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‘Ao Cair da Noite’ cria o medo a partir daquilo que não mostra

‘Ao Cair da Noite’ começa bem objetivo: em pouco tempo ficamos sabendo que uma doença desconhecida e contagiosa está espalhando o medo

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‘Ao Cair da Noite’ começa bem objetivo: em pouco tempo ficamos sabendo que uma doença desconhecida e contagiosa está espalhando o medo, fomentando o isolamento e fazendo as pessoas se esconderem atrás de máscaras. Esse caráter objetivo, rápido em apresentar as coisas, é só inicial. No decorrer da projeção, o que se vê é uma sequência de dúvidas: quanto mais se mostra, mais se esconde, menos se tem certeza do que realmente está acontecendo e para onde seremos conduzidos.

‘Ao Cair da Noite’ é um filme que investe no plano das sugestões, das suposições e, por isso, amplia o mistério, potencializa o terror. Ele enfoca uma família vivenciando uma quase prisão forçada em uma casa no meio do nada. O objetivo é isolar-se da doença que está se espalhando, sem sabermos ao certo como e com que agilidade. Quando um desconhecido chega, incendeia-se a desconfiança sobre as intenções do novato.

Nas cenas noturnas, a fotografia investe pesado em um jogo de luzes e escuridão que eleva ao máximo a atmosfera claustrofóbica da casa onde os protagonistas interagem. Um pouco de oxigenação vem nos acontecimentos diurnos. Mas por pouco tempo. Apesar do título dar a ideia de que o perigo está solto à noite, a floresta, de dia, também é bastante utilizada para ampliar a sensação de que, a qualquer momento, algo terrível pode acontecer.

O filme, dirigido por Trey Edward Shults, é uma metáfora do isolamento, da dificuldade em criar laços com desconhecidos, da desconfiança que permeia os relacionamentos. Uma metáfora de algumas mazelas contemporâneas. Da superproteção em relação à ameaça externa quando, na verdade, ela pode estar dentro da própria casa. A metáfora sai de cena e o literal ganha destaque, no entanto, quando a intenção é falar do instinto de sobrevivência.

‘Ao Cair da Noite’ certamente frustrará quem gosta de exposições claras e narrativa bem demarcada pelo esquema começo-meio-fim. A impressão é que pegamos o bonde andando e dele desembarcamos sem saber exatamente o destino. Para uns, isso é um problema. Para outros, uma virtude, porque a paisagem que se vê entre a partida e a chegada é angustiante, incerta, assustadora, enfim. E como se trata de um filme de terror.

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