Árbitros de PG contam sobre 'perrengues' nos gramados | aRede
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Árbitros de PG contam sobre 'perrengues' nos gramados

Os árbitros falam sobre a vontade de se tornar profissional e situações difíceis que enfrentaram nos gramados.

Fernando Voinarovicz, de 29 anos, optou pela profissão ainda quando era estagiário de uma academia
Fernando Voinarovicz, de 29 anos, optou pela profissão ainda quando era estagiário de uma academia -

Milena Batista e Fabrizio Reusing/UniSecal

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Os árbitros falam sobre a vontade de se tornar profissional e situações difíceis que enfrentaram nos gramados

Luís Marcelo Casagrande, de 50 anos, é natural da cidade de Itararé (SP) e trabalha como administrador de empresas. Quando não está no escritório, trabalhando, ele é árbitro presidente da Associação de Representantes de Árbitros de Ponta Grossa, sendo o encarregado de fazer a escala dos campeonatos amadores, e de alguns clubes privados da cidade. “Fora isso, eu também fui analista de arbitragem da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), ou seja, eu analisava os árbitros que trabalham em jogos profissionais”, completa.

Segundo ele, o interesse em atuar como árbitro, surgiu por volta dos 24 e 25 anos. “Eu jogava futebol e, quando faltava um árbitro, eu apitava jogos amadores, apenas por brincadeira, mas acabei gostando. Surgiu, então, o interesse de me profissionalizar como árbitro”, afirma.

Já o profissional de educação física, Fernando Voinarovicz, de 29 anos, optou pela profissão ainda quando era estagiário de uma academia e conheceu o “mentor”, Luís Marcelo Casagrande. “Eu o ajudava nos treinamentos e, certo dia, ele comentou que iria ministrar um curso de arbitragem, pela Associação de Representantes e Árbitros de Ponta Grossa (ARAPG)”. Após realizar o curso Fernando atuou como árbitro em Ponta Grossa, sua cidade natal, e iniciou seu segundo curso, dessa vez na Federação Paranaense de Futebol.

Outro árbitro ponta-grossense é o Thiago Savio Inglês da Luz, que tem 21 anos e trabalha como vendedor, além de ser estudante. Ele conta que, em 2018, realizou um curso básico de formação de árbitros de futsal ofertado pelo departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa em 2018. “Ali despertou minha paixão pela arbitragem”.

Leandro Polli Glugoski, 33 anos, é policial militar. Nele, o interesse, em arbitragem, surgiu em 2008. “Quando iniciei Educação Física, na UEPG, fiz um curso da Liga de Futebol de Ponta Grossa – LFPG. Aí, foi um caminho sem volta. Dessa forma, iniciei em jogos amadores, aqui em Ponta Grossa. No ano de 2010 fiz o curso da Federação Paranaense. De 2010 pra cá passo por qualificações anuais na FPF e CBF”, conta Glugoski.

Situações complicadas

Os quatro árbitros já passaram por muitas situações inusitadas e mesmo de violência dentro dos gramados. Casagrande, por exemplo, já foi vítima de agressões. “Uma das mais graves ocorridas, foi quando eu estava apitando um jogo amador, na cidade de Irati, no qual fui agredido. Precisei ir de Siate ao hospital e fiquei desacordado após a agressão. Já no campeonato profissional, o problema mais grave acontecido, foi quando o dirigente de uma equipe da cidade de Curitiba invadiu o campo no intervalo do jogo e tentou agredir a arbitragem. Porém, não houve fatos maiores, a não ser a realização de uma ocorrência policial e o julgamento na Justiça Desportiva de Futebol pela Federação Paranaense de Futebol”, lembra.

Com o Thiago, a violência também foi algo negativo. “Sem dúvidas, a situação mais constrangedora que passei, foi uma agressão que sofri em dezembro de 2019. Na ocasião, estava arbitrando um torneio de vila e, no jogo que determinaria o campeão, faltando pouco tempo para acabar, um atleta reclamou acintosamente e desferiu palavras de cunho ofensivo a minha pessoa. Quando o puni com cartão amarelo o mesmo desferiu uma cabeçada na minha face. Jurei nunca mais aceitar ofertas de trabalho parecidas”, comenta. Segundo o árbitro, a família acha a profissão arriscada, por conta da violência. Porém, conseguem entender o potencial na tentativa de seguir carreira.

No caso do Fernando, ele precisou ajudar a socorrer um jogador. “Certa vez em uma partida de futebol amador de Ponta Grossa, em um jogo com bastante chuva, infelizmente, um jogador quebrou o pé em um contato com o adversário. Precisou ser retirado de ambulância e foi minha primeira situação de emergência”, relatou. Outro assunto que Fernando lembra são os xingamentos, mas, no caso dele, a família o apoia muito. “Digo para eles: não liguem para os ‘elogios’”.

