MPF acata solicitação para investigar Michelle Bolsonaro
A partir da indicação de Michelle, pedidos furaram a fila dos interessados nos empréstimos do banco e passaram a ter um tratamento diferenciado.
Publicado: 01/10/2021, 20:01
A partir da indicação de Michelle, pedidos furaram a fila dos interessados nos empréstimos do banco e passaram a ter um tratamento diferenciado
A Procuradoria-Geral do Distrito Federal incluiu o suposto esquema de favorecimento de aliados envolvendo a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, no inquérito que investiga irregularidades na Caixa Econômica Federal. Ela também poderá responder por tráfico de influência. O pedido foi elaborado pelo deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ).
“Enquanto muitos pequenos e médios empresários não conseguiram auxílio para se manter na pandemia, Michelle Bolsonaro interferiu na Caixa Econômica para que empresários bolsonaristas fossem favorecidos com empréstimos do governo”. Junto com ele, assinaram a carta parlamentares do PCdoB, Psol, PT, PDT e Rede.
As denúncias de um possível esquema na Caixa Econômica Federal de favorecimento de aliados da família Bolsonaro vieram a público por reportagem da revista Crusoé, nesta sexta (1). De acordo com a matéria, a coordenadora do plano era Michelle Bolsonaro, que fornecia uma lista de empresas indicadas a receber prioridade na linha de crédito do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) ao presidente da Caixa, Pedro Guimarães.
A lista de empresários apoiados inclui não apenas aliados políticos da família, mas também empresas que prestam serviços ao Planalto, como floriculturas e confeitarias. O esquema foi descoberto no próprio sistema de controle do banco, que identificou a fraude na agência onde as transações foram realizadas, na cidade de Taguatinga (DF).
Facilitadores
A esposa do presidente teria tido ajuda dos assessores de Pedro Guimarães, que atuaram como facilitadores da aprovação das empresas no programa. “A pedido da sra. Michelle Bolsonaro e, conforme conversa telefônica entre ela e o presidente Pedro, encaminhamos os documentos dos microempresários de Brasília que têm buscado crédito a juros baixos”, dizia um e-mail enviado por uma assessora especial em 20 de maio de 2020.
As mensagens do gabinete da primeira-dama não indicavam a qual operação de crédito os empresários estavam interessados, mas todos acabaram incluídos no Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
Segundo o repórter Patrik Camporez, da Crusoé, a Procuradoria da República no Distrito Federal decidiu investigar a atuação de Michelle junto à Caixa Econômica Federal. De acordo com o MPF, a investigação do caso vai ocorrer dentro de um procedimento já aberto contra Pedro Guimarães, para investigar suposta pressão política do presidente da CEF sobre a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).