Paraná estima a maior safra de soja da história
Nos Campos Gerais, projeção é de alcançar a segunda maior colheita de soja da história
Publicado: 15/12/2022, 15:43
A safra de verão 2022/2023 do Paraná, que terminou de ser plantada em meados de dezembro, tem a previsão de resultar na maior colheita de soja da história no Estado. Após uma safra que sofreu com a estiagem, resultando na menor produção dos últimos dez anos, os produtores rurais do Estado ampliaram a área plantada, e com a perspectiva de alto rendimento, a estimativa da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab) é de que sejam colhidas 21,50 milhões de toneladas de soja na primeira safra. Caso venha a ser confirmada, haverá um acréscimo de 725,29 mil toneladas em relação à safra recorde paranaense, a de 2019/2020, quando foram colhidas 20,78 milhões de toneladas de soja, ou seja, 3,48% a mais.
Todo esse volume será possível a partir de uma previsão de área recorde plantada, com 5,73 milhões de hectares ocupados somente com a soja na primeira safra. A maior área plantada até então foi justamente no ciclo anterior, quando 5,67 milhões de hectares foram plantados com esse grão, o que significa uma ampliação de 1,2% (68 mil hectares). A previsão de rendimento médio por hectare é de 3.748 quilos por hectare, próximo das duas melhores safras históricas no Paraná, abaixo somente do rendimento registrado na safra 2019/20, que foi de 3.794 kg/ha, e da ‘supersafra’ do ciclo 2016/17, que resultou em um rendimento médio de 3.766 kg/ha. Na comparação com a safra anterior, a produtividade deve ser 75% maior, resultando em uma colheita 79% superior (em 2021, 12,04 milhões de toneladas foram colhidas, com rendimento de 2,13 mil quilos por hectare).
CAMPOS GERAIS
Na região dos Campos Gerais, há a previsão da segunda maior colheita de soja. Em uma área de 548.640 hectares (1% maior que no ano anterior, de 543,1 mil hectares), há a previsão de que sejam retiradas 2,194 milhões de toneladas do grão, valor 7% superior à safra passada (2,04 milhões de toneladas) e apenas inferior ao montante de 2,24 milhões de toneladas colhidas na safra 2019/2020, quando 555 mil hectares foram plantados com soja. A produtividade esperada é de 4 mil quilos por hectare, somente inferior à média da safra 2019/2020, que foi de 4.038 quilos por hectare.
ATRASO
O economista Luiz Alberto Vantroba, do núcleo regional de Ponta Grossa do Departamento de Economia Rural (Deral), que é vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), destaca que embora o plantio da soja tenha demorado, devido ao atraso do desenvolvimento e colheita do trigo em função das condições climáticas (a soja é plantada em grande parte das áreas em que o trigo é colhido), e o excesso de chuvas nas primeiras semanas de desenvolvimento do grão, ainda é possível que a região atinja o rendimento de 4 mil quilos por hectare. “Devido ao excesso de chuvas entre setembro e novembro, além de baixas temperaturas e o dia nublado, atrasou o trigo, que atrasou a soja. O arranque inicial não foi bom, mas está em condições normais e agora no início de dezembro que está deslanchando”, informa o especialista do Deral.
GRÃO NÃO FOI AFETADO
Em âmbito estadual, onde a maior parte do plantio ocorre, em média, antes da região, apesar da umidade e do atraso no plantio e desenvolvimento, a soja também segue boas perspectivas, diz o analista das culturas de soja e milho do Deral no Estado, Edmar Gervásio. “O desenvolvimento da planta é muito bom porque, apesar de ter um atraso no plantio, plantou-se em um período agronomicamente melhor”, disse o técnico. “Boa parte do Estado teve um nível de sol, de radiação, excelente”, reforçou.
Região prevê rendimento recorde de milho
O milho da primeira safra de verão do ciclo 2022/23, que já foi todo plantado na região, tem previsão de ter o melhor rendimento da história, com a perspectiva de alcançar a marca de 11 mil quilos por hectare nos municípios da regional de Ponta Grossa. Essa produtividade em uma área plantada de 78,5 mil hectares deve render em uma colheita de 863,8 mil toneladas, que se tornaria a maior produção de milho da região dos últimos seis anos, ou seja, desde a supersafra de 2016/17, quando a marca de um milhão de toneladas foi superada pela última vez. Até o momento, os melhores rendimentos foram alcançados nas safras de 2016/17, de 10,6 mil quilos por hectare, e na safra 2019/20, quando a produtividade de 10,85 mil quilos por hectare foi alcançada.
Na comparação com a safra anterior, o plantio foi reduzido em 4% (81,75 mil hectares foram preenchidos com milho em 2021), mas com a perspectiva de um rendimento 30% maior (a produtividade foi de 8.491 quilos por hectare no ano anterior), a produção deve superar em 169,7 mil toneladas (ou 23%) o ciclo passado. Apesar dessas perspectivas positivas, o excesso de chuvas é um fato que pode trazer problemas futuros. “O que preocupa é que atrasou o ciclo do milho, mas está recuperando - como o ciclo é mais longo, ninguém se arriscou a dar perda já. Agora no começo de dezembro que começou a florescer; em outros tempos já estava mais adiantado. Grande parte dessa área de milho é destinada para feijão de segunda safra, em fevereiro, então os produtores estão temerosos, porque não sabem se conseguem colher o milho e plantar o feijão atrasado”, diz Vantroba.
Clima impacta de forma negativa na produção de feijão
O feijão é o cultivar que mais preocupa para a safra de verão. O excesso de chuvas entre setembro e novembro já trouxe redução na produtividade e perdas em algumas áreas - com o encarquilhamento das folhas e apodrecimento da planta, áreas que foram destinadas para esse grão não fecharam linha, foram destruídas e substituídas pelo plantio de soja. “Já estamos avaliando perdas em torno de 20% na produtividade. Tivemos áreas que foram substituídas por soja em Ponta Grossa, em Tibagi, em Palmeira. Em cerca de 600 hectares com feijão o produtor destruiu a cultura e plantou soja na sequência”, revelou Vantroba.
Até o mês passado, a expectativa era de um rendimento de 2,3 mil quilos por hectare na região, valor que caiu para 1.796 kg/ha. Com isso, a produção que inicialmente era estimada em 56.028 toneladas, caiu para 43.755 toneladas, ou seja, uma redução de quase 22%.