Viagem de Passos ao Vaticano será investigada
Vereadores denunciam viagem de Felipe Passos (PSDB) e assessor parlamentar à Europa. Assessor teria recebido salário integral mesmo ausente dos trabalhos da Câmara
Publicado: 17/10/2017, 16:32
A Corregedoria da Câmara de Ponta Grossa recebeu, na tarde desta terça-feira (17), uma denúncia contra o vereador Felipe Passos (PSDB) e seu assessor parlamentar, Saymon Azevedo. Assinado pelos vereadores Rudolf Polaco (PPS) e Geraldo Stocco (Rede), o documento pede a abertura de um processo para investigar possível desvio de função em uma viagem de Passos e Saymon ao Vaticano, na Europa.
A viagem aconteceu em setembro, ocasião em que Passos conheceu o Papa Francisco. O vereador pediu o desconto no seu salário pelos dias em que ficou fora do país. No entanto, Saymon Azevedo, que acompanhou o vereador na viagem, teria recebido a remuneração integral do mês trabalhado, mesmo sem ter comparecido na Câmara Municipal por quase duas semanas.
Na denúncia protocolada hoje, os vereadores pedem que seja apurada a responsabilidade tanto do assessor quanto de Passos e sugerem, “se for o caso, a pena com suspensão temporária do mandato de Vereador”, além de “procedimentos cabíveis em face do Assessor apontado”. O caso da viagem à Europa veio à tona após discussões do projeto de Passos, na semana passada, que pedia desconto no salário dos vereadores por faltas nas sessões.
Autor da denúncia, Rudolf comentou o caso ao Jornal da Manhã. "Esperamos que a Corregedoria faça o trabalho de forma independente e com transparência, que é como devemos tratar o dinheiro público, com independência, responsabilidade e com coerência, sem falso moralismo ou qualquer outra coisa”, afirmou. “Devemos respeitar, sempre, o dinheiro público e a população de Ponta Grossa. E é isso que esperamos que a Corregedoria faça, um trabalho com transparência, que é o que toda a população exige e espera”, completou.
Stocco, que assinou a representação junto com Rudolf, disse que o salário do assessor deveria ter sido descontado na viagem. “O salário dele foi descontado, isso eu não tenho problema nenhum. Nem pra onde ele vai, respeito isso e toda a história dele. Porém, ele fez um sensacionalismo sobre o salário dele, enquanto o assessor viajava sem ter o desconto”, afirmou Stocco.
Após polêmica, Passos quer descontar salário de assessor
Depois da repercussão da polêmica viagem ao Vaticano, na sessão plenária da última quarta-feira (11), Felipe Passos protocolou um pedido para que a Mesa Executiva da Câmara descontasse os dias em que Saymon Azevedo passou na Europa. “A viagem foi particular a um evento religioso marcado ano passado, antes da campanha, utilizei meu dinheiro e o assessor o dele para viajar”, disse, ao JM. “Como em um trabalho se faz, normalmente, quando um trabalhador tem compromisso ou viagem marcada, o chefe pode liberar ou não, com a condição de repor os dias ou descontar em salário”, completou. Na solicitação feita à Mesa Executiva, Passos alega que os dias passados no Vaticano seriam compensados nas férias do assessor.
Corregedoria
O presidente da Corregedoria da Câmara, vereador Pietro Arnaud (Rede), considerou grave a denúncia. "Me parece uma denúncia grave, já que seriam cerca de 10 dias fora do país sem que houvesse descontos nos salários. Nós vamos apurar isso da maneira mais imparcial possível", disse.