Crônicas dos Campos Gerais: O mar... | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: O mar...

Texto de autoria de Marivete Souta, Graduada em Letras e Mestre em Estudos da Linguagem pela UEPG, professora da Rede Estadual e escritora, natural de Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

A Crônica da semana é da autoria de Marivete Souta.
A Crônica da semana é da autoria de Marivete Souta. -

Publicado por Camila Souza.

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Mar... Mariana, eu tenho o mar no nome, na alma. Viver é um modo de navegar. Nunca gostei de um ponto final, assim, como o mar que parece não ter fim. Não fecho aspas...prefiro deixar que tudo se complete, prefiro as reticências... eu ainda não senti o sintoma da morte: ter certezas, finais, minha história será sempre incompleta. Olho a vida como quem olha o mar, uma grande aventura a ser vivida.

Serenamente, acompanho o barulho do vai vem das ondas sob um céu muito azul mesclando-se com ele numa simbiose que só é cortada pelo pôr do sol deslumbrante trazendo uma saudade que tem cheiro. 

Mesmo antes de conhecê-lo o mar despertava em mim fascínio, talvez porque a poesia morasse em mim, talvez porque ele faz imaginar e ela, a imaginação, sempre foi minha fiel escudeira.

 A dança das ondas me diz que ele é como eu, imenso! Seu lamento vai tecendo lembranças de um tempo que não volta mais, e as emoções vividas vão bordando lembranças, muitas vividas nos Campos Gerais, onde adotei a Princesa como cidade, cidade natal.

Não me dei conta de como os anos deslizaram tão rapidamente. Aporto na terceira idade depois de uma viagem que me transmutou nessa pessoa que vejo hoje no espelho.  Olho para estas mãos com marcas senis desenhadas pelo tempo, delicadamente toco meu rosto e sinto as marcas que os anos deixaram. Hoje habito este corpo que se move mais lentamente. Outrora fora tão ágil e atraente! Penso... não acho que isso é ruim. Tenho 93 anos vividos plenamente. A imagem que o espelho reflete envelheceu, todavia, ainda vejo a menina que habita em mim. Ela nunca me abandonou. Está aqui, sempre tão presente! 

Envelhecer é um privilégio negado a muitos. Quantos em tenra idade se foram!  Vi muitos virem ao mundo e também muitos partirem. Esse é o legado de quem tem muita idade. Trago na mala muitas lembranças, umas boas, outras nem tanto... mas todas me fizeram ser quem sou hoje. 

O mar é como os meus sonhos... não tem fim e eu carrego ainda dentro de mim a certeza de que nós precisamos correr atrás dos nossos sonhos para não termos que enfrentar os sintomas da morte, porque o maior sintoma da morte é a finitude de nossos sonhos. Olhar a vida como uma grande aventura a ser vivida conserva a alegria na caminhada de quem luta, sonha.

Texto de autoria de Marivete Souta, Graduada em Letras e Mestre em Estudos da Linguagem pela UEPG, professora da Rede Estadual e escritora, natural de Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais- acesse aqui.

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