Debates
A vida não termina no calvário!
Da Redação | 31 de março de 2021 - 02:37
Por Padre Márcio Prado
Chegamos a uma das mais importantes semanas para o
cristianismo, a Semana Santa, a "Semana Maior", a "Semana das
semanas", ousaria eu dizer. Mas como celebrar o mistério da Paixão, Morte
e Ressurreição de Jesus nas atuais circunstâncias?
A questão que se repete: os filhos de Deus sempre fizeram
festa após duras provas, momentos complicados. E hoje, nós somos convidados a
fazer essa experiência na Semana Santa, que culmina com a Páscoa, o principal
evento, o coração da fé cristã. Toda vida de Jesus Cristo foi de entrega,
doação, amor e misericórdia.
A Semana Santa inicia com o Domingo de Ramos, quando Jesus
entra em Jerusalém e é saudado pelo povo como rei. Foi a única vez que o Senhor
permitiu ser honrado, e que lição bela deu ao permitir tal ação do povo. Ele
permitiu ser saudado, honrado e aclamado sobre um burrinho. Jesus não entrou de
maneira majestosa, não emprestou um cavalo ou uma carruagem do rei Herodes. Ele
não entrou pelas ruas da cidade antiga com pompas, afinal, seu reinado nunca
foi assim.
Desde seu nascimento, Jesus veio pobre, humilde; cresceu no
escondimento de Nazaré e, somente depois, aos 30 anos, iniciou sua vida
pública. No entanto, continuava a exercer o ministério de forma humilde e
misericordiosa.
A Semana Santa inicia com a entrada de Jesus em Jerusalém e
termina com a Ressurreição. Mas no meio temos a Paixão do Senhor. Nessa semana,
a liturgia fala das perseguições que Jesus sofreu, das traições, de sua
solidão, do sentimento de abandono, da morte e da vida. Na quinta-feira Santa
temos a Missa da Ceia do Senhor, conhecida como celebração do
"Lava-pés", na sexta-feira a celebração da Paixão do Senhor e na vigília
do sábado a Páscoa do Senhor.
Teremos uma grande e importante semana, uma grande festa,
mas ainda num cenário complicado de saúde pública. Que desafio! Que tempo
vivemos! Viveremos mais uma Semana Santa semelhante à do tempo de Jesus. Brigas
políticas, divisões no meio religioso e pessoas que estão assistindo
tudo, algumas apreensivas e outras com indiferença.
Se viveremos mais uma Semana Santa aos moldes da primeira,
nada de desespero por causa disso, vivamos com fé. Pois Jesus venceu o mal na
obediência ao Pai. Sim, a Vida vence a morte, a Esperança vence o desespero, e
a confiança renasce frente ao medo.
Por fim, nada de desânimo! Entremos na Semana Santa, aliás
parece que nossa vida é uma Semana Santa, não é? Entremos com Jesus em Jerusalém
(nossa casa, nosso trabalho). Como Ele, ora somos aclamados e ora somos
injuriados… Entremos na Jerusalém do nosso coração, na confusão que muitas
vezes ali está presente, mas como Jesus, foquemos na vontade do Pai, Ele está
conosco! Entremos em Jerusalém com Jesus e por Jesus, e vamos imitá-lo.
Nesta Semana Maior, mesmo à distância ou não, participe com
muita fé das celebrações. No domingo de Ramos e na Sexta-feira Santa
escutaremos a narração do caminho do calvário de Jesus. Convido você a se
colocar no lugar dele e pedir a Deus a graça de responder às maldades e
adversidades como Ele. No atual calvário que vivemos, olhemos para Jesus e
vamos nos levantar das quedas, consolar os desesperados e perdoar os que nos
fazem mal.
No calvário da vida, vamos imitá-Lo na obediência, no amor,
no sacrifício por amor ao Pai. Viveremos assim a melhor Semana Santa, a melhor Páscoa,
porque a vida não termina no calvário e nem no sepulcro. A vida em Cristo é
eterna!
* Padre Marcio Prado, natural de São José dos Campos (SP), é
sacerdote da Comunidade Canção Nova e autor dos livros “Entender e viver o Ano
da Misericórdia” e “Via-sacra do Santuário do Pai das Misericórdias”, pela
editora Canção Nova. Twitter: @padremarciocn