Cuidados ambientais e preservação elevam a produtividade | aRede
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Cuidados ambientais e preservação elevam a produtividade

Produtores preservam o solo, as matas e as nascentes. Eles adotam práticas sustentáveis para cuidar do meio ambiente e veem a produção crescer

As boas práticas adotadas fazem a planta ter um enraizamento maior, a tornando mais resistente em condições adversas e reduzindo a erosão
As boas práticas adotadas fazem a planta ter um enraizamento maior, a tornando mais resistente em condições adversas e reduzindo a erosão -

Fernando Rogala

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Nos últimos anos, frente a condições climáticas mais extremas, inúmeras discussões vêm à tona sobre a sustentabilidade e os cuidados com o meio ambiente. Mais do que ninguém, os produtores rurais precisam adotar todos os cuidados com a terra e com o planeta, afinal eles estão entre os mais prejudicados em adversidades climáticas de maior intensidade.

Essa consciência, de se ter uma produção aliada com o meio ambiente, está cada vez mais enraizada nos pensamentos e ações dos homens do campo. Dessa forma, os produtores vêm adotando uma série de medidas nos últimos anos, como por exemplo o uso de produtos biológicos no plantio e no trato, reduzindo a utilização de agroquímicos. Há um grande cuidado com o solo, para que ele seja um ambiente ‘vivo’, orgânico, tanto com o aprimoramento de técnicas – como o Plantio Direto na Palha – quanto com o uso de bioativadores e inoculantes.

O engenheiro agrônomo Elizandro Ribeiro Kielt, da Êxito Consultoria e Pesquisa Agronômica, explica sobre essa evolução junto aos produtores e detalha algumas medidas recentes que passaram a ser seguidas, que corroboram com algumas medidas que já eram adotadas. “Os produtores rurais estão tendo cada vez mais consciência sobre esses cuidados – a nova geração já entendeu isso em sua totalidade. Está crescendo muito, nos últimos três anos, a utilização de insumos biológicos, inseticidas biológicos, que substituem os químicos – ainda não em 100%, mas que já contribuem bastante”, explica. “Solo saudável, ser humano saudável”, completa.

“A nossa visão é muito clara: o maior patrimônio nosso é a terra. Temos que cuidar muito, porque é ela que gera a nossa riqueza. É ela que produz – e é finita”, resume o produtor rural Márcio Krzyuy. “Eu tenho que cuidar muito bem do meio ambiente. Se eu não cuidar, eu vou estar prejudicando a mim mesmo”, acrescenta o também produtor Edilson Gorte.

O agrônomo Elizandro Kielt explica que essa adoção de produtos sustentáveis apresenta ótimos resultados, principalmente em condições adversas. “Isso é nítido, nem sempre no primeiro ano, mas ao logo de duas ou três safras, você vê a biodiversidade crescer, vê uma resiliência maior das plantas com relação a adversidades climáticas, resistindo melhor às secas, e o solo drena melhor as chuvas torrenciais”, informa. “Os produtores adotam, e se os vizinhos veem que deu certo, os demais copiam e seguem essa linha”, acrescenta.

Medidas ampliam o rendimento

Como ainda não é possível utilizar 100% de insumos biológicos nas grandes produções, um ponto positivo é que as indústrias de fertilizantes, com as novas tecnologias, estão fazendo fórmulas menos agressivas ao meio ambiente, além de reduzir o uso em até 20%. “Hoje o produtor entende que ele pode crescer em produtividade e não em área cultivada. Consegue ver que, não só com biológicos, mas com a tecnologia, variedades novas, novos químicos, que são cada vez menos agressivos, isso traz mais retorno e eficiência para o controle de pragas e doenças na lavoura. Então ele cuida mais solo, da mata ciliar, da água que tem na propriedade, e cria um contexto sustentável”, completa o agrônomo. Outro destaque apontado é o plantio direto na palha, que preserva o solo. Esse método vem sendo aprimorado, com a inserção de novas variedades na mistura de proteção. Também são empregadas as camas de animais, que auxiliam com nutrientes para o solo. “O manejo do plantio direto já é consagrado, mas cada vez mais ele é aprimorado, com a adição de mais biodiversidade, de diferentes tipos de palhada, o que agrega no contexto geral. O uso de fertilizantes orgânicos, como cama de frango, cama de suíno, agrega bastante no sistema como um todo”, relata Kielt.

