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Covid-19: o que nos aguarda em 2021?
Da Redação | 13 de janeiro de 2021 - 02:03

Por Fernanda Fontanezi
Longe de todas as expectativas, iniciamos o ano de 2021
ainda na luta contra a Covid-19. Pudemos observar que a esperança trazida pela
melhora no número de casos observada a partir de agosto de 2020 gerou uma sensação
de segurança para uma parte importante da população brasileira.
Segurança para retomar suas rotinas diárias, visitar
vizinhos, parentes e amigos, e, principalmente, para afrouxar os cuidados
instaurados e cientificamente comprovados para a diminuição da circulação do
vírus na sociedade.
Ou seja, a falsa ideia de que o fim da pandemia se
aproximava fez com que muitas pessoas deixassem de usar máscara e de evitar
aglomerações ou, até mesmo, reduzissem os cuidados com a higiene das mãos.
Felizmente, hoje, podemos dizer que os profissionais da
saúde desenvolveram uma boa expertise no tratamento dos pacientes com Covid-19,
fazendo com que reduzíssemos o tempo de permanência em UTI e o número
intubados, quando comparamos o período atual aos piores meses da pandemia no
Brasil. Além disso, temos a nosso favor muito mais informações sobre
tratamentos confiáveis do que havia em março e abril do ano passado.
Mas o vírus continua aqui, entre nós. Por mais que tenhamos
melhorado nossos indicadores de qualidade no tratamento da infecção, não temos
cura, a vacinação ainda não é uma realidade para os brasileiros e, portanto, as
infecções e os óbitos continuam a ocorrer.
As únicas medidas que temos para impedir a propagação do
vírus são as descritas acima, que vêm sendo sistematicamente sub-rogadas por
uma parcela da população. Como resultado, vemos o aumento no número de casos
confirmados desde meados de novembro de 2020 e, muito pior, o aumento também no
caso de óbitos em decorrência da doença.
Estamos cansados, sim, desta pandemia, mas isso não faz com
que ela desapareça. Precisamos manter as medidas de propagação para impedirmos
que esse aumento se torne exponencial, como aconteceu no segundo trimestre de
2020.
Precisamos evitar o colapso do sistema de saúde antes de
conseguirmos vacinar entre 85% e 95% da população, para, assim, adquirirmos a
imunidade de rebanho e evitarmos a circulação do vírus.
As férias de janeiro trazem um grave temor para os que lidam
com a infecção diariamente. Observamos que houve afrouxamento nas medidas de
segurança durante as festas, e estamos apreensivos que isso não só se propague
durante as férias, mas que piore. E que retornemos ao que vivemos no início
desta pandemia, com as mais de mil mortes diárias, o colapso do sistema de
saúde em alguns Estados e a Covid-19 vencendo a batalha diariamente.
Por isso, a comunidade médica faz um forte apelo. Até que
tenhamos a vacinação em massa, devemos nos manter em quarentena, utilizando as
medidas de precaução e cuidando não apenas de nós, mas de toda a população
suscetível ao agravamento da infecção.
Dra. Fernanda Fontanezi é diretora da Unidade Santana da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo