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Crônicas dos Campos Gerais: “A vida é palhaçada”

Texto de autoria de Aline Sviatowski, estudante de Ponta Grossa

Ponta-grossense, Aline tem 26 anos, é ex-acadêmica de Direito na Uepg e caloura de farmácia na Usp.
Ponta-grossense, Aline tem 26 anos, é ex-acadêmica de Direito na Uepg e caloura de farmácia na Usp. -

Texto de autoria de Aline Sviatowski, estudante de Ponta Grossa

O palhaço é uma caricatura, quiçá um esboço, do que seria o mundo se você sorrisse de si. Todos os pais são um fluxo entre heróis e vilões: são humanos. E meu pai é, ainda, um incansável construtor de sorrisos. Há quem o intitule “palhaço”.

Todos os pais trazem ensinamentos. O meu me ensinou a passear de carro após a aula da faculdade à noite, perto do cemitério São João Batista, em Uvaranas, e fazer careta com uma lanterna embaixo do queixo para assustar os pedestres; ensinou-me a jogar grama pela janela das pessoas que tomam banho de janela aberta, a cantar livremente e bem alto sem saber a letra; a ouvir Beatles do jeito certo – porque há o jeito errado; a admirar os campos que abraçam a cidade; a dançar sem julgamentos; e a “caçar” trilobitas como forma de reviver a História.

O palhaço encontra o humor no ridículo, acha graça na tristeza, vê beleza no trágico. Assim é a pessoa que, usando um pijama de hospital no longo corredor do bisturi, pediu-me para tirar uma foto sua fingindo que estava prestes a disputar a sua prova preferida: cem metros rasos. A vida é maratona, pai. Só os mais tolos ganham. Os que riem de si mesmos pela própria comicidade de existir. E não há maiores ensinamentos do que rir da condição humana, do que não viver a opinião alheia. Entre o passado e o futuro – os pais. Entre a tragédia e a comédia – o meu.

Texto produzido no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.

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