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‘Philomena’ tem opostos que se complementam

Para falar de ‘Philomena’, novo filme do britânico Stephen Frears (‘A Rainha’), convém mencionar duas situações específicas, mas magistralmente interligadas: (1) a história propriamente dita, que desperta a curiosidade e emociona; e (2) a forma equilibrada como é construída a relação dos dois personagens centrais, tão díspares em suas formações, vivências e crenças.

O filme é baseado no livro ‘O Filho Perdido de Philomena Lee’, de Martin Sixsmith, que narra uma história real. Grávida na adolescência, Philomena é encaminhada para um convento na Irlanda para expiar e esconder da sociedade o seu “pecado”. Como forma de pagar as religiosas pelo cuidado das crianças, as mães solteiras trabalhavam gratuitamente no convento. Um procedimento comum era o encaminhamento desses filhos para adoção. Isso acontece com o filho de Philomena.

Quem se lembra de Judi Dench como alguém de alta competência no comando de espiões nos filmes de James Bond, certamente admirará ainda mais o trabalho da atriz ao vê-la dando corpo e alma à protagonista deste trabalho de Stephen Frears: uma senhora encantadora em sua ingenuidade, mas, ao mesmo tempo, decidida a reencontrar seu filho após meio século de segredo sobre a existência dele.

Nessa empreitada, Philomena conta com o apoio do jornalista Martin Sixsmith, interpretado por Steve Coogan, que também ajuda no roteiro e na produção do filme. Enquanto ela é ingênua, gentil e católica, ele é irônico, cético e, não raras vezes, ríspido e arrogante. Pode ter êxito uma parceria entre pessoas tão antagônicas? Isso é uma das coisas que o roteiro, profundamente equilibrado e enxuto, vai mostrar.

Pode até existir uma tendência de polarização do público. Parte de quem assiste, talvez queira considerar as freiras desprezíveis; outra parte, quem sabe opte por julgar os fatos levando em consideração o contexto social e religioso da Irlanda da década de 1950. A história busca ao máximo a imparcialidade, deixando ao espectador a liberdade de extrair suas conclusões.

Com ‘Philomena’, assim como em ‘A Rainha’, Stephen Frears comprova o quanto pode ser competente na exibição de histórias. Não importa se a narração é convencional: o que ela expõe como conteúdo beira a perfeição.

Tiago Luiz Bubniak
[email protected]

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