Debates
Covid-19, home office e o papel da liderança
Da Redação | 19 de junho de 2020 - 02:48
Por Carlos Peres
Por causa da pandemia da covid-19, alguns setores da
economia tiveram que parar. Com a eliminação quase por completa do contato
humano, houve um reaprendizado em como trabalhar e gerar riquezas. As empresas
que não puderam paralisar suas atividades, tiveram que se adaptar para que a
rotina continuasse a mais próxima do que era. Nesse momento, entra em ação a
tecnologia.
A PwC e a Strategy&, empresa do network PwC,
desenvolveram um estudo que aponta os efeitos da pandemia nos negócios.
“Covid-19: uma visão sobre os possíveis impactos e respostas para os negócios
no Brasil” mostra três cenários estimados para a pandemia no País (um com a
curva oscilando, mas controlada; outro, com o pico no início da pandemia; e o
terceiro com pico mais achatado), e em todos eles o home office está
presente.
O enviar e-mail, as conversas por mensagens instantâneas, os
grupos de contato, entre outros meios ganharam o reforço do webinar, das lives,
das teleconferências e do trabalho a distância. Não que esses meios não estivessem
presentes, mas, agora, se tornaram protagonistas do mercado de trabalho.
A pandemia antecipou o futuro do trabalho. Daqui a alguns
anos, o atual cenário, que rapidamente tomou conta do dia a dia de determinadas
empresas, iria se concretizar de qualquer forma. No entanto, sempre houve certo
“preconceito” quanto ao trabalho a distância, pois se questionava a
produtividade dos colaboradores. O atual momento mostra justamente o contrário,
e tudo isso graças à tecnologia.
Além disso, o trabalho remoto ampliou a forma de escolha dos
colaboradores. A organização não precisa limitar sua mão de obra a mesma cidade
ou estado que atua, ela pode ter colaboradores de alta capacidade
independentemente da localização geográfica.
Por outro lado, a crise da covid-19 trouxe preocupação para
todos os profissionais. É inegável o papel fundamental das pessoas numa
organização e, neste momento, elas estarão preocupadas com seus empregos e
seus futuros. A liderança precisará, então, comunicar-se de forma clara e
regular as medidas que estão tomando para proteger seus funcionários.
A tão falada ineficiência do home office, o “trabalho
de pijama”, inexiste com a tecnologia ao lado. E a liderança da empresa terá
times produtivos se tiver comunicação, para que as metas e os objetivos
continuem no foco do colaborador.
Com o home office, as residências dos colaboradores se
tornam parte da empresa. Nesse caso, a segurança cibernética é prioridade, seja
o computador pessoal ou corporativo, com necessidade de redobrar as atenções à
rede wi-fi, senhas, antivírus e e-mails. O Centro de Comando e Controle da PwC,
que monitora os riscos cibernéticos para empresas, apontou que o número de
ataques mais que dobrou nesse período de pandemia.
O novo coronavírus antecipou tendências do mundo do
trabalho, ao mesmo tempo em que rápida e abruptamente nos impôs uma nova
realidade. É indiscutível o importante papel da tecnologia, mas ela é somente
um dos elementos. O desafio principal não é saber utilizá-la ou adaptá-la às
novas necessidades, mas sim ter capacidade e ritmo adequado de reorganização
num ambiente de incertezas e de imposição das mudanças.
*Carlos Peres é sócio da PwC Brasil e líder da região Sul.