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Coluna Fragmentos: As festas religiosas e o catolicismo popular

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Em 10 de maio de 1957 o JM publicou uma matéria tratando da festa em louvor a São Jorge que se realizaria na Igreja de Santa Edvirges em Periquitos
Em 10 de maio de 1957 o JM publicou uma matéria tratando da festa em louvor a São Jorge que se realizaria na Igreja de Santa Edvirges em Periquitos -

João Gabriel Vieira

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Colonizado por Portugal, país ibérico intrinsecamente ligado a Igreja e a fé católica, o Brasil foi forjado tendo no catolicismo a sua religião oficial e nas práticas católicas as marcas mais profundas e comuns à sua sociedade desde os tempos coloniais.

Basta lembrar que o primeiro ritual português oficialmente realizado em terras brasileiras foi a primeira missa, celebrada logo após o “achamento” liderado por Cabral. Entre os séculos XVI e XVIII estima-se que, na colônia, a cada três dias um era “dia santo”. Dessa forma, quanto mais o tempo passou, mais as práticas e rituais católicos trazidos pela colonização lusitana se incorporaram de maneira quase natural ao “ser brasileiro”.

Paralelamente as celebrações, comemorações e festividades produzidas de modo oficial pela Igreja Católica, também proliferou no Brasil um grande número de rituais e festas promovidas pela população, formando aquilo que historiadores, sociólogos e antropólogos atualmente classificam como eventos nascidos do “catolicismo popular”, ou seja, práticas que remetem a datas ou santos católicos, mas que ocorrem fora do âmbito institucional da Igreja. O sincretismo afro-cristão também contribuiu para a ocorrência de tais festas populares, fundindo os santos católicos aos orixás do candomblé.

Na maioria das vezes, as festas populares reúnem rituais sacros a músicas e danças. Como exemplos dessa configuração, encontram-se as festas juninas realizadas em diversos pontos do território brasileiro. A devoção popular também é responsável pela realização de festejos que reverenciam santos padroeiros, datas e, até mesmo, o folclore brasileiro. Neste caso encontram-se os Reisados, os Autos, as Lapinhas entre outros.

Comuns em todo o Brasil, as festas promovidas em louvor aos santos que dão nome a uma determinada Igreja ou que são considerados padroeiros de uma comunidade específica, nunca saem de moda! Isso explica a existência, até os dias atuais, de um grande número de festividades dessa natureza. Com grande apelo popular, tais festas se caracterizam pela extensa programação que envolve almoços, bingos, música, apresentações artísticas, quermesse, barraquinhas, missas e uma série de outras atrações, tudo, geralmente, tendo como início uma alvorada festiva e uma grande queima de fogos! Foi assim na Festa em Louvor a São Jorge, realizada há mais de meio século em Periquitos, conforme publicado pelo JM em 1957. É assim ainda hoje nas centenas de festas similares que continuam ocorrendo em nossa região e em nosso país, num misto de história, devoção, tradição e identidade.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 27 de dezembro de 2009.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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