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Coluna Fragmentos: O Cantinho Rubro-Negro

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

O Cantinho Rubro-Negro, publicado pelo JM na década de 1950, pode ser visto como um marco do jornalismo esportivo ponta-grossense. JM, 18 de outubro de 1956
O Cantinho Rubro-Negro, publicado pelo JM na década de 1950, pode ser visto como um marco do jornalismo esportivo ponta-grossense. JM, 18 de outubro de 1956 -

João Gabriel Vieira

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Fundado em 1954, o JM teve como seu criador o advogado mineiro Petrônio Fernal. Importante figura da política princesina naqueles meados do século XX, Fernal tinha como uma de suas maiores paixões o futebol, em especial o Guarany Esporte Clube, clube fundado em 1916 e que, por décadas, rivalizou com o mais popular time de futebol da história ponta-grossense, o Operário Ferroviário Esporte Clube.

Para se ter uma idéia de seu amor pelo “Bugre”, Petrônio Fernal, além de ter sido seu presidente, hospedava os jogadores na sua própria casa (o famoso castelinho existente até hoje na Avenida Paula Xavier), bancava os gastos com a pré-temporada do time (geralmente realizada no interior de Minas Gerais) e ainda criou um espaço exclusivamente dedicado a informar as coisas do time, o Cantinho Rubro-Negro, nas páginas de seu próprio jornal.

No caso do Brasil a relação entre jornalismo e esporte é bastante antiga, data de meados do século XIX quando surgiu o jornal O Atleta (1856) no Rio de Janeiro, publicação que difundia informações sobre práticas de lazer e atividade física. Porém, foi somente a partir da década de 1920 que os jornais brasileiros passaram a publicar notícias relacionadas ao esporte – nesse caso o futebol – em sua primeira página. Aliás, é apenas com a popularização e massificação desse esporte que se constituiu no país aquilo que se pode classificar como jornalismo esportivo.

Mário Filho, considerado um dos precursores dessa modalidade jornalística no Brasil, certa vez escreveu que o futebol só passou a interessar aos jornais a partir do momento em que se transformou em uma paixão popular! Segundo ele, enquanto o futebol não encheu campos e não dividiu as cidades em grupos (por conta da torcida por diferentes times), o esporte quase não existiu para os jornais.

Ao que tudo indica, foi somente na década de 1930, com a profissionalização e a disciplinarização do futebol (com a criação de ligas e federações) levadas adiante pelo Estado varguista que o jornalismo começou efetivamente a dar importância para o esporte no Brasil de maneira sistemática.

Foi nessa década que as emissoras de rádio, sobretudo no eixo Rio-São Paulo, começaram a transmitir jogos e os jornais brasileiros passaram a dedicar espaços exclusivos para os esportes. Pouco antes disso, em 1928, o jornal paulista A Gazeta lançou o primeiro suplemento esportivo que se tem notícia no país. Mas foi apenas nos anos 30 que os primeiros jornais diários dedicados exclusivamente ao esporte caíram no gosto dos leitores.

A década de 1950 consolidou essa relação entre o jornalismo e o esporte. A construção do Maracanã, as Copas do Mundo de 1950 e 1958, os fenômenos Pelé e Garrincha definitivamente transformaram o futebol em um patrimônio nacional e fizeram com que a imprensa se especializasse e investisse cada vez mais no segmento esportivo.

Ao criar o Cantinho Rubro Negro logo nos seus primeiros anos de circulação, o JM alinhou-se com a tendência nacional de abrir espaços específicos para as notícias esportivas. Nesse caso, o jornal enquadrou-se nessa perspectiva que então ganhava força no jornalismo nacional, porém, o que certamente falou mais alto foi o coração do torcedor e não a veia jornalística de Petrônio Fernal.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 22 de março de 2009.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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