Cotidiano
HGU realiza cirurgia cerebral com paciente acordado
Procedimento, realizado pela primeira vez pelo HGU, é indicado para tratar lesões cerebrais em áreas próximas às de linguagem e motricidade
Da Redação | 11 de março de 2020 - 00:52
Procedimento, realizado pela primeira vez pelo HGU, é indicado para tratar lesões cerebrais em áreas próximas às de linguagem e motricidade
Na última semana, o Hospital Geral Unimed
(HGU), contou com a primeira craniotomia (cirurgia intracraniana) em um
paciente acordado.
De acordo com o neurocirurgião que liderou o
procedimento, Alexandre Rossatto Felix, esse tipo de cirurgia é indicado para
lesões em áreas cerebrais consideradas eloquentes, como motricidade e linguagem.
“O que foi determinante nesse caso também é que a cirurgia seria do lado
esquerdo, que geralmente é o lado dominante. Neste paciente, estavam reunidas
duas condições importantes: a lesão estava no lado esquerdo do cérebro e
próximo à área da fala”.
O procedimento contou com duas etapas, a
preparação do paciente e a cirurgia propriamente dita. Na primeira, o paciente
é totalmente sedado e fica desacordado até que a equipe de neurocirurgiões faça
o todo o processo de acesso ao cérebro. Depois dessa fase é que o paciente
permanece anestesiado para que continue não sentindo dor, mas com a sedação
controlada de forma que permaneça acordado.
O anestesiologista André Trentini explica que
essa modalidade contribui para melhorar resultados no tratamento de lesões
vasculares, tumores ou focos epiléticos, minimizando as sequelas. “É um desafio
garantir a segurança e conforto do paciente durante a cirurgia. Felizmente, em
pacientes com perfil compatível ao tipo de cirurgia, orientados e treinados,
contamos com técnicas e medicamentos que nos permitem alcançar esses objetivos”.
Durante todo o período em que o paciente está
consciente, são feitos testes de estímulos, que identificam as áreas motora e
de linguagem para auxiliar o cirurgião a chegar ao local da lesão sem
comprometer essas funções.
Segundo o neurofisiologista Romero de Castro,
são realizadas interações com o paciente para que ele descreva figuras, imagens
enquanto as funções são monitoradas. “A linguagem não é só a palavra. Existe
toda uma área da fala responsável também pela análise, pela parte semântica,
pela interpretação das figuras que estão sendo mostradas. Tem que conversar com
o paciente sobre a dinâmica diária dele, a profissão, os hobbies, para favorecer
a interação”.
Ao todo, a cirurgia durou cerca de seis horas.
Felix ressalta que “por ser uma área muito nobre, precisa tomar um cuidado
muito especial, não pode haver nenhum tipo de lesão vascular que possa
comprometer outras áreas do cérebro. O processo de preparação e a cirurgia em
si são processos diferentes e ambos demorados”, comenta Felix.
Por se tratar de uma cirurgia com alta
complexidade, o neurocirurgião destaca que realização desse tipo de
procedimento vai além da técnica utilizada. “Requer uma integração da equipe
como um todo, que deve estar afinada e o ambiente tem que estar preparado e
equipado para atender possíveis intercorrências. Tem que contar com os melhores
equipamentos, todo o material neurocirúrgico de boa qualidade e ter estrutura
pra cuidar no pós-operatório também, com uma unidade de terapia intensiva
experiente”, finaliza.
A equipe médica que realizou a cirurgia foi composta pelos neurocirurgiões Alexandre Rossatto Felix e Leonardo Welling; o neurofisiologista Romero de Castro; o anestesiologista André Trentini; a fisioterapeuta Melissa Harsanyi; além da instrumentadora Claricinda Neves Pinto; enfermeiros e técnicos de enfermagem.
As informações são da assessoria de imprensa