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Campos Gerais consolida liderança estadual na safra de inverno

Com destaque para o trigo e cevada, municípios da região colheram um total de 729,3 mil toneladas nessa safra de inverno. Regional de Ponta Grossa é a maior produtora de trigo do Paraná, e a segunda maior produtora de cevada

Com os impactos do clima, só conseguiu obter melhor qualidade quem colheu antes das chuvas
Com os impactos do clima, só conseguiu obter melhor qualidade quem colheu antes das chuvas -

O excesso de chuvas no mês de outubro de 2023 trouxe grandes impactos na produção de inverno na região dos Campos Gerais e em todo o Paraná, causando uma redução no rendimento por hectare e no total produzido. Entretanto, apesar disso, a região manteve-se como a líder estadual na produção de trigo, além de contar com a melhor produtividade do cultivar entre todas as regionais paranaenses nessa safra de 2023. 

Somadas as produções dos principais cultivos de inverno (aveia branca, aveia preta, centeio, cevada, trigo e triticale), a região colheu um total de 729,3 mil toneladas, o maior valor entre todas as regionais paranaenses. Os números constam no balanço divulgado no final do mês de novembro pelo Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (SEAB). 

No trigo, nos 18 municípios do núcleo regional do Deral em Ponta Grossa, o total colhido foi de 536,1 mil toneladas, valor que confirmou uma quebra superior a 100 mil toneladas, em relação às cerca de 670 mil toneladas que eram esperadas para a região. A produtividade, inicialmente estimada em 4 mil quilos por hectare, baixou para menos de 3,2 mil quilos por hectare. Na cevada, segundo principal cultivar na região, a quebra foi bastante parecida. E isso sem falar na queda na qualidade desses produtos.

“É uma safra para ser esquecida. Foi muito frustrante para os produtores: ninguém esperava esse volume de chuva”, resume o economista do núcleo regional do Deral em Ponta Grossa, Luiz Alberto Vantroba. Ele explica que a média de chuva nos municípios, no acumulado do mês, foi de 407 milímetros, variado de 291 milímetros em Arapoti a 535 milímetros em Imbaú. Em Ponta Grossa, onde a média do mês é de 150 milímetros, choveu um acumulado de 431,7 mm, ou seja, quase o triplo do ‘padrão’. 

Na Fazenda Campina do Tigre, por exemplo, em Teixeira Soares, o medidor pluviométrico indicou 332 milímetros de chuva em cinco dias, entre 26 e 30 de outubro. Somando com outros 196 milímetros acumulano mês, foram mais de 530 milímetros registrados em 18 dias chuvosos. O empresário rural da fazenda, Marcio Krzyuy, explica que ele conseguiu ‘acelerar’ a colheita e retirar os 170 hectares plantados até o dia 24, ainda sem ter as condições ideais. “Com a chuvarada, não conseguimos colher antes. Começamos a colher com umidade em 28%, sendo que o ideal é 14%; começamos com mais umidade para conseguir ‘vencer’. E em três dias concluímos a colheita”, explicou.

UMIDADE Esse excesso de umidade foi crucial para as perdas no trigo, especialmente porque a chuva caiu no momento mais sensível, o da maturação e colheita. “Essa chuva coincidiu com a maior parte do trigo e da cevada estando em fase de maturação, próximo da colheita. Começou a chover e não parou mais, e o resultado foi a queda na produtividade e na qualidade”, reitera Vantroba. Assim, segundo ele, a redução na produção foi de 20%, enquanto que a queda na qualidade alcançou 35% do total colhido. “Só tinha colhido Arapoti, Tibagi e Ventania, que ficam mais ao Norte e colheram antes. Nesses locais, escapou alguma coisa, porque um percentual maior colheu”, informa o especialista.

O resultado é que, entre o final de outubro e o começo de novembro, quando as chuvas pararam, no campo foram observados muitos casos de grão germinando na espiga, por não ter conseguido colher no tempo certo e registrar muita umidade. “Nesse caso, foi perda total. Então vários pediram cobertura do seguro, mas nem todos fazem”, relata. O percentual do trigo de qualidade mais baixa não pode ser destinado para a panificação, e assim, tem outra destinação. “Com isso, o preço pago aos produtores cai para menos da metade. Se o trigo de boa qualidade está R$ 69 a saca de 60 quilos, o de baixa qualidade cai na faixa de R$ 25 a saca”, completa.

