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Coluna MSN: Um mestre discreto

No legendário jornal Nicolau, Massa ilustrou as traduções dos haicais de José Juan Tablada que fiz no início dos anos 1990

Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa
Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa -

Da Redação

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Conheci o Massa (Massaharu Fukushima) na agência Beta, do mago Jamil Snege. Foi admiração imediata, porque percebi na hora o grande artista, que atuava com alma na publicidade e que se dedicava com rigor às artes plásticas. Fazia as ilustrações para os livros do Jamil, e iluminou (no sentido gráfico) um dos mais belos álbuns de literatura do Paraná, Encontro das Águas (Travessa dos Editores, 1994). Detalhista, em consonância com sua origem nipônica, exuberante pela capacidade de tornar viva qualquer paisagem, irônico nos deslocamentos de traços, Massa talvez seja o maior segredo das artes plásticas do Paraná. Jamil, na sua linguagem desabusada, chamava-o de “demoníaco”, dada a sua capacidade xamânica de tornar qualquer tarefa em expressão extrema da arte, para além da previsibilidade.

Massa nasceu em Coroados, São Paulo, 1953, passou a infância em Terra Rica, Paranavaí e São Paulo, até chegar a Curitiba em 1971/72, para alistar-se no exército, quando na verdade se fez um mestre autodidata. Trabalhou nas principais agências de publicidade da capital paranaense, momento em que nos tornamos amigos por meio do sempre aglutinador Snege, que transitava entre a publicidade e a literatura.

No legendário jornal Nicolau, Massa ilustrou as traduções dos haicais de José Juan Tablada que fiz no início dos anos 1990. Ali percebi que seu traço minucioso era perfeito para retraduzir imageticamente as paisagens criadas/inventadas nos haicais.

Mas só quando Massa retornou a Paranavaí voltamos a nos encontrar. Jamil já estava morto. O mestre meio arisco mantinha um estúdio na cidade e se dedicava à publicidade e a viver com e da sua genialidade discreta. Passamos uma manhã juntos e surgiu a ideia de ilustrar meus haicais. Anos depois, o resultado são 18 desenhos primorosos, em que o haicaísta sou eu, o haicaísta é ele, reencontro de dois amigos pela força das imagens e das palavras.

Este material esteve exposto no SESC Estação Saudade e em breve se tornará um livro.

Precisamos de mais Massaharu para ampliar nossa percepção da vida e do sonho.

O autor é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa. No Instagram: @sanchesnetomiguel; no Facebook: https://pt-br.facebook.com/miguelsanchesneto/; no Twitter: @miguelsanchesnt

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