Reportagem especial destaca modelo Hyundai ix35

Desde quando chegou no Brasil, em 2010, o ix35 foi um sucesso de vendas e se destacou na liderança ou como o segundo veículo mais vendido na sua categoria, a de SUV médio. O modelo sempre se caracterizou como precursor da linguagem de design “Escultura Fluida” da Hyundai.

No segundo semestre do ano passado, o modelo foi repaginado e ganhou alguns traços do Novo Tucson, disponibilizado à venda nos Estados Unidos e na Europa em 2015. O visual ficou mais moderno e o carro ganhou mais classe. Antes importado, o ix35 é atualmente produzido no Brasil, na unidade montadora da Caoa, fábrica localizada em Anápolis, Goiás. A unidade recebeu o aporte de R$ 600 milhões em 2013 para o início da produção desse utilitário no país.

Agora, o modelo conta com três versões, com preços que iniciam em R$ 99.990 na ‘básica’ e R$ 122.990 na mais completa, a ‘top’. A versão testada pelo JM é a intermediária, comercializada a R$ 109.990.

A reportagem avaliou as mudanças e faz uma análise completa para mostrar a reação custo/benefício do badalado utilitário da montadora coreana.

Modelo amplia liderança nas vendas no Brasil
O ix35 é o sexto SUV mais vendido no país, de acordo com o ranking da Fenabrave, que engloba todos os utilitários comercializados no Brasil. Em sua categoria (SUV médio), é o primeiro colocado. Mesmo em um mercado mais amplo, comparando com os líderes, que pertencem à categoria de SUV’s compactos, todos com versões mais baratas, (Honda HR-V, Jeep Renegade, Ford Ecosport, Renault Duster e Chevrolet Tracker), o Hyundai ix35 detém mais de 3,5% do mercado neste início de ano, com 1.472 unidades vendidas. Seu concorrente mais próximo, o Mitsubishi ASX, vendeu pouco mais da metade disso, 791 unidades, enquanto que o Sportage, da Kia, 659.

Em relação ao mesmo período do ano passado, em que o ASX vendeu pouca coisa menos que o Hyundai, e tanto o Sportage quanto o Toyota Rav4 tinham emplacado mais da metade das vendas do ‘ix’. Esses números deste ano mostram que a revitalização fez bem ao modelo, que o fez se destacar e ganhar maior participação de mercado em relação aos rivais. Desde que lançado, ele sempre se destacou nas vendas em sua categoria.

O QUE MUDOU
>> Dianteira é redesenhada e ganha imponência
As maiores mudanças para a versão 2016 ficaram na dianteira. O pára-choque ganhou novo desenho, mais agressivo e anguloso, conferindo um visual de mais imponência para o modelo. A grade adotou o novo padrão da Hyundai, no formato hexagonal, com a proeminente grade com três filetes foscos. Os faróis dianteiros foram redesenhados e ganharam uma bela linha de led na parte superior. Os de neblina também ganhou novo formato, assim como seus nichos. Na traseira, a lanterna foi modificada e ganhou led na versão top. As rodas são novas, exibindo um requinte extra. Mecanicamente houve uma pequena alteração no motor, que foi reprogramado para emitir menor quantidade de poluentes. Ainda flex, o 2,0l de 16 válvulas agora desenvolve 167 cavalos no etanol e 157 na gasolina.

Posição de dirigir é privilegiada

Modelo se diferencia de outros veículos por detalhes e características próprias. Carro é muito espaçoso e bastante confortável

A impressão inicial, ao analisar as novas linhas dianteiras, é de que o ix35, realmente é um novo carro. Ganhou traços mais refinados, com mais requinte; dá a impressão de ter maior porte. Ao pegar a chave do carro, em forma de controle remoto, é fácil de abrir o carro; é visual os comandos de destravamento das portas. Aí, quando o corpo toma o confortável assento, parcialmente revestido em couro, a surpresa: cadê o botão para acionar a chave? É neste momento que você nota que não temos uma chave canivete. A lateral da coluna da direção não tem nenhum tambor para girar. O segredo é que a partida é acionada por um botão. Para ligar o propulsor, basta pressionar o botão “engine start/stop”, no painel. É um charme que lhe deixa mal-acostumado, depois, ao retornar para um carro com chaves. E claro: não se esqueça de pressionar o pedal do freio para conseguir ligar.

