Termina 1º dia de julgamento de Daniel Alves; veja detalhes
Ao todo, serão três dias de julgamento. A defesa da suposta vítima pede que ele seja condenado a 12 anos de prisão
Publicado: 05/02/2024, 18:16
Preso preventivamente após ser acusado de estupro contra uma mulher de 23 anos, em uma boate em Barcelona, na Espanha, no final de 2022, o lateral Daniel Alves começou a ser julgado nesta segunda-feira (5). Serão três dias de depoimentos perante o Tribunal Provincial de Barcelona.
Nesta segunda foram ouvidos a suposta vítima, além de testemunhas, como uma amiga da mulher que o denunciou e uma prima. Representantes do Ministério Público, da acusação e defesa do atleta também devem falar nesta sessão, que começou às 6h30 (horário de Brasília). Alves deve falar somente no último dia.
De acordo com o jornal La Vanguadia, a mãe do jogador chegou um pouco antes do julgamento começar. Enquanto isso, ele aguardava no subsolo do tribunal. Por volta das 6h30, ele foi levado até a corte, o que deu início à sessão, o que significa que não houve acordo entre as partes.
A advogada de Alves, Inés Guardiola, denuncia que seu cliente teve seu direito de defesa violado, pois houve uma investigação de 15 dias "unilateral", e sem o conhecimento do jogador. “Ele foi vítima de inquérito policial sem o conhecimento do cidadão e sem possibilidade de se defender”, declarou.
A defesa também ressaltou que tivesse sido informada da denúncia desde o início, poderia ter sido realizado o teste do bafômetro. A representante também exigiu a suspensão do julgamento oral considerando que o juiz de instrução não aceitou que um segundo perito examinasse a vítima.
Inés também apreesentou mais de 450 extratos “que comprovam vazamentos com informações parciais que levam à condenação” de seu cliente. "O juiz de instrução foi contaminado pela imprensa e deve levar à anulação e à liberdade", que ele só teria sido ouvido pela corte duas vezes, e não cinco, como foi veiculado. Ela também argumenta que foi publicado que Joana Sanz, esposa do atleta, pediu o divórcio e “nunca foi assim”.
Diante das falas da advogada, o procurador de Barcelona censurou que a defesa de Alves tenha relatado ter sofrido “um julgamento paralelo” e lembra que “a atitude da vítima foi criticada e a sua imagem chegou mesmo a ser divulgada”.
VERSÃO DA VÍTIMA - Um biombo foi instalado como uma medida de proteção para a vítima, para que ela não tivesse contato com o jogador. Ela depôs por cerca de 1h15, e relatou que estava com um grupo de amigos no local, quando eles foram convidados para uma área VIP da boate, e um garçom os levou até a mesa em que estava o jogador. A jovem alega que não o reconheceu, e que o grupo que estava com ele o apresentou.
A jovem contou também que os dois dançaram juntos, até que Daniel Alves "levou várias vezes a mão dela até seu pênis, que ela retirou assustada", e depois, ele pediu à ela para segui-lo até uma porta, momento em que ela se deu conta de que era um banheiro.
Ela ainda alega que tentou sair, mas foi impedida. O brasileiro a teria penetrado com violência, até ejacular. Após o abuso, ele teria deixado o banheiro primeiro. Ao sair do local, ela contou à uma amiga, e a segurança da boate foi informada, mas o lateral já havia deixado a casa noturna. Ela foi encaminhada a um hospital e dois dias depois, fez a denúncia à polícia. Os exames encontraram o DNA de Daniel Alves.
TESTEMUNHAS - Na sequência, uma amiga da vítima, identificada como Ana Matallana, foi ouvida. Ela disse que viu o jogador se aproximando da denunciante, “com a mesma atitude pegajosa” com que ele teria se aproximado dela. Ela relata ainda que viu a amiga tensa, e percebeu o momento em que os dois foram até uma porta, mas depois, os perdeu de vista.
Ana chorava muito, e também relatou que a vítima não quis fazer a denúncia, por medo que ninguém acreditasse nela, mas foi convencida pela amiga. "Não confia mais em ninguém", disse a jovem ao mencionar que a vida da denunciante mudou.
Ainda em depoimento, ela declarou que logo após o ocorrido, ela não soube detalhadamente o que ocorreu, mas como sim como ficou com um ferimento no joelho, quando Daniel Alves supostamente a jogou no chão. O ferimento também foi declarado na denúncia.
Inés questionou Ana sobre a foto que mostra o ferimento dos joelhos da amiga, tirada por ela, que responde não lembrar se é a mesma imagem entregue à polícia.
A jovem lembrou que a vítima saiu do local dizendo: “Ele me machucou muito, ele me machucou muito". O mesmo foi ratificado pela prima da denunciante, que também estava na boate.
"Perguntei a ela se ela estava bem e se ela queria que a gente fosse embora, e ela me disse que precisava ir embora. Saímos de lá e eu escrevi para minha amiga dizendo que ela precisava ir embora. Ela apenas me disse que ele a machucou muito, e que tinha ejaculado dentro dela”.
Um segurança também foi ouvido, e afirmou que a reclamante estava chorando muito e dizendo aos amigos que o jogador lhe tinha feito “muito mal”, mas resistiu em denunciá-lo. Ele disse que ela parecia estar “muito nervosa” e “sofrendo”.
Um dos garçons da boate contou que um amigo dele foi quem atendeu Daniel Alves primeiramente naquela noite. Outro garçom disse que o jogador era um cliente habitual da casa noturna, e sabia que existia uma suíte dentro da área VIP.
PRISÃO - A Justiça espanhola ordenou a prisão do atleta depois de ouvir depoimentos contraditórios do brasileiro. Ao longo da investigação, o ex-Barcelona apresentou diferentes versões sobre o caso. Na última delas, admitiu que teve relações sexuais com a acusadora, mas afirmou que isso aconteceu de forma consensual.
Inicialmente, Daniel Alves foi preso no Centro Penitenciário Brians I, mas foi transferido para o Brians II três dias depois da detenção. A cadeia fica localizada no município Sant Esteve Sesrovires, a 40 km de Barcelona. O lateral trocou de representantes durante a investigação - o advogado que defendia o brasileiro alegou que o caso "estava perdido". A juíza do caso entende que o processo tem provas suficientes para a condenação do jogador.
Com informações: Terra.