Esquadrão da Vida: acolhimento, superação e propósito no combate à dependência química

No Viver Bem de hoje, na aRede do Bem, apresentamos o Esquadrão da Vida, mais do que uma comunidade terapêutica: um espaço de acolhimento, recuperação e, principalmente, de esperança. Fundado há mais de 30 anos pelo pastor Nelson Braido, o local nasceu de um chamado: estender a mão para aqueles que estavam no fundo do poço, mergulhados na dependência química.

“Quando começamos, era tudo muito simples. Mas o que sempre tivemos foi vontade de ajudar”, conta o pastor Nelson. A iniciativa começou com uma estrutura modesta e foi crescendo com o apoio de voluntários, da comunidade e de muitas histórias de superação. “O mal veio para matar, destruir, Jesus veio para trazer vida e vida com abundância. Então, surgiu esse nome Esquadrão da Vida”, relata Nelson.

Hoje, o Esquadrão da Vida é referência regional no acolhimento de homens com idades entre 18 e 59 anos que enfrentam a dependência química. São centenas de vidas transformadas ao longo dessas décadas. “Conheço história de mães que saíram viajar, ficaram um mês viajando e quando voltaram o filho vendeu a casa, trocado por drogas. Então isso é muito sério. E graças a Deus, nossa comunidade tem resultados fantásticos. Cada vez que venho aqui, eu fico muito feliz por ver a quantidade de jovens buscando uma nova vida em Cristo Jesus”, finaliza o pastor.

Quem vive de perto a rotina da unidade é o psicólogo e atual diretor da casa, Cristiano Correia, que também carrega uma história pessoal de superação. “A dependência química é uma doença multifatorial. Por isso, o primeiro passo é o acolhimento”, explica Cristiano. O processo terapêutico no Esquadrão é dividido em três fases principais: acolhimento, desenvolvimento pessoal e reinserção social.

Na primeira etapa, o foco é escutar, entender a dor do acolhido e de sua família e dar o suporte emocional inicial. Depois, vem o desenvolvimento pessoal, onde o indivíduo é estimulado a redescobrir talentos, valores e habilidades que muitas vezes ficaram esquecidos. “Temos muitos casos de homens que nem sabiam mais quais eram seus dons, seus hobbies, o que gostavam de fazer”, diz Cristiano.

A última fase é a reinserção social, com foco na preparação para o retorno ao convívio em sociedade e ao mercado de trabalho. “Trabalhamos estratégias para lidar com as situações de risco, para que eles estejam mais fortalecidos ao sair daqui”, completa.

A rotina na unidade é intensa e bem organizada: das 7h da manhã às 22h, os acolhidos têm um cronograma cheio de atividades. Além das terapias, o Esquadrão oferece cursos profissionalizantes em parceria com o Senai, como serralheria e mecânica básica, além de projetos internos como a produção de pavers e a horticultura hidropônica.

“Não é só deixar a droga. É também resgatar a dignidade através do trabalho, da convivência, do esporte e das atividades em grupo”, reforça o diretor. O local conta ainda com academia, campo de futebol, gincanas e até a convivência com os cães da unidade é vista como um momento terapêutico.

A história de Cristiano é um capítulo à parte. Ele próprio foi acolhido pelo Esquadrão da Vida aos 33 anos, depois de mais de uma década de uso de substâncias químicas. “Minha infância passou, a adolescência passou e o início da vida adulta também. Quando percebi, estava no fundo do poço. Foi aqui que redescobri o sentido pela vida”, relata.

Com o apoio da equipe e dos companheiros de caminhada, Cristiano voltou a estudar, concluiu o ensino médio, formou-se em Psicologia e hoje, além de diretor, é também um exemplo vivo de que a recuperação é possível. “Hoje tenho uma família, filhos, uma profissão e principalmente um propósito. Costumo dizer para os acolhidos: se vocês ainda não acreditam em vocês, saibam que acredito”, finaliza Cristiano.

O custo para manter toda essa estrutura é alto e para garantir o funcionamento da unidade, o Esquadrão da Vida conta com algumas fontes de apoio: convênios com o município (via SUS), o projeto Nota Paraná, o Ilumine Vidas (doação via conta de energia), a venda de produtos da fábrica de pavers e também doações voluntárias.

Além disso, o grupo mantém um encontro semanal de apoio às famílias todas as terças-feiras, às 19h30, na Rua Irmã Perpétua da Cruz, próximo ao Fórum, em Oficinas. Quem quiser ajudar ou buscar informações pode entrar em contato pelo WhatsApp: (42) 99111-7492.