Medicina UEPG leva serviços de saúde para aldeia indígena na região
Projeto intitulado "Missão: Aldeia Mococa" aconteceu no dia 21 de setembro e contou com a participação de 60 estudantes
Publicado: 03/10/2024, 15:51
Em uma ação inédita, professores e alunos do curso de Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) foram até a Aldeia Indígena Mococa, em Ortigueira, nos Campos Gerais do Paraná, com o objetivo de levar serviços de saúde para a população da comunidade. O projeto intitulado “Missão: Aldeia Mococa” aconteceu no dia 21 de setembro e contou com a participação de 60 alunos.
O processo de atendimento é feito pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), que é a responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS). Para que a execução do projeto fosse possível, foi preciso uma autorização especial do órgão para a entrada dos professores e alunos na comunidade.
No caso da Aldeia Mococa, os serviços são executados pelo polo de Curitiba. Além disso, a Prefeitura do município também complementa, de certa forma, o atendimento e agora, com essa ação da UEPG, mais um ator vai contribuir com a saúde da população indígena na região. O projeto é coordenado pela professora e endocrinologista Janete Machozeki, e contou também com a participação do pediatra Renato Van Wilpe Bach, da enfermeira Maria Dagmar da Rocha, da psicóloga Camila da Silva Eidan de Lima e da nutricionista Vanessa Ferreira.
Segundo Janete, o objetivo da missão foi rastrear doenças crônicas não transmissíveis em adultos, dados antropométricos da população (medida das circunferências cervical, cintura e quadril), avaliação de pressão arterial; glicemias capilares nos indivíduos com indicação; verificação de sinais físicos que sugerem resistência insulínica; e imunização e distúrbios do desenvolvimento pôndero-estatural (curva de crescimento) em crianças.
“Todos os alunos tiveram uma experiência muito rica pela inserção em uma comunidade de cultura diferente, respeitando a diversidade, além de um aprofundamento no conhecimento das patologias acima citadas, aperfeiçoamento na prática de saúde pública e nas técnicas utilizadas nas ações, sempre supervisionados por professores capacitados”, destaca a professora Janete. “Foi incentivada a busca por conhecimento, a não interferência nos costumes locais, porém trazendo melhoria de qualidade de vida da população atingida pelo projeto”.
Além dos atendimentos específicos realizados pelos alunos de medicina, Janete destaca ainda que foi ofertado para a população indígena acompanhamento nutricional, sobre alimentação adequada e aplicação de questionários sobre insegurança alimentar; e também atendimento psicológico, já que a população indígena tem uma alta demanda para esse tipo de serviço com avaliação de ansiedade, depressão e prevenção ao suicídio (em alusão ao Setembro Amarelo).
AVALIAÇÃO - O acadêmico do terceiro ano de medicina, Guilherme Andrade Saldanha, foi quem idealizou a ação na Aldeia Mococa. Segundo ele, foi um projeto piloto e um dos primeiros que levaram a UEPG para dentro de uma comunidade indígena na área da saúde. “Acredito que o projeto vai fazer com que desperte nos estudantes que estiveram aqui a consciência sobre a importância de levar a saúde para os lugares mais remotos. Porque nós, como futuros médicos, devemos sempre pensar na saúde de todos e não apenas dos pacientes do nosso município ou do nosso Hospital Universitário, mas de todo o estado e de todo o país”.
Guilherme agradeceu o apoio da Reitoria da UEPG, que forneceu os ônibus e os motoristas para o transporte dos alunos, da Coordenadoria de Comunicação, que registrou a ação, e da própria Sesai, que autorizou a entrada de tantas pessoas na terra indígena.
O cacique da Aldeia Mococa, Elielson Virgílio, ficou grato com a presença de todos os alunos na aldeia e elogiou o trabalho desempenhado por eles. “Para a nossa comunidade, foi muito importante participar desse projeto. Faz tempo que estavam trabalhando para o projeto vir para cá”, destaca. Quem também elogiou a atuação dos alunos de medicina foi o professor bilíngue, Neno Pereira. “Eu gostei muito. Minha família e eu fomos muito bem atendidos. Outras pessoas também falaram que foram bem atendidas. Isso foi muito importante, principalmente para as crianças, a presença de profissionais de medicina e de outras profissões aqui na comunidade”, garante.
Com informações da Assessoria de imprensa.