Atualização do Plano Diretor gera expectativa no mercado imobiliário

Com a recente entrega das leis que integrarão o novo Plano Diretor municipal à Câmara Municipal de Ponta Grossa pela prefeita Elizabeth Schmidt (União Brasil), o debate sobre os rumos do desenvolvimento urbano da cidade ganha novas perspectivas. A proposta, que será analisada e votada nos próximos dias, é aguardada por diversos segmentos da sociedade. Um deles é o mercado imobiliário, representado pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) Campos Gerais.

Em entrevista ao Portal aRede, o corretor Altair Machado, que representou o Creci nas discussões sobre o Plano Diretor na Câmara Técnica de Urbanismo do Conselho de Desenvolvimento de Ponta Grossa (CDEPG), falou sobre os impactos sentidos após a última atualização do Plano Diretor, em 2022, e as expectativas diante do novo texto.

Segundo Altair, o Creci participou das discussões “no intuito de melhorar algumas questões, algumas leis e normas do novo Plano Diretor para que se tornasse um plano mais saudável”. Ele relatou que, apesar das audiências públicas realizadas antes da aprovação do plano anterior, “não houve uma adesão tão grande que fizesse diferença na elaboração do plano”.

Para o representante do Creci, o maior impacto do Plano Diretor de 2022 foi sentido na redução do potencial construtivo dos terrenos. “Principalmente na questão de valores. Você veja, o potencial construtivo dos terrenos diminuíram bastante”, afirmou Altair. 

Com a nova atualização do Plano Diretor, Altair reconheceu que algumas mudanças foram positivas. Um exemplo foi a adoção da taxa de permeabilidade. “Eu considero que seja uma medida muito interessante, não sou contrário a isso”, afirmou. No entanto, ele pondera que, no início, as exigências eram pouco práticas, como o uso obrigatório de grama ou pedras. A possibilidade de usar “um piso impermeável, um tipo de um paver vazado” foi uma solução bem-vinda, que “melhorou 100%”.

PAPEL DO CRECI - Na Câmara Técnica do CDEPG, o papel do Creci foi trazer o ponto de vista dos corretores e do comércio imobiliário. “A representação do Creci, dos corretores, ela implica em comércio”, explicou. Altair enfatizou que os corretores atuam na ponta do processo, vendendo imóveis, mas que os efeitos das normas recaem fortemente sobre os construtores, o que, por sua vez, acaba impactando as vendas e os valores de mercado.

“Tudo aquilo que vem dificultar ou que vem para encarecer um empreendimento, ele sabe da dificuldade que vai ser de vender. Então, era esse o nosso questionamento”, disse Altair.

EXPECTATIVA - Ao comentar sobre o futuro do urbanismo em Ponta Grossa, Altair reconheceu que a cidade “se expandiu de uma maneira desordenada” e que o novo Plano Diretor pode trazer organização, embora isso leve tempo. “Você não vai poder desapropriar pessoas para você colocar um alinhamento numa rua. Não, isso vai acontecer com a demolição. O imóvel pode levar 50, 100 anos para ser demolido, daí ele vai ter que voltar para o recuo”, explicou.

Mesmo com os desafios, ele acredita que as transformações são inevitáveis: “As mudanças vão acontecer, mas há muito a longo prazo. Então, não é fácil você acertar uma cidade antiga que vem já com muitos vícios de construção.”

Agora, com o novo texto protocolado na Câmara, o setor imobiliário aguarda com cautela os desdobramentos da proposta. Para Altair, será fundamental que o plano encontre equilíbrio entre desenvolvimento urbano, preservação ambiental e viabilidade econômica dos empreendimentos, garantindo que Ponta Grossa continue crescendo de forma sustentável.