Editorial
Kit covid e o tratamento precoce dividem opiniões
Da Redação | 24 de março de 2021 - 01:44
Praticamente um dia depois de o portal aRede e Jornal da
Manhã detalharem o Projeto de Lei (PL 35/2021) que dispõe sobre a
disponibilização gratuita de kits de medicamentos para o tratamento precoce da
covid-19 na rede SUS do Município durante o período de pandemia, a Associação
Médica de Ponta Grossa anunciou a criação Centro de Atendimento à Covid (CAC)
Ponta Grossa, destacando que os protocolos são similares aos da literatura
médica com drogas confiáveis e testadas, com segurança comprovada por décadas
de uso, e que neste caso estão reposicionadas para o enfrentamento da pandemia.
A entidade ressalta que o reposicionamento de medicamentos é
uma frequente na prática da medicina, fazendo parte dos diversos protocolos
aplicados em inúmeras cidades e centros similares no Paraná e Brasil. A intenção,
afirma, é absolutamente isenta de interesse político ou mesmo pecuniário, buscando-se
salvar vidas e mitigar o sofrimento do povo, com substancial diminuição,
conforme literatura, do número de internamentos e do número de óbitos.
Este assunto é polêmico e vai dividir a opinião pública. Mais
de um ano depois de a pandemia chegar ao Brasil, o presidente Jair Bolsonaro
continua defendendo a prescrição de medicamentos como hidroxicloroquina e
ivermectina, embora diversas pesquisas científicas apontem que esses remédios
não têm eficácia no tratamento de covid-19.
Mas, evidências científicas apontam que esses remédios não
têm efeito de prevenção ou tratamento precoce de covid. E médicos de hospitais
de referência afirmam que a defesa e o uso do "kit covid" contribuem
de diferentes maneiras para aumentar as mortes.
A cloroquina e hidroxicloroquina são os principais
medicamentos recomendados por quem defende o tratamento precoce. No entanto, a
OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda devido a possíveis efeitos
colaterais e nenhuma comprovação científica sobre a eficácia do medicamento.
Em Curitiba, o prefeito Rafael Greca (DEM) e a secretária da
Saúde Márcia Huçulak descartam o uso desses remédios, afirmando que Ivermectina
não mata vírus. Se a cloroquina fizesse alguma coisa, Manaus não teria casos,
já que lá o medicamento é usado devido à malária.