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‘Madame’ brinca com ‘Cinderela’ e apresenta humor agridoce

‘Madame’ brinca com ‘Cinderela’ e apresenta humor agridoce

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Anne (Toni Collette) é aquele tipo de mulher que, de tão supersticiosa, é capaz de pedir para que sua empregada passe a integrar a lista de convidados do jantar de luxo que está organizando só porque um comparecimento de última hora fez o número inicial de presentes pular de 12 para 13 pessoas. A décima quarta é Maria (Rossy de Palma), transformada por sua patroa em uma falsa convidada rica vinda da Espanha. Apesar de suas negativas, Maria é inserida no seleto grupo e, espirituosa, termina conquistando David Morgan (Michael Smiley), um comerciante de arte britânico. É sobre essa espécie de brincadeira com o clássico ‘Cinderela’, no qual o homem vindo da nobreza se encanta pela mulher de origem humilde, que se estrutura ‘Madame’, da diretora Amanda Sthers.

O início é arrastado e o filme tem, aqui e ali, cenas desnecessárias. Mas isso não compromete o todo. O ponto alto da comédia está na presença de Rossy de Palma, uma das musas de Pedro Almodóvar. Os diálogos e situações confiados à sua personagem estimulam o espectador a rir com a simples aparição da atriz que encarna a serviçal que “limpa a roupa de baixo e o banheiro” dos patrões, como ela mesma destaca em um momento tão engraçado quanto incômodo para Anne. Quase sempre que Maria surge, o cômico dá o ar da graça.

Toni Collette também tem seus momentos inspirados e inspiradores como a arrogante senhora com um ciúme tão intenso do sucesso amoroso da empregada que chega a ser patológico. Tanto que acaba fazendo uma videoconferência com seu terapeuta direto da própria cama, mesmo diante da indiscrição de ter o marido ao lado. “É como um desastre em câmera lenta”, sua personagem chega a dizer ao ver Maria com David em um jantar.

Do humor baseado em estereótipos (“irlandeses bebem demais, franceses são adúlteros e americanos transam como se estivessem invadindo um país de terceiro mundo sem ter que pagar por isso”) à sutileza das interpretações de Toni Collette e Rossy de Palma, ‘Madame’ resulta em algo agridoce. O riso estimulado pelas situações inusitadas é parceiro do desconforto das cenas que alfinetam o preconceito de classe social. Além disso, há tímidas (mas irônicas e pertinentes) reflexões sobre o conceito de final feliz nas obras de ficção. 

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