PONTA GROSSA
Brasil pode ganhar vacina contra covid 100% paranaense
Criado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o imunizante está sendo desenvolvido por professores e cientistas da instituição.
Alep | 30 de março de 2021 - 02:41
Criado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o
imunizante está sendo desenvolvido por professores e cientistas da instituição
O Brasil pode ganhar no ano que vem uma vacina contra a
Covid-19 integralmente desenvolvida no Paraná. Criado pela Universidade Federal
do Paraná (UFPR), o imunizante está sendo desenvolvido por professores e
cientistas da instituição e já demonstrou títulos de anticorpos comparáveis e
até superiores aos reportados pela vacina AstraZeneca/Oxford. O imunizante está
em estudos na fase pré-clínica realizados em camundongos. A previsão é de que a
vacina possa estar disponível em 2022. A informação foi revelada na reunião
desta segunda-feira (29) da Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa
do Paraná.
Durante o encontro, os deputados membros da Frente aprovaram
o envio de um requerimento para Mesa Executiva da Assembleia solicitando a
destinação de R$ 2 milhões de recursos do próprio orçamento da Casa para ajudar
a financiar o desenvolvimento da vacina paranaense. A importância do apoio para
o estudo foi destacada pelo coordenador da Frente Parlamentar, deputado Michele
Caputo (PSDB). "A Universidade Federal do Paraná nunca nos falta no
trabalho em busca da ciência e da pesquisa", afirmou Caputo.
Os detalhes da vacina foram apresentados pelo reitor da
UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, e por três professores/pesquisadores que
encabeçam a pesquisa. Segundo o reitor, a vacina usa insumos nacionais, o que
diminui o custo de produção do imunizante. De acordo com a UFPR, a vacina se
mostrou eficaz sem o acréscimo de adjuvante, substância utilizada para
facilitar a resposta imune normal. As partículas do polímero bacteriano
polihidroxibutirato (PHB), utilizadas pelos pesquisadores para inserir partes
da proteína viral do Sars-CoV-2 no organismo, já apresentam a atividade de
adjuvante, mostrando a resposta imune em camundongos. "Temos hoje no
Brasil entre oito e 10 vacinas em desenvolvimento. A nossa vacina está entre as
cinco mais avançadas. Nossa previsão é de que em seis meses podemos chegar na
fase de testes clínicos", informou o reitor da universidade.
Esforços - Além deles, a reunião contou com a
participação do secretário-chefe da Casa Civil, Guto Silva, que explicou o
trabalho do governo estadual para garantir a imunização da população. Guto
Silva informou que o governo já iniciou as tratativas junto ao Ministério da
Saúde para a instalação de uma fábrica de vacinas no Paraná. De acordo com o
chefe da Casa Civil, os investimentos podem chegar a R$ 1 bilhão. "Com
esta fábrica, poderíamos contribuir para termos em breve uma vacina totalmente
paranaense, criando um terceiro eixo de tecnologia, além de Rio Janeiro e São
Paulo", disse Guto Silva.
O diretor-executivo do Consórcio Paraná Saúde, Carlos Setti,
detalhou os esforços do órgão para adquirir vacinas. Segundo Setti, o Consórcio
iniciou tratativas com 12 fabricantes de vacinas, que informaram que a
comercialização de imunizantes está sendo realizada apenas para o governo
federal e a Organização Mundial de Saúde (OMS). "No momento, não é
possível avançar na compra de vacinas", disse.
Oxigênio - O coordenador-geral da Defesa Civil do
Paraná, coronel Fernando Schunig, explicou que o órgão está realizando um
trabalho para arrecadar cilindros de oxigênio que estão sendo distribuídos para
instituições de saúde. De acordo com Schunig, o Estado já recebeu 264
cilindros. "Eles estão sendo distribuídos conforme uma lista de
prioridades da Secretaria Estadual da Saúde", informou.
Segundo o órgão, empresas e pessoas físicas podem ajudar a
evitar a falta de oxigênio. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil
disponibilizou um número de telefone, com atendentes disponíveis 24 horas por
dia, para quem puder doar ou emprestar cilindros de oxigênio O objetivo é
aumentar os estoques no Estado, comprometidos com o aumento de internações
causadas pela Covid-19. Quem quiser doar basta só ligar para o número (41)
3281-2532. As doações podem ser feitas de qualquer lugar do Paraná e os
cilindros poderão ser devolvidos.
Por fim, o diretor do Hospital San Julian, Ricardo
Sbalqueiro, falou sobre os impactos da Covid-19 em hospitais psiquiátricos e os
prejuízos da doença à saúde mental das pessoas. Ele explicou como, além da
contaminação, o vírus tem outras consequências na vida das pessoas, resultando
no aumento da depressão e suicídios. "Temos um cenário bastante
agravado", explicou.
Mini usinas – O deputado Reichembach (PSC), que
participou da reunião, sugeriu que sejam instaladas mini usinas de oxigênio nos
municípios paranaenses. “Esta é uma solução emergencial que tem sido adotada em
algumas cidades do Sudoeste, o que vai gerar um alívio para os hospitais e
famílias que têm seus entes queridos internados e precisando deste recurso”,
afirma.
Segundo o deputado, Ampére, Santa Izabel do Oeste e Dois
Vizinhos são exemplos de municípios que aderiram à iniciativa, e que poderão
abastecer os cilindros dos hospitais in loco. Francisco Beltrão deve iniciar a
instalação da usina ainda esta semana. Além disso, também poderão ser
abastecidos os equipamentos utilizados em ambulâncias, e os cilindros de
pacientes que fazem uso do oxigênio para o tratamento em casa. Clevelândia e
Mariópolis, ambos municípios do Sudoeste, se uniram para a instalação da mini
usina, um investimento de cerca de R$ 300 mil, com capacidade de 161,28 metros
cúbicos produzidos por dia.
Participações - Também participaram da reunião, realizada de forma remota, os deputados Soldado Fruet (PROS), Alexandre Amaro (REP), Arilson Chiorato (PT), Luciana Rafagnin (PT), Tadeu Veneri (PT), Cristina Silvestri (CDN) e o deputado federal Toninho Wandescheer (PROS).