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Disco retrata pessoas, discute questões sociais e chama à reflexão

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Por Sebastião Natalio

‎Guilherme Santos, o Guile Santos, é, sem dúvidas, um dos artistas mais versáteis da Princesa dos Campos, isso na minha nada sofisticada opinião. Trata-se de um multiinstrumentista, cantor e compositor de primeira linhagem, cujo nome está envolvido em um punhado de produções em Ponta Grossa. Do pop ao rap, do rock ao funk, passando pela MPB na sua textura mais clássica, que ele executa com maestria. E ainda sobra tempo pra construir edifícios, como engenheiro, e se apresentar na noite dos bares.

‎Guile acaba de lançar "Persona", disponível no canal YouTube, um trabalho que como o próprio nome diz, é bastante pessoal. Segundo o próprio músico, "é um disco sobre pessoas, ou tipos de pessoas, pais, amigos, amores, pessoas que já se foram e pessoas que chegaram ao mundo há pouco". Isso que ele diz, você vai ouvir em "Janet", por exemplo, uma homenagem à mãe, cheia de brasilidades, a começar pelo "feijãozinho" feito por ela. Na música  ainda cabem Toto, o pai de criação, e Tata o pai biológico, com os quais traça a sua convivência. A música é uma costura das relações familiares com todos os contornos que ela possa ter.

‎Além de Janet, no lado A, o ouvinte vai encontrar "Lemon", que remete a qualquer coisa de Lincoln Olivetti, Marcos Valle e outros mestres do swing; "Valsa das Estrelas", composta em parceria com Paulo Vergara, fala de alguém em outros planos, e, por fim, "Plantar e Colher", canção com apelo social bastante atual, voltada à questão da terra e a distribuição dos alimentos àqueles sem condições de tê-los à mesa.

‎No lado B, de "Persona", o destaque vai para "Bilionários", sem desmerecer a qualidade das demais. Talvez a música mais simples do disco, com voz e violão, apresentada no 36⁰ Festival Universitário da Canção (FUC), realizado pela UEPG, pra quem destinei meu voto popular, mas sem sucesso.  Critérios! A canção fala de um momento nefasto pelo qual o país passou e que em ciclos, volta a se repetir. É uma crítica àquele 0,1% mais rico, que manda no país, desde a política. É uma música de protesto contra os danos ao meio ambiente, mas sem a pieguice que ronda esses assuntos, com mais gente interessada em estar em evidência do que, de fato, o respeito ao tema.

‎Outro destaque do B, é "Anaterra", adaptada do "Poema 19", da poeta e mãe, Indianara Santos. Na poesia ela fala da filha ainda menina, mas que já é uma mulher e será outra mulher, com sua coragem e seus medos e em quem a mãe vai se ver um dia. Um senhor naipe de metais, formado por Anthonny Felipe, no sax tenor, Fábio Barbosa, no trompete, Marcos Lemes, no trombone e Nicolas Salazar, no Sax Tenor, dá um tom jazzístico pra uma música de embalar sonos infantis (e adultos). 

‎Alguma coisa dos grooves de Wilson Simonal e de novo, Lincoln Olivetti, aparece em "Coroné", um trocadilho para "coro, né?!", composto por um coro formado pela namorada de Guile, Ana Paula Melo, e Felipe Steurer. E por fim, um rap aparece em "Pensando Alto", música que fala de outro período nefasto, a pandemia, que dilacerou muitas almas, com mais de 700 mil mortes, doenças e descaso, mas que não nos tirou o poder de criação. O que seria o fim. Nela, o músico faz um convite à reflexão sobre as coisas a nossa volta.

‎Para compor "Persona", Guile Santos contou com uma leva de grandes músicos locais, bastante escaldados de noites, bandas e shows nas quais atuam. Entre as grandes referências está o saxofonista Nicolas Salazar, figura necessária da música paranaense. Na bateria, o destaque é Eric Santana, na maioria das composições, com Luis Fernando Diogo, em "Pensando Alto", acompanhado do DJ e ator, Johnny Freitas, nos scratchs.

‎"Persona" está disponível na plataforma YouTube, mas como ele não é listado é preciso enviar uma mensagem ao músico pedindo o link. Em breve, a produção sairá em K7 e em CD. Em LP, vai depender da demanda. Vale lembrar que Guile Santos já tem na praça o LP "Passo Repasso", que também pode ser encontrado nas principais plataformas de estreaming. Diferente de "Persona",  trata-se de um disco mais dançante, cheio de ritmos. Vale a pena conferir.

Sebastião Natalio é jornalista e artista visual

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