem à demanda urbana e por
fim; aplicar pessoal da Reserva da força policial para atuar nas rodovias,
chega a ser risível e totalmente fora da grandiosidade da tarefa a ser cumprida.
Marcos Lins Condolo – colaborador JM