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A pandemia e o silêncio

Imagem ilustrativa da imagem A pandemia e o silêncio

Por Luís Fernando Lopes

Necessidade nem sempre percebida por todos, o silêncio, como expressa o jargão, é paradoxalmente uma prática eloquente. Silenciar interna e externamente é necessário, ainda que nem sempre o contexto no qual vivemos favoreça.

Como fazer silêncio imerso em tanto barulho. São os sons da cidade, dos carros, dos equipamentos que utilizamos, dos computadores, celulares, eletrodomésticos e a lista continuaria crescente exponencialmente.

Entretanto, esses barulhos talvez não sejam os mais perturbadores. As preocupações interiores que carregamos, o diálogo ininterrupto que realizamos conosco mesmos sobre nossas contas, compromissos, trabalho, amores, paixões, entre outras, acabam por nos afastar de nós mesmos. Há tempo e espaço para muitas coisas no diálogo interior, mas o eu interior que conversa consigo mesmo parece estar distraído, desligado de si, preocupado, ocupado demais para realmente falar consigo.

Para citar uma ideia já conhecida: sentimo-nos como se tivéssemos sido “roubados de nós mesmos”. Mas o que ou quem provocou ou está provocando isso?

Talvez você esteja pensando nos barulhos externos, nas obrigações, nos compromissos, nos prazos, que provavelmente são fatores que conduzem a essa situação de distanciamento de si, ainda que todas essas ações sejam feitas com o intuído de ser reconhecido, valorizado, estimado. Contudo, não obstante, a importância do trabalho e a necessidade de manter as contas em dia, é preciso se perguntar: o que realmente importa? Afinal, só temos uma vida, ou no máximo poderemos viver uma vida de cada vez, dependendo da crença pessoal.

Então, será que no meio de tantos compromissos e preocupações, barulhos, contas, tarefas, não é possível arranjar algum tempo e espaço para devolver-se a si mesmo? Conseguir tempo e espaço para o silêncio interior para a autoconsciência que, além de nos tornar mais cientes das próprias qualidades e limites, provavelmente nos auxiliará em nosso relacionamento com os outros e com o planeta.

Excesso de barulho exterior ou interior pode ser uma forma de fugir do encontro consigo mesmo. O silêncio interior poderá ser um grande remédio contra a indiferença. O ser humano importa. Há pessoas sofrendo perto e longe de nós, mas se não encontramos tempo e espaço para nós mesmos, atenção para o que realmente somos como será possível importar-se com os outros? 

Você já se deu ou ainda se dá conta ao acordar dos sons da natureza? O canto dos pássaros, o barulho do vento... Ou ainda apenas escuta os carros que saem um a um do seu condomínio, que passam na rua, os passos pesados no corredor, as portas batendo, o som alto do vizinho...Barulhos que nos afastam de nós e nos recordam as próprias preocupações e ocupações, mesmo que seja possível realizá-las a partir de casa.

A pandemia nos forçou a ficar mais tempo dentro de casa, mas não necessariamente nos conduziu para dentro de nós mesmo. Esse caminho precisa ser trilhado caso contrário de que adiantará todo o reconhecimento e sucesso se eles nos afastarem do nosso eu interior. Então, que tal praticar um pouco o silêncio interior?

Luís Fernando Lopes é Doutor em Educação e Professor do Curso de Filosofia, da Área de Humanidades do Centro Universitário Internacional UNINTER

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