PUBLICIDADE

“Tô cansada, pai!”

Imagem ilustrativa da imagem “Tô cansada, pai!”

Por Jorge Munhoz Jr 

Esta frase ouvi da minha filha de 7 anos há algumas semanas. Isoladas em seu núcleo familiar desde o início da pandemia – e lá se vão pelo menos seis meses! – as crianças começam a demonstrar sinais de cansaço. O rendimento escolar desabou ladeira abaixo e o emocional dos pequenos começa a mostrar sinais de esgotamento.

Antes de tudo como pai, comecei a estudar o fenômeno da pandemia e seu impacto nas crianças. Estudiosos comentam que o custo social da pandemia será enorme especialmente para elas. Parcela pouco significativa nos índices divulgados, o isolamento social para as crianças foi muito mais severo do que para os adultos. Longe da escola, dos amigos, da igreja e dos avós, as crianças sinalizam que estão cansadas e sem qualquer condição de absorver os conteúdos transmitidos nas aulas virtuais.

A preocupação é muito simples: os transtornos nascentes nesta fase da vida, repercutem e contribuem cumulativamente na fase adulta. E o impacto disso veremos na sociedade: possivelmente, um índice muito mais elevado de adultos com depressão, stress e sabe-se lá quais destes problemas irão impactar na saúde física também. Em tempos de debate da igualdade social, é importante salientar que os transtornos psicológicos nas crianças, causam mudanças no equilíbrio social, contribuindo para o aumento das desigualdades.

Medo, insegurança, insônia e irritação podem ser sinais emitidos pelas crianças de que algo não vai bem. É importante que nós pais possamos observar atentamente tudo isso jamais deixando passar qualquer pista negativa. Cada pai sabe a linguagem mais adequada de como lidar com isso; o importante é acolher, motivar e jamais permitir que prevaleça o negativo.

Também é importante que as lideranças tomem a frente em favor dos pequenos; que os líderes religiosos se preocupem em defender um retorno gradativo das crianças nas atividades comunitárias – sempre dentro das normas sanitárias; que as escolas permitam atividades em que haja – ainda que de leve – um contato das crianças e os professores. Chegamos no ponto em que videoconferências já não são mais suficientes para minimizar os efeitos do isolamento.

Discutir a saúde mental das crianças é oportuno e necessário. Cada família sabe sua prioridade, lembrando sempre que vivemos em um regime de liberdade e que, cada decisão, deve ser validada e ter seu impacto medido no seio familiar.

Em breve haverá vacina; a economia irá se reerguer; porém as chagas psicológicas de nossas crianças e adolescentes permanecerão. É urgente e necessário transformar esta demanda em oportunidade de prevenção e mudança de hábitos, promovendo a saúde mental das crianças.

Jorge Munhoz Jr é publicitário, casado, pai de 4 meninas

E-mail: [email protected]

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MAIS DE DEBATES

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

DESTAQUES

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MIX

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE