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Crônicas dos Campos Gerais: ‘Quem mexeu no meu texto?’

O texto de hoje é de autoria de Luciano de Oliveira. Boa leitura!

Luciano é doutorando em Educação pela UNICAMP. Mestre em Educação pela UEPG e professor da rede pública do Estado do Paraná
Luciano é doutorando em Educação pela UNICAMP. Mestre em Educação pela UEPG e professor da rede pública do Estado do Paraná -

O texto de hoje é de autoria de Luciano de Oliveira. Boa leitura!

Logo nos meus primeiros textos percebi que gostava de escrever. A tia Rô nos ensinou escrever com muito carinho. Tia Rô dizia que, após ler e corrigir os textos escritos por nós, havia um que lhe chamara especialmente a atenção. Sempre imaginei que o meu texto fosse lido. Isso nunca aconteceu. A tia Rô disse baixinho pra mim:

— Seu texto foi o melhor! Não fiz a leitura porque sabia que você não se importaria com isso. Quando você for realizar alguma prova de concurso, você irá muito bem!

O tempo passou e apareceu uma prova! Tratava-se de um concurso para bombeiro. A questão da redação da prova era escrever relato vivido por mim que tivesse como tema futebol.

Futebol sempre foi uma das minhas paixões. Além disso, tive como amigo o Pelezinho, gandula do Operário Ferroviário, o Fantasma da Vila. Um dia o Pelezinho contou pra mim sobre um sonho que teve. Foi assim:

“Depois de um dia de treinos do time, a equipe técnica e o técnico teriam uma reunião. A reunião teve como pauta dois assuntos: reduzir gastos e tratar das estratégias para que o time fosse campeão da série B e chegasse à primeira divisão.

Depois de um debate longo e exaustivo das duas pautas importantes, de um lado a parte técnica e de outro o financeiro, todos os participantes da reunião começam a sair apressadamente. Os dois últimos a saírem foram o secretário que redigiu a ata da reunião e o técnico. Quando estavam no portão da saída, o técnico percebe que todas as luzes do estádio ficaram acessas. O técnico, preocupado, enfatiza que era necessário voltarem e apagarem as lâmpadas, afinal estavam numa redução de gastos e todos deveriam estar empenhados na economia. O secretário, despreocupadamente, dá um tapinha em seu ombro e diz:

— Não se preocupe, você esqueceu que nosso time tem um fantasma? Depois da nossa conversa, com certeza ele irá desligar todas as lâmpadas! ”.

Durante a prova, escrevi esse sonho do Pelezinho. Ao conferir minha nota na prova, quase tive um ataque! Minha pontuação foi 3. Triste e abatido com o resultado, questiono-me: quem corrigiu meu texto?

— Já sei! Quem mexeu no meu texto e o corrigiu foi o mesmo fantasma que apagou as luzes do estádio no dia da reunião. Só de raiva por deixarem as luzes acessas para ele apagar e o Pelezinho contar essa fofoca, ele me deu apenas 3 no texto. Não deu certo, mas lembrei-me da tia Rô, que sabia que eu não me importaria com a nota porque o Pelezinho criara um belo texto, além de qualquer avaliação.

Texto escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

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