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‘Boneco de Neve’ reforça o quanto trailers podem frustrar

‘Boneco de Neve’ reforça o quanto trailers podem frustrar

Imagem ilustrativa da imagem ‘Boneco de Neve’ reforça o quanto trailers podem frustrar
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Já aconteceu de você ver um trailer e considerar que o filme anunciado seria uma das experiências mais impactantes que teria na vida? Com ‘Boneco de Neve’ é assim. No trailer, Michael Fassbender (excelente ator) encarna um detetive que investiga assassinatos em série sempre envolvendo mulheres. As coisas se complicam. Fica evidente a escalada que vai do preocupante ao caos. A música ‘Voodoo In My Blood’, da banda Massive Attack, potencializa a angústia. Com seus melhores acordes estrategicamente selecionados para arrepiar, a canção deixa claro que a situação está saindo do controle, o criminoso está levando vantagem e o representante da lei mergulha no sentimento de impotência diante do insolúvel. 

Não há que se perder de vista, porém, a conhecida relação (que vem da matemática, de tão certa): a intensidade do grau de expectativa que se cria é diretamente proporcional ao risco de decepção. Com ‘Boneco de Neve’ é quase assim. O filme não chega a ser gélido como a neve que extrapola o título e torna-se onipresente na trama. Por outro lado, está longe de ser aquela “explosão vulcânica” que o trailer promete.

Fassbender mostra-se excelente (como sempre) na pele do detetive Harry Hole. Mas o roteiro, baseado em livro de Jo Nesbø e escrito a seis mãos por Hossein Amini, Peter Straughan e Søren Sveistrup, não consegue manter a atenção em níveis elevados durante a maior parte do tempo. A narrativa ganha um ritmo arrastado, que convida ao tédio. Os poucos personagens não intensificam o desafio elementar deste tipo de história. Sendo assim, é fácil identificar o assassino. A sequência inicial aparenta ser deslocada e sem sentido. Logo, ela entrega o porquê de ter sido inserida. Mas isso, ao invés de ser orgânico, estimulante, revela-se um tributo ao óbvio.

A direção de Tomas Alfredson orquestra um bom elenco e a fotografia praticamente transforma a neve em um personagem (como não poderia deixar de ser, no contexto). Na média, porém, o filme é morno. Prova de que um rápido compilado de imagens cuidadosamente selecionadas e justapostas, embaladas por uma música poderosa, tem muito mais influência sobre nós do que reconhece nossa vã vontade de ser imune à sedução de um bom trailer.

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