Editorial
Sanepar perde credibilidade junto aos ponta-grossenses
Da Redação | 21 de março de 2025 - 00:10

Quando é que a população vai poder voltar a acreditar na Sanepar? A Companhia garantiu que na quarta-feira (19), aconteceria o abastecimento gradativo de água em todas as vilas, e que nessa quinta-feira (20), a água estaria 100% restabelecida em toda a cidade, de forma linear. Porém, não foi isso que aconteceu.
Parte da população se animou com o retorno da água na quarta-feira, imaginando que seria definitivo. Depois de até quatro dias sem água, na empolgação do retorno do bem precioso, não imaginaram que a falta poderia acontecer novamente, e sequer se preocuparam em armazenar água – afinal, houve a garantia do restabelecimento até o dia 20. E foram surpreendidos novamente com a falta d’água. Apenas os mais desconfiados e prevenidos que acabaram guardando – e acertaram.
Nem todos os moradores foram afetados com essa nova falta, que é um percentual menor em relação àqueles 70% que ficaram sem água por dias seguidos. Mas mesmo assim: para quem já ficou tanto tempo sem água, de domingo a quarta, ter água, e ver ela ‘sumir’ novamente, é frustrante e indignante.
Na prática, o que houve é que ao voltar o abastecimento, que precisa ocorrer de forma gradativa, para não causar rompimentos indesejados na rede, foi detectado algum problema, além de um alto volume de consumo, pelo enchimento das caixas d’água. Nisso, algumas regiões foram afetadas por essa pressão, especialmente as regiões mais altas e mais distantes. A Sanepar então anunciou, nesta quinta-feira, a realização de uma “manutenção emergencial em uma válvula reguladora de pressão na rede de distribuição”. Máquinas são máquinas e falhas podem acontecer.
Mas a verdade é que, independentemente de tudo, faltou planejamento. E é obvio que aquilo que é feito de forma emergencial, o risco de acontecer algum erro é plausível – até mesmo com a gente isso acontece; quantas vezes tentamos fazer algo que planejamos, achamos que seria fácil, e surgiram outros problemas que atrasaram tudo? Porém, nada disso teria acontecido se os investimentos previstos fossem aplicados no decorrer dos anos e a cidade já tivesse com infraestrutura maior no abastecimento. Qualquer obra seria feita com o tempo necessário, sem atropelos e problemas maiores no caso de imprevistos e atrasos.
O que mais deixa a população indignada é que Ponta Grossa é rica em água. Sua bacia hidrográfica é vasta, com ampla disponibilidade de água potável. E parte da população está sem água tratada, sofrendo há mais de um mês. A promessa era de normalização até às 23 horas dessa quinta-feira. A ver se tudo voltou. Enquanto isso, até quando vamos continuar tendo que ter garrafões sempre cheios, com água potável guardada, nesse eminente risco da falta? É o famoso ditado “gato escaldado tem medo de água fria”.