Glugoski, não sofreu agressões, talvez pela profissão de policial, ou, porque não pegou um jogo mais tenso, mas, ele lamenta o que ocorre com alguns colegas. “Existem alguns momentos, nos quais atletas, dirigentes, torcedores se deixam levar pelas emoções, e extrapolam suas razões, partindo para a ignorância. Eu, nunca fui agredido fisicamente, mas é algo triste de ver acontecer com amigos de trabalho. Principalmente em partidas amadoras, a falta de segurança é algo que facilita atitudes de pessoas ignorantes”.

Para Gugloski, a maior responsabilidade de um árbitro, é legitimar o resultado, atuar sem interferências, aplicando a regra em seu espírito e essência. “Trabalhamos com emoções e, precisamos ser o medidor, dessas emoções; conflitos. Apito, bandeiras e cartões, são os controladores do termômetro, em campo assim como nas arquibancadas. Nossa atuação envolve muitos fatores, sejam físicos, técnicos, emocionais ou sociais”.

VAR

Os árbitros também opinaram sobre o VAR. “Eu acho louvável, porque ele diminui muito as falhas da arbitragem. Erros de arbitragem existiram, existem e continuarão existindo, pois, é apenas um ser humano olhando 22 atletas, dentro de campo, e ainda controlando banco de reservas, dirigentes e técnicos. É uma pessoa, que tem dois ou três segundos para tomar uma decisão. Falhas acontecem. Às vezes, o árbitro não está na posição correta naquele instante, e o VAR vem para suprir essa falha; vem auxiliar a arbitragem”, comenta Casagrande.

Quando questionado sobre a possibilidade de, no futuro, os árbitros serem substituídos por tecnologias, Casagrande tem suas dúvidas. “Esse trabalho já vem sendo feito há muitos anos e não tem dado certo. Como os chips dentro das bolas, sensores e tudo mais. Sempre precisará de um árbitro por trás de toda a tecnologia, para a tomada da decisão. E eu acredito que, o futebol é polêmico e continuará sendo. Se virasse uma coisa muito robotizada, ficaria sem graça. Hoje, o espetáculo é isso: ‘foi pênalti ou não foi’, ‘ele caiu dentro ou fora da área’... Essa emoção precisa continuar”.

Ainda de acordo com Casagrande, a maior responsabilidade de um árbitro, dentro de campo, é acertar tudo, fazer um bom trabalho e ser o mais discreto possível. “Quando o árbitro não é visto, significa que ele foi bem. Quando o árbitro é muito visto, significa que alguma coisa está errada, porque quem precisa aparecer, são os jogadores, assim como o espetáculo que é o futebol”, conclui.

Na visão de Fernando, a tecnologia veio para auxiliar tanto a arbitragem quanto as equipes, e os árbitros não serão substituídos pela tecnologia, pois, ela apenas auxiliará nos lances cruciais da partida. Fernando também deixou sua opinião sobre a responsabilidade do árbitro em uma partida: “Ter o domínio do jogo, ficar atento e bem posicionado para não perder nenhum lance, não atrapalhar jogadas ou perder alguma dividida, caso isso aconteça, podemos perder o controle do jogo”.

O Thiago também gosta do VAR. “Na minha visão, a tecnologia veio para contribuir com a realização do espetáculo esportivo, sobretudo na tentativa de garantir mais justiça nos resultados das partidas. No futuro, não vejo substituição dos árbitros por tecnologia, visto que, nossa função não é apenas cumprir as regras do jogo, também envolvem diversos outros fatores: como a garantia do espírito esportivo, razão em detrimento da emoção, controle, disciplina e conduta. Nesse sentido, a tecnologia potencializa as valências inerentes do árbitro”. 

Glugoski também acredita que, a tecnologia, é algo que vem para somar. “Críticas e reclamações, sempre existirão, já que o futebol é um esporte de massa, e muitos lances são de interpretações. Agora, a substituição dos árbitros, pelas máquinas, creio que seja difícil de acontecer. Homem e máquina, na arbitragem do futebol são complementos”, finaliza.

Todos os árbitros da matéria passaram e passam por cursos intensos de qualificação profissional, tanto pela CBF quanto pela Federação de Futebol do Paraná.

Por Milena Batista e Fabrizio Reusing, sob supervisão de Helton Costa. Esta notícia faz parte do projeto de fortalecimento do Jornalismo Regional, do curso de Jornalismo da UniSecal em parceria com o Portal aRede/Jornal da Manhã.

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