A embreagem é um pedal inexiste no ix35. Em qualquer versão. Depois do carro ligado, aciona a refinada manopla do câmbio automático, traz a alavanca para trás, e a desliza com precisão para o Drive: é hora de soltar o carro. Leva a mão em direção ao centro do túnel central para puxar o freio de mão e... surpresa: nenhuma alavanca. Como um utilitário, o acionamento e respectiva liberação são feitas pelo pé, no canto esquerdo, na lateral do descanso tradicional nos automáticos.

Fazer test drive com um ix35 é entregar o ouro ao ladrão: é um carro que conquista quem está conduzindo em apenas 500 metros. A posição de dirigir, o conforto e a segurança que o carro transmite, a força do motor, são perceptíveis já de imediato. Perceptível também a grande atenção e observação por motoristas de sedãs como Corollas e Civics, que podem vislumbrar no ix35 um ‘próximo carro’.

SUV agrada na cidade

O ix35 não esconde que é um utilitário, um carro alto. Mas quem observa não imagina que a posição de dirigir é tão alta. O banco é bem elevado e impressiona o fato de conseguir ver o teto de alguns carros ao parar em um semáforo. A impressão que dá é que se está numa picape grande, num carro ainda mais alto.

Ao mesmo tempo, porém, ao dirigi-lo, se tem a sensação de um sedã. O painel continua moderno, com um desenho distinto de alguns veículos do setor que parecem de caminhonete ou são mais rústicos. É de plástico rígido, mas bem acabado. Pelo incrível que pareça é um automóvel ágil para a cidade. É notável, aliás, sua vocação urbana - até mesmo pela ausência da opção de tração integral. Em estradas de terra, porém, não decepciona e se sobressai em relação a carros menores, já que possui uma altura livre do solo de 170mm, calçado pelos grandes pneus Kumho, aro 18 de perfil 55.

Direção e comportamento

O volante possui um acabamento muito bonito, com detalhes na cor cinza. A versão avaliada possui três tipos de comando: os da esquerda para controlar o sistema de áudio e mídia, o grupo da direita para controlar o piloto automático (cruise control, que é útil demais nas estradas, que mantém a velocidade estipulada pelo condutor), e, no canto inferior esquerdo, comandos para receber ou recusar uma chamada de celular via bluetooth. Na versão top, ele é revestido em couro.

A direção desse SUV é elétrica progressiva, que oferece ao motorista a facilidade nas manobras com o carro em baixas velocidades, ficando bastante leve; e também em velocidades mais altas, onde se torna um pouco mais firme. A resposta aos comandos de direção no volante são igualmente precisas em qualquer velocidade.

Nas estradas mais sinuosas, ele também é um carro muito amigável. Os pneus começam a avisar quando chegam próximo ao limite de aderência nas curvas, ainda com 100% de controle. Ou seja, é um carro que te mostra até onde se pode ir com segurança. A suspensão independente também é um fator grande diferencial, um grande trunfo, que proporciona grande estabilidade ao carro em qualquer tipo de condição.

Familiar

O carro é muito generoso, também, para toda a família. Confortável não só para o passageiro do banco da frente, quem viaja atrás tem um grande espaço. Além da distância privilegiada em relação aos bancos dianteiros, os passageiros contam com a canalização do ar condicionado. E mais: o porta-malas é muito espaçoso. Desbanca o de qualquer sedã médio ou grande. São generosos 728 litros que cabem atrás dos bancos, segundo os dados da montadora. Se eles forem rebatidos, então, esse volume sobe para inacreditáveis quase 3 mil litros. São características que podem chamar a atenção de quem busca um sedã ou minivan para a família e sequer cogitou a possibilidade de um SUV médio como o ix35.

