Coluna Fragmentos: A TV Esplanada e a televisão no Paraná
A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro
Publicado: 24/08/2023, 00:05
A década de 1950 significou, para o Brasil, um período de mudanças sociais, culturais e tecnológicas acentuadas. Foi nesse contexto que a televisão timidamente chegou ao país. A tarefa do novo e exótico aparelho parecia árdua: rivalizar com o rádio, o primeiro grande veículo de comunicação de massas da nossa história e, até então, uma das grandes paixões nacionais. No entanto, o que, a priori, parecia impossível ocorreu: a televisão chegou ao século XXI ocupando o papel de um dos meios de comunicação mais populares do país.
No Paraná, a primeira transmissão da televisão ocorreu em 1954, precisamente na noite de 17 de junho, tendo por local o edifício Moreira Garcez, em Curitiba, onde foram instalados dois aparelhos diante dos quais se concentrou um grande número de expectadores ansiosos em conhecer a novidade.
A primeira emissora a funcionar no estado foi a TV Paranaense – Canal 12, fundada, em 1960, pelo empresário Nagibe Chede Abrahão. Seis anos depois, um grupo de ponta-grossenses – do qual faziam parte Constâncio Mendes, Wallace Pina, Bartholomeu Lisboa, Oldemar Mariano, Jorge Miguel Ajuz, Wilson Comel, entre outros – solicitou (e recebeu) do Departamento Nacional de Telecomunicações a concessão para instalar uma emissora de TV em Ponta Grossa. Porém, foi somente no início da década seguinte que ocorreram as primeiras transmissões da TV Esplanada – Canal 7.
Na noite de 24 de dezembro de 1971 foram transmitidas as primeiras imagens da emissora, mas a data oficial de sua inauguração é 17 de abril de 1972. Tendo como diretor-presidente o empresário Constâncio Mendes, nos primeiros anos a TV Esplanada funcionava, em média, 16 a 18 horas por dia e retransmitia a programação nacional da Rede Tupi (São Paulo), composta por jornais, novelas, shows e filmes, além de apresentar programas e informativos locais, transmitindo inicialmente para Ponta Grossa e, em seguida, para outros municípios dos Campos Gerais.
Nos anos 70 a televisão ganhou forte impulso no Brasil. Os militares que então governavam o país apostaram no seu potencial em difundir mensagens, valores e símbolos que exaltavam o regime, e investiram maciçamente na ampliação da capacidade de transmissão e na qualidade das imagens que chegavam aos espectadores.
Ao final da década de 1970, a grave situação econômica brasileira fez com que a Tupi decretasse falência, levando a TV Esplanada a uma grande crise. Em 1979 o controle da emissora trocou de mãos, novos equipamentos foram comprados e a TV passou a integrar o grupo de retransmissoras da Rede Bandeirantes.
Em 1992, a TV Esplanada foi incorporada às empresas do grupo liderado pelos empresários Francisco Cunha Pereira Filho e Edmundo Lemanski. Em 2000, com a integração das afiliadas do grupo a uma mesma marca, a emissora passou a compor a Rede Paranaense de Comunicação e denominar-se RPC-TV Esplanada, transmitindo a programação da Rede Globo.
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A programação local
Durante a década de 1970, a TV Esplanada teve como uma de suas principais marcas a apresentação de programas locais. Caracterizados pela simplicidade e pelas limitações técnicas, muitos desses programas tornaram-se sucessos na programação da emissora, como é o caso do infantil Talento e Ternura (apresentado por Zander Meira), do Querência Gaúcha (apresentado pela dupla Irani e Terra) e do Noite de Seresta (apresentado por Aldo Micaeli).
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A televisão no Brasil
No dia 18 de setembro de 1950, o empresário Assis Chateaubriand, então proprietário de rádios e jornais, inaugurou a TV Tupi Difusora de São Paulo. Patrocinado por algumas empresas de grande porte – como a Sul América Seguros, o Moinho Santista e a Companhia Antarctica Paulista – Chatô foi um dos primeiros magnatas da comunicação no Brasil. Tendo seus primeiros tempos marcados pela precariedade e pela improvisação, em pouco tempo a televisão brasileira se requintou e se tornou um veículo indispensável de informação e de lazer, além de contribuir para o fortalecimento e para a expansão do mercado consumidor no país.
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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.
Publicada originalmente no dia 13 de março de 2011.
Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.