Os cuidados ambientais de boa parte dos produtores rurais vão além do uso de produtos ou redução de químicos, começando pela própria natureza: a preservação de matas e nascentes. Essa preservação é vista como uma necessidade pelos produtores, com o respeito às metragens, para que o solo continue fértil.

“Na minha propriedade tem nascente de água. Ela escorre, se junta com outras nascentes de outras propriedades e formam um rio. Nesse rio é possível nadar, pescar. Então nós preservamos as beiras dessas nascentes o máximo que podemos”, relata o produtor rural Edilson Gorte. “Todas nossas nascentes são preservadas, nós respeitamos todas as metragens até as nascentes. É uma bênção porque tem muita água na fazenda – na área de preservação verte água, que corre para o rio. Então cuidamos muito disso”, completa Márcio Krzyuy.

Gorte relata que todo esse cuidado de anos em sua propriedade (Fazenda Dona Mathilde) apresenta resultados notáveis. “Entre a lavoura e a mata, temos 90 caixas de abelhas. Onde passa a máquina plantadeira, onde ela acabou de passar, a terra parece que se mexe, de tanta minhoca. Então, se agredíssemos o meio ambiente, não teria as abelhas. Essa é a demonstração que respeitamos o meio ambiente de todas as formas”, explica ele.

Bioativação otimiza a produção agrícola

Na fazenda Campina do Tigre, localizada no município de Teixeira Soares, na região dos Campos Gerais, há um grande cuidado junto ao solo nos últimos cinco anos. Nessas últimas safras, há um trabalho de bioativação através do uso de inoculantes, para melhorar a vida dos microrganismos na terra. Apesar de em condições normais não haver tanta diferença em relação a áreas que não têm essa prática, é quando as condições climáticas mais desfavoráveis aparecem que os efeitos ficam visíveis na propriedade.

“Em comparações nossas, deve haver de 20% a 30% de incremento em produtividade em condições mais severas. Em veranico curto, melhora bastante. Em secas de 15 a 20 dias, nem chega a afetar a planta e a lavoura se mantém bem”, explica Daniel Krzyuy, acadêmico de agronomia e gestor na Campina do Tigre. Isso acontece porque o solo mantém a umidade por mais tempo.

Daniel explica que tudo isso é reflexo de uma série de ações para melhorar a microbiota do solo, como o uso de solubilizadores de fósforo, que reduzem a adubação química, aplicações de thrycodermas e bactérias para melhorar a vida no solo, como o uso de espirilos e aryabhattai. “Isso melhora o enraizamento das plantas, trazendo um estímulo para o aprofundamento das raízes, reduzindo a erosão com estruturação do solo, resultando também em melhor infiltração e melhor aproveitamento hídrico”, esclarece.

O fato de ter tanta vida no solo, em um ambiente mais orgânico, cria mais canais e reduz a erosão, que é um dos maiores problemas dos produtores, trazendo maior estruturação para aguentar chuvas torrenciais, “Além disso as bactérias fazem um balanceamento, evitam doenças no solo e aumentam a vida da planta, reduzindo as ‘portas’ para entrar doenças. Isso, com o rotacionamento de culturas (que ajuda a quebrar o ciclo de problemas), traz um impacto positivo”, relata o gestor e acadêmico.

Soluções têm resultados positivos

Outra solução adotada recentemente pela Campina do Tigre, que apresentou bons resultados, é o UAN - ureia e nitrato de amônio líquido. Com alta concentração de nitrogênio, em três fontes (50% amidica, 25% nítrica e 25% aminiacal), ele proporciona a liberação gradual durante o ciclo do cultivar. “Seu resultado foi comprovado pela Fundação ABC, apresentando incremento de produtividade de 14%, comparado com a ureia, na adubação de cobertura”, explica Leandro Missel Gasparelo, Engenheiro Agrônomo da Super Safra Distribuidora de Insumos Agrícolas, que distribui o UAN no Paraná. “Por ser um produto de forma líquida com baixíssima volatilização (menos de 4%), a emissão de óxido de nitrogênio no ar é praticamente zero, contribuindo para o meio ambiente de forma sustentável”, explica Leandro.

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