Suspensão

A calibragem dos amortecedores (pressurizados a gás de dupla ação), somada com as grandes rodas aro 18, que possuem pneus com um perfil bastante alto, formam uma combinação perfeita para o trânsito urbano. Ainda mais em uma cidade como Ponta Grossa, antiga, que possui muitas ruas com paralelepípedos. Pedras as quais só vê quem repara: o conjunto absorve tudo muito bem e faz parecer esse piso irregular praticamente um tapete. Mesmo um asfalto mais irregular, cheio de remendos, como é o caso da Avenida Carlos Cavalcanti na faixa da direta para quem vai sentido centro/bairro, as imperfeições se tornam praticamente imperceptível. É um tipo de conforto que só um carro desse porte ou maior pode proporcionar.

Outros elementos que o ix35 faz a transposição muito bem são redutores de velocidade, sejam tachões ou as ‘tartarugas’, que são sentidos com menos intensidade que em carros menores. Os famosos ‘quebra molas’ passam quase invisíveis.

Motor é forte e combina com o câmbio

A potência aparenta ser a ideal para o carro, para seu projeto. Oferece o que se espera para um carro desse porte e dessa categoria. O motor faz uma boa dupla com a transmissão automática de 6 marchas, a qual não é nada preguiçosa. Quanto se exige potência, ao afundar o pedal da direta no assoalho, o câmbio retribui ao reduzir rapidamente uma, duas, até três marchas, de 6ª para 3ª. O cambio extrai cada cavalo do motor, ao fazê-lo trabalhar em altas rotações, entre os 5 e 6,5 mil giros, para entregar o máximo desempenho exigido pelo motorista. O ronco em altas rotações agrada os mais viciados em automóveis, emitindo um ruído mais agudo que grave. Até há a opção de trocas manuais, no formato sequencial, ao puxar a alavanca para a esquerda quando no ‘drive’ (movendo para frente para subir marcha e para trás para reduzir), mas que é totalmente dispensável - mesmo para quem reclama dos automáticos e gosta de ‘cambiar’ um manual.

No trânsito urbano, quando parte da imobilidade, a inércia aparece na arrancada - o que é absolutamente normal e esperado para um veículo dessas dimensões, já que falamos de um carro de 1,5 tonelada, cujo centro de gravidade é mais elevado. Mas, depois, o propulsor dá conta do recado. Trechos em subida, como da Avenida Visconde de Taunay, não oferecem nenhum esforço. Mantém velocidade mesmo com levíssima pressão no acelerador e o velocímetro pode subir muito rápido se pisar fundo.

Na estrada ele demonstra toda sua força. Em conversa com uma atual proprietária de um ix35, esse foi o principal elogio dela: ser um carro bom de viajar, com um motor forte, que facilita nas ultrapassagens. Quando exigido em retas ou aclives, trabalhando em alta rotação, a velocidade sobe mais rápido que diversos sedãs médios do mercado. No limite de velocidade da estrada, a 110 km/h, a posição elevada de dirigir, o acerto de suspensão e a excelente vedação acústica, transmitem muita segurança. Parece que o carro está bem mais lento e traz a sensação de que o condutor poderia ir mais rápido com total tranquilidade - agora é possível entender por que esses utilitários passam em velocidades mais altas pela faixa da esquerda, mesmo você estando próximo ao limite de velocidade da rodovia, na faixa direita.

Em relação ao consumo, apesar do computador de bordo não indicar a autonomia ou consumo instantâneo, o modelo obteve selo ‘A’ na classificação do Inmetro, capaz de percorrer, com etanol, 6,1 km/l na cidade e 7,3 km/l na estrada; enquanto que, com gasolina, 8,8 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada.

Conforto e tecnologia