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A arapuca estadunidense: uma Lava Jato mundial

Imagem ilustrativa da imagem A arapuca estadunidense: uma Lava Jato mundial

Por Mário Sérgio de Melo

Esse é o título de livro de dois franceses (F. Pierucci e M. Aron, Kotter Editorial, 2019) que conta como uma lei dos EUA é usada para favorecer interesses desse país no mundo todo. Em 2018 essa lei, aplicada com distorções e ilegalidades, serviu para a General Electric estadunidense engolir a francesa Alstom, concorrente mundial na área de usinas nucleares. O título do livro não poderia ser mais acertado: trata-se de uma arapuca destinada a eliminar qualquer concorrente dos interesses dos EUA no mundo.

No Brasil, a operação Lava Jato começou em 2014, quando o País e suas empresas (Petrobrás, Odebrecht, Embraer e outras) prosperavam a ponto de provocar a punição dos EUA, que não tolera concorrentes: elimina-os. Não eram só as empresas brasileiras, era o Brasil se tornando uma potência. Os dirigentes da Lava Jato foram treinados pelos serviços de inteligência dos EUA. Depois das denúncias da Vaza Jato – que em 2019 revelou as falcatruas da operação e anulou-a – Sérgio Moro, seu principal agente, tornou-se sócio da empresa Alvarez & Marsal nos EUA, dedicada a explorar os despojos das empresas brasileiras. A Lava Jato não foi operação destinada a combater a corrupção. Foi destinada a sangrar empresas brasileiras e a perpetrar os golpes políticos que seguiram, e frearam a caminhada do Brasil rumo à plena democracia e à soberania.

Agora (2025), o governo Trump dos EUA ameaça a aplicação das leis extraterritoriais – valem no mundo todo – para além da economia. Ele quer penalizar autoridades de países – sobretudo na América Latina – que “trabalhem para restringir os direitos de cidadãos estadunidenses”. No caso, as autoridades são ministros do STF – Alexandre de Moraes e outros –, e os direitos dos cidadãos estadunidenses são postagens nas plataformas digitais e redes sociais do Tio Sam que disseminam ilegalidades, como a desinformação, discursos de ódio e de ataque às instituições e à democracia. Ou seja, Tio Sam já não tem mais vergonha de escancarar seu empenho em submeter os países que ousam tentar ser soberanos. Quer mantê-los eternas colônias. As ilegalidades que a regulamentação da internet tenta banir são uma ameaça para a estabilidade política e econômica do Brasil. E representam uma poderosa arma da guerra cognitiva que faz os brasileiros elegerem, numa aparente democracia, lobos travestidos de cordeiros para cuidar do rebanