Editorial
A alta carga tributária e os desafios do novo governo
Da Redação | 25 de janeiro de 2023 - 00:00
O ano de 2022 foi marcado por um recorde de recolhimento de impostos federais. No Brasil, R$ 2,2 trilhões foram pagos aos contribuintes apenas para o Governo Federal – nessa conta não entram os tributos estaduais, como ICMS e IPVA, e nem os municipais. Nunca se arrecadou tanto imposto federal no Brasil como neste ano. Na região abrangida pela delegacia regional da Receita Federal do Brasil em Ponta Grossa, mais de R$ 7 bilhões foram arrecadados em impostos federais junto aos 64 municípios.
O Brasil é um dos países em que mais se paga imposto no mundo. Dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que o país é o segundo que mais cobra impostos de empresas, na casa dos 34%. O crescimento na arrecadação de 2022, aliás, foi impulsionado justamente pelo Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, o que representa um aumento no lucro das empresas, especialmente em dezembro.
Mas não são apenas as empresas impactadas pela alta tributação: a cada ano que passa, mais pessoas físicas estão obrigadas a pagar o Imposto de Renda (IRPF). Isso ocorre pela desatualização da tabela de valores mínimos para o pagamento do tributo, que segue a mesma desde 2015 (de R$ 28 mil em ganhos anuais). Com o aumento anual do salário mínimo, mais pessoas estão sendo obrigadas a desembolsar um valor para o Governo Federal. Chegou ao cúmulo, agora em 2023, de uma pessoa que ganha cerca de um salário mínimo e meio, ter que pagar um imposto que incide sobre a sua renda.
O pior de tudo é que toda a população tem a sensação de que esse dinheiro não é utilizado como deveria. Sensação que se torna indignação e uma certeza quando se observa a quantidade de pessoas que vivem em condições precárias. Milhões de famílias que sequer têm uma moradia, sequer tem uma água encanada, um saneamento básico – alguns deles nem mesmo energia elétrica tem. Números do Instituto Trata Brasil apontam que em plena década de 2020, quase 100 milhões de brasileiros (44,2%) não tem acesso à coleta de esgoto. Isso é inadmissível.
O novo governo, eleito em 2022, tem olhos para o social. Mais do que vontade, é preciso agilizar as políticas e agir o quanto antes para voltar a reduzir as desigualdades imensas desse imenso país. Reforma tributária, investimentos em infraestrutura, em saneamento e em projetos sociais precisam sair do papel, em um projeto que priorize a humanidade, para que a população do ‘país do futuro’ possa voltar a ter esperanças de ser, realmente, um país do futuro.