Região produziu 15% do trigo estadual

No Paraná, a produção total esperada de trigo para a safra 2023 era na casa de 4,5 milhões de toneladas. No final, porém, o resultado paranaense foi de 3,65 milhões de toneladas, resultante de uma produtividade média de 2.587 quilos por hectare. Isso significa que a região foi responsável por 15% da produção estadual de trigo neste ano, contra 11% da segunda maior região produtora, a de Cascavel, que alcançou 401 mil toneladas colhidas. Em termos de produtividade, o segundo melhor rendimento foi da região de Campo Mourão, na casa de 2,9 mil quilos por hectare.

Produção de cevada alcançou o montante de 105,9 mil toneladas

A exemplo do que aconteceu com o trigo, por ter uma janela de cultivo semelhante, a cevada também teve uma quebra na safra e um alto índice na perda de qualidade na produção, explica o economista do Deral. Em uma área plantada de 31,5 mil hectares, a expectativa era uma colheita de 132,5 mil toneladas de cevada, mas o montante obtido foi de 105,9 mil toneladas, ou seja, 20% a menos do esperado. A produtividade média esperada era de 4,2 mil quilos por hectare, valor que caiu para 3,4 mil quilos por hectare. No final das contas, a região teve a segunda maior colheita do Estado, atrás apenas das 133,9 mil toneladas retiradas da região de Guarapuava

Quem colheu depois das chuvas, enfrentou problemas com a qualidade do grão: mais de um terço da cevada colhida não poderá ser destinada para a indústria cervejeira, para a produção de malte. “Tudo estava indo bem, tanto que em Arapoti colheram a cevada com qualidade boa. Aí veio a chuva e acabou com tudo. E os produtores sentiram, porque é um investimento que fazem, plantam, se dedicam, e têm a expectativa do lucro. Hoje tem muita cevada nas empresas para ser definido a qualidade, mas até agora, pelo que se viu, 37% da produção não atingiu o padrão e vai ser destinada a outros usos. Será um baque para a indústria cervejeira”, explica Vantroba. 

Nos outros cultivares de inverno, o rendimento foi bom, como é o caso da aveia branca. No total, 47,3 mil toneladas foram colhidas, com um rendimento de médio 2,48 mil quilos por hectare – maior do que o dos dois anos anteriores. “Foi quase dentro do normal, porque ela é plantada antes do trigo e colhida antes”, lembra Vantroba. Já o rendimento da aveia preta, utilizada para cobertura de solo e fazer semente para a próxima safra, foi de 1.422 quilos por hectare, a maior média desde a safra 2016, resultando em uma produção total de 30,9 mil toneladas.

Perdas são estimadas em R$ 2,5 bi no Paraná

A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, por meio do Deral, estima que as perdas financeiras na agricultura provocadas pelas chuvas torrenciais, temperaturas altas e fortes ventos relacionados ao fenômeno El Niño chegam a um valor preliminar de R$ 2,5 bilhões. Ele se deve à perda estimada de 1,5 milhão de toneladas em relação às projeções iniciais.

Os prejuízos maiores foram observados nas regiões Sul e Sudoeste, embora todas tenham sido atingidas. O maior prejuízo coube aos triticultores do Estado, que estavam colhendo a safra 2022/23.A produção recuou praticamente 980 mil toneladas em relação ao potencial. Com as doenças no período anterior às chuvas e, posteriormente, em razão dessas, a produção caiu para 3,6 milhões de toneladas.

A qualidade também decaiu, gerando, ao menos, 420 mil toneladas de trigo que serão destinadas a ração. Considerando os fatores quantidade e qualidade, as perdas dessa cultura se aproximam de R$ 1 bilhão. Em outras culturas de inverno, especialmente a cevada, também houve redução - nessa, os prejuízos podem somar R$ 200 milhões no Estado.

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