CPMI do INSS mira Leila Pereira por suspeitas de fraudes da Crefisa | aRede
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CPMI do INSS mira Leila Pereira por suspeitas de fraudes da Crefisa

Quatro deputados apresentaram requerimento para convocar a presidente da instituição financeira e do Palmeiras

Parlamentares cobram explicações da presidente da Crefisa e do Palmeiras, Leila Pereira
Parlamentares cobram explicações da presidente da Crefisa e do Palmeiras, Leila Pereira -

Publicado por Lucas Veloso

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A presidente do Palmeiras e da Crefisa, Leila Pereira, virou alvo de integrantes da CPMI do INSS, que investiga fraudes, abusos e irregularidades em contratos e operações financeiras ligadas ao pagamento de benefícios previdenciários. Pelo menos quatro requerimentos apresentados por diferentes parlamentares pedem sua convocação para depor como testemunha.

Os pedidos foram apresentados pelos deputados Delegado Fabio Costa (PP-AL), Sidney Leite (PSD-AM), Evair Vieira de Melo (PP-ES) e pelo senador Marcos Rogério (PL-RO). Todos apontam fortes indícios de irregularidades na atuação da Crefisa junto a aposentados e pensionistas e consideram "imprescindível" que a empresária seja ouvida pela comissão.

Por que a CPMI quer ouvir Leila Pereira

A Crefisa está no centro de uma série de denúncias de abusos em empréstimos consignados e de irregularidades em contratos bilionários com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Em abril deste ano, a empresa venceu 25 dos 26 lotes do leilão para administrar a folha de pagamento de benefícios do INSS, num contrato estimado em R$ 12 bilhões entre 2025 e 2029, superando grandes bancos como Itaú e Bradesco. Meses depois, o INSS suspendeu cautelarmente os contratos, após o aumento expressivo de reclamações de beneficiários e denúncias de práticas abusivas.

Os relatos indicam a concessão de empréstimos sem autorização dos aposentados, venda casada de produtos, cobranças abusivas, taxas impagáveis e atrasos no pagamento de benefícios. Segundo a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), as queixas contra a instituição dobraram entre 2024 e 2025, levando o INSS a suspender parte dos contratos.

O que dizem os autores dos requerimentos:

Delegado Fabio Costa (PP-AL): "Não são falhas pontuais, são irregularidades sistêmicas"

No requerimento mais extenso entre os apresentados, o deputado Delegado Fabio Costa afirma que a Crefisa "se tornou peça central no sistema de repasses da Previdência Social" ao assumir quase toda a folha de pagamento, e que os problemas registrados "não se tratam de falhas pontuais, mas de irregularidades sistêmicas".

"Há relatos de aposentados e pensionistas que ficaram sem receber seus proventos, sofreram coação para abrir contas e enfrentaram filas imensas e falta de estrutura. São falhas que colocaram em risco o direito fundamental de milhões de brasileiros de receber seus benefícios de forma regular e digna", escreveu o parlamentar.

Fabio Costa diz que a oitiva da empresária é "essencial para o completo esclarecimento dos fatos" e que cabe à CPMI investigar "se a Crefisa se beneficiou, por ação ou omissão, de práticas lesivas aos segurados".

"Queremos saber quais medidas foram adotadas pela presidência da Crefisa diante das denúncias, que mecanismos internos de controle existem e se houve conivência com fraudes. É um dever com os aposentados do Brasil", justificou o deputado.

Marcos Rogério (PL-RO): "É preciso garantir transparência e controle público"

O senador Marcos Rogério destacou que a vitória da Crefisa em praticamente todos os lotes do leilão do INSS "surpreendeu o mercado financeiro", uma vez que a instituição não tem o mesmo porte nem a estrutura de bancos tradicionais.

"A Crefisa superou gigantes como Itaú e Bradesco num contrato de R$ 12 bilhões. Isso, por si só, já exigiria explicações. Quando surgem denúncias de coação de aposentados, venda casada e atraso de pagamentos, a necessidade de ouvir sua presidente se torna incontornável", afirmou.

Para o senador, a convocação de Leila Pereira é "imprescindível para assegurar transparência, controle público e eventual responsabilização dos agentes envolvidos".

"É uma operação que movimenta bilhões de reais de recursos públicos e atinge diretamente milhões de beneficiários do INSS. Não há espaço para dúvidas ou falta de clareza", acrescentou Marcos Rogério.

