Coluna Fragmentos: A Associação Médica e a trajetória da medicina em PG | aRede
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Coluna Fragmentos: A Associação Médica e a trajetória da medicina em PG

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Matéria a respeito da inauguração da sede da Associação Médica de Ponta Grossa, publicada no JM em 19 de agosto de 1977
Matéria a respeito da inauguração da sede da Associação Médica de Ponta Grossa, publicada no JM em 19 de agosto de 1977 -

João Gabriel Vieira

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Nos dias atuais estamos habituados a procurar assistência de um profissional da medicina a cada vez enfrentamos um problema de saúde. No entanto, essa é uma prática relativamente recente. Até as primeiras décadas do século XX eram aos saberes populares que os brasileiros geralmente recorriam para minimizar suas dores.

Na Ponta Grossa do início dos Novecentos, era bastante comum buscar os curandeiros, cartomantes, mandraqueiros, costureiras e benzedeiras que – com chás, beberagens, garrafadas, massas e unguentos – atendiam aqueles que os procuravam.

Entre os curandeiros ponta-grossenses daquele período destacavam-se o Nhô Tuna, Nhô Afonso, Tio Libânio, Tio Biné, Nhá Lulu, Nhá Maria Seis-Dedos, Nhá Duvirges Tostão, entre outros. Segundo o relato de Epaminondas Holzmann em seu clássico “5 Histórias Convergentes”, Nhá Maria Seis-Dedos era uma curandeira que morava num barraco nas proximidades da Ronda e que possuía uma verdadeira botica caseira, um “caldeirão sempre fumegante, para o cozimento das mais complicadas beberagens. Ali suas clientes respeitosas encontravam o elixir do amor, o remédio abortivo, a tisana anticoncepcional, o regulador infalível e outras cositas más.

Nesse contexto, algumas pessoas buscavam conhecer um pouco sobre as doenças e suas terapias por meio da leitura de manuais de medicina. A observação ao pé do leito do enfermo era prática comum, e, em razão da inexistência de métodos auxiliares de diagnóstico, muitas vezes os motivos das enfermidades eram atribuídos às condições climáticas, aos abusos alimentares e/ou sexuais, ou ainda aos estados emotivos.

Em situações críticas, os ponta-grossenses mais abastados se dirigiam até Curitiba ou Castro em busca de atendimento médico. Em Castro destacavam-se as figuras dos drs. Javert Madureira e Joaquim de Paula Xavier, sendo que este periodicamente se deslocava até Ponta Grossa, onde atendia doentes de todas as classes, muitas vezes gratuitamente.

Ainda no século XIX, a cidade acompanhou o aparecimento de boticários e homeopatas que preparavam medicamentos com base na flora brasileira. Registros dão conta que, em 1865, Amando Rodrigues Pereira da Cunha inaugurou a primeira farmácia de Ponta Grossa. Pouco depois, em 1881, chegou à cidade Barberi Carlo, italiano que, além de abrir uma casa comercial, extraia dentes, “encanava” braços e pernas e aplicava ventosas e sanguessugas. No ano seguinte, Antônio Solano Dias Batista inaugurou uma farmácia que funcionou durante décadas. Até o final daquele século, outros estabelecimentos no mesmo ramo foram criados para atendimento dos ponta-grossenses.

Em 1930, Getúlio Vargas criou o Ministério da Educação e Saúde Pública. No ano seguinte, os médicos radicados em nossa cidade criaram a Sociedade Médica Pontagrossense, organismo que, em 1951 se transformaria em uma seção local da Associação Médica do Paraná, com a denominação de Associação Médica de Ponta Grossa.

Desde então, a AMPG passou a representar o corpo médico ponta-grossense e a orientar as atividades desses profissionais. Hoje, aos 77 anos de existência, a Associação Médica se constitui em uma das mais antigas e representativas entidades de classe de Ponta Grossa.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 02 de novembro de 2008.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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