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Coluna MSN: Os muitos Antônios

“A gratificante vocação de ser gente boa”

Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa
Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa -

Da Redação

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Meu filho teve que escrever um texto na escola sobre algo no qual ele fosse bom. Pensou um pouco e concluiu que sua grande habilidade é para o relacionamento com as pessoas. Aos 15 anos, ele tem um olhar certeiro sobre si mesmo. De fato, embora quieto, é uma pessoa que consegue conquistar amizades de uma forma quase instantânea.

Quando moramos em Braga, ele estudou em uma escola de período integral, o que o obrigava a almoçar no refeitório, onde o cardápio não fugia muito das várias opções de bacalhau. Como ele não é um apreciador deste prato lusitano, protestou nos primeiros dias. 

Entendemos que, cessadas as reclamações, ele enfim havia se rendido aos hábitos locais. E ficamos semanas crendo nesta sua facilidade para adaptar-se. Até que comentamos isso com a coordenadora da escola e ficamos sabendo que ele acabara fazendo amizade com a cozinheira, a querida dona Joaquina, e que ela lhe providenciava bifinhos quando era servido o, para ele, abominável bacalhau.

Na semana em que voltaríamos ao Brasil, estivemos em uma feira de livros e encontramos dona Joaquina e seu esposo, que se emocionaram ao se despedir de nosso filho, dizendo que ele ajudava espontaneamente nas tarefas da cozinha da escola.

Então, em um teste vocacional, nosso filho talvez indique lá que seu destino é ser gente boa. Está sempre preocupado com os outros, tentando ser útil, resolvendo as paradas da turma.

No dia 29 de abril, lancei em Curitiba um novo romance (“Inventar um avô”, pela Maralto Edições). Depois soube que meu filho ficara preocupado com o fato de que talvez não aparecesse ninguém para colher o autógrafo porque era em pleno feriadão. Só relaxou quando viu a livraria cheia de amigos e leitores que dão um sentido para a minha vocação.

Aliás, o romance é dedicado a ele, Antônio Sanches, o já legendário Tonico entre os amigos de escola, neto de Toninho Sanches, pai que perdi aos quatro anos de idade. Fiz esta homenagem porque o romance conta a história ficcional de três irmãos que receberam o mesmo e sacro nome, Antônio.

O autor é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa. No Instagram: @sanchesnetomiguel; no Facebook: https://pt-br.facebook.com/miguelsanchesneto/; no Twitter: @miguelsanchesnt

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