Política
‘Vaquinha’ para campanha eleitoral divide deputados de PG
Parlamentares da esfera estadual e federal expuseram aspectos diferentes sobre o mecanismo de arrecadação online que estreia em 2018
Afonso Verner | 17 de maio de 2018 - 06:10
Mais dez empresas foram autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a arrecadar, por meio do crowdfunding (uma espécie de vaquinha virtual), recursos para financiamento coletivo de campanhas eleitorais pela internet em 2018. A possibilidade de arrecadar valores a serem usados na campanha a partir de doações na internet divide os deputados estaduais e federais com base política em Ponta Grossa.
A reportagem do Jornal da Manhã e do portal aRede consultou os deputados estaduais Marcio Pauliki (SD), Plauto Miró (DEM) e Péricles de Mello (PT), além dos parlamentares Aliel Machado (PSB) e Sandro Alex (PSB) que atuam em Brasília. Virtuais candidatos à reeleição (todos já demonstraram vontade de disputar a eleição para algum cargo eletivo em outubro), as lideranças divergiram sobre a possibilidade de arrecadação.
Pauliki vê mecanismo com bons olhos
Marcio Pauliki (SD) foi eleito deputado estadual em 2014 e
em 2018 quer disputar o cargo de deputado federal – em 2012 ele estreou na vida
pública disputando o cargo de prefeito de Ponta Grossa. Pauliki vê “com bons
olhos a vaquinha virtual”, o deputado argumenta que essa seria uma “grande
ferramenta para democratizar o sistema eleitoral e, além disso, é uma
ferramenta legalizada que possibilita maior participação e engajamento dos
eleitores”, afirma.
Sobre o desempenho do mecanismo, Pauliki afirma esperar que
a ‘vaquinha’ virtual “dê certo”. “É uma
forma de estimular a participação da sociedade no pleito”, conta o deputado
estadual. Questionado sobre a melhor forma de financiamento eleitoral, Marcio defendeu
um sistema misto. “Sou contra o autofinanciamento completo da campanha que
beneficiaria alguns e prejudicaria outros, tirando a igualdade de condições na
disputa eleitoral”, contou.
“Acredito que a melhor maneira seria permitir a doação de simpatizantes na campanha dentro de um limite estabelecido legalmente”, disse o parlamentar. “Ainda acredito que a sola de sapato e a saliva ainda são ferramentas mais eficientes dentro de uma campanha eleitoral”, destaca o deputado do Solidariedade.
Plauto é favorável ao autofinanciamento
Já Plauto Miró (DEM) cumpre o sétimo mandato como deputado estadual
e em 2018 deverá buscar o aval das urnas para o oitavo mandato consecutivo na
Assembleia Legislativa. Ao contrário de Pauliki, Plauto é favorável ao
autofinanciamento das campanhas eleitorais em 2018. O parlamentar é também
favorável a vaquinha online, mas ainda não decidiu se vai ou não utilizar o
mecanismo.
Via assessoria de imprensa, o democrata destacou que o eleitor não está suficientemente preparado para esse tipo de ação. “Possivelmente, as campanhas majoritárias terão mais sucesso nessa primeira experiência. A arrecadação para a campanha deve ser feita por meio legais, em conformidade com a legislação eleitoral”, disse Plauto.
Péricles defende financiamento público
O petista Péricles de Mello (PT) é o único a defender o
financiamento público entre os deputados estaduais. Sobre a vaquinha virtual,
Péricles acredita que o mecanismo é “melhor que o financiamento de empresas”,
mas ressalta que ele deverá beneficiar os candidatos e os eleitores com maiores
rendas e, consequentemente, maiores condições de doar para as campanhas
eleitorais.
Péricles destaca que ainda é cedo para saber se haverá adesão ao mecanismo regulamentado pelo TSE. “A forma mais correta seria o financiamento público das campanhas, com o Estado fazendo a mediação entre os desiguais, entre os candidatos mais pobres e aqueles mais ricos. Acredito que dessa forma haveria mais igualdade na disputa por cargos eletivos”, destaca o petista.
Deputados federais com base política em Ponta Grossa
Sandro acredita que
não haverá adesão
Cumprindo o segundo mandato como deputado federal, Sandro
Alex (PSD) duvida da eficiência do mecanismo de vaquinha online para
financiamento de campanhas políticas. Virtual pré-candidato a reeleição para
uma vaga em Brasília, Sandro acredita que “diante do quadro político seria ingenuidade”
por parte dos políticos acreditar nesse tipo de doação. “Principalmente por
parte daqueles políticos que tem que dar mais respostas à população do que
cobrar participação financeira da comunidade”, disse.
O deputado do PSD lembra que o financiamento por parte do
eleitor acontece em sociedades em que a ideologia partidária é mais intensa,
como no caso dos EUA. “Eu defendo o financiamento feito por pessoa física, mas
fomos vencidos durante o debate sobre a reforma política. O ideal mesmo é que a
campanha fique mais barata em 2018”, apontou o deputado federal.
Aliel crê em criação
de ‘elo político’
Eleito para o primeiro mandato como deputado federal em 2014, Aliel Machado teve o menor custo de campanha entre os eleitos para os cargos de deputado federal e estadual com base política em Ponta Grossa, com cerca de R$ 500 mil investidos. Para o parlamentar que deverá buscar a reeleição em outubro, a vaquinha online poderá criar um ‘elo político’ entre eleitores e candidatos.
“Aquele cidadão que doar R$ 5, por exemplo, vai se sentir
muito mais próximo do projeto político e com muito mais direito de cobrar e
fiscalizar aquele candidato. Acredito que esse é um elo político importante
entre as pessoas e os candidatos”, contou Machado. Apesar disso, o deputado
federal contou que a equipe ainda estuda se irá ou não utilizar o mecanismo de arrecadação
em 2018.