Sidney Leite (PSD-AM): "Há indícios graves de fraudes e vendas casadas"

O deputado Sidney Leite cita informações da Defensoria Pública da União e da Controladoria-Geral da União (CGU) que apontam irregularidades em empréstimos consignados realizados com aposentados e pensionistas.

"Recebemos relatos de que aposentados estão sendo vítimas de fraudes em empréstimos, muitas vezes sem sequer terem solicitado crédito. Há também denúncias de vendas casadas, nas quais produtos financeiros são impostos sem autorização", argumenta.

Ele lembra que, em audiência anterior, o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi confirmou a existência dessas práticas, o que reforça a necessidade de ouvir a empresária.

"Se a presidente da instituição financeira não tem conhecimento do que ocorre dentro da empresa que dirige, isso já é grave. Se tem e nada fez, é ainda mais grave. Por isso, sua convocação é necessária para que esta CPMI possa avançar", concluiu o parlamentar.

Evair Vieira de Melo (PP-ES): "Casos concretos mostram o tamanho do problema"

No requerimento mais recente, o deputado Evair Vieira de Melo cita casos específicos de aposentados lesados, como o do comerciante aposentado Mohamed Farou, que teria recebido um empréstimo de R$ 4,3 mil sem solicitação e foi compelido a pagar 12 parcelas de R$ 914.

"Relatos como o de Farou e de seu primo, Khaled Ahmad, reforçam a hipótese de práticas sistemáticas lesivas aos aposentados e pensionistas. Não são casos isolados, são sintomas de um problema maior", escreveu o deputado.

Ele destacou ainda que as reclamações contra a Crefisa praticamente dobraram entre 2024 e 2025, segundo dados da Senacon, e que a instituição já teve contratos suspensos pelo INSS por irregularidades.

"A convocação da Sra. Leila Pereira reveste-se de caráter imprescindível para os trabalhos desta CPMI. Precisamos saber o que a Crefisa fez - ou deixou de fazer - diante das denúncias que atingem milhões de brasileiros de baixa renda", defendeu.

O que está em jogo

Os parlamentares veem a oitiva de Leila Pereira como um ponto-chave para o avanço das investigações. A CPMI busca esclarecer como a Crefisa foi escolhida para gerir uma fatia tão grande da folha de benefícios do INSS e qual o grau de responsabilidade da empresa nas falhas e fraudes relatadas.

Entre os pontos que devem ser abordados no depoimento da empresária estão:

- As condições de operação da Crefisa após vencer o leilão;

- Os mecanismos internos de prevenção de fraudes;

- E as ações tomadas diante das denúncias de abusos contra aposentados.

Os autores dos requerimentos também defendem que o caso sirva para propor mudanças na regulação do crédito consignado e na gestão da folha do INSS, a fim de evitar a repetição das irregularidades. "O que está em jogo aqui não é apenas um contrato, mas a confiança de milhões de aposentados que dependem desses pagamentos para sobreviver", resumiu Fabio Costa.

Os requerimentos de convocação ainda serão votados pela CPMI. Se aprovados, Leila Pereira será intimada a comparecer e obrigada a depor como testemunha. Enquanto isso, a Crefisa segue sob investigação administrativa, com contratos parcialmente suspensos pelo INSS.

Crefisa nega irregularidades

A Crefisa negou qualquer irregularidade nas operações sob investigação da CPMI do INSS e afirmou que "nenhum contrato é feito sem autorização do cliente". A empresa disse ter recebido "com surpresa" a decisão do INSS de suspender o contrato para pagamento de novos benefícios e destacou que "cumpre rigorosamente todas as exigências legais e contratuais". A instituição também afirmou que a taxa proporcional de reclamações é inferior a 1%, número que, segundo ela, demonstra a regularidade de suas operações. A Crefisa sustenta ainda que não há coação para abertura de contas nem venda casada de produtos, informando que menos de 5% dos beneficiários abriram conta corrente na instituição.

A empresa alega que tem investido mais de R$ 1 bilhão em tecnologia e modernização para aprimorar os serviços e garantir o bom funcionamento do sistema de pagamentos. Já o INSS justificou a suspensão dos contratos com a Crefisa com base em denúncias de coação de beneficiários, venda casada de produtos, dificuldades e atrasos no recebimento dos benefícios, falta de estrutura nas agências e até portabilidade não autorizada. Segundo o órgão, as medidas foram adotadas de forma preventiva, diante do volume de reclamações e do risco de prejuízo aos aposentados e pensionistas.

Com informações de: Congresso em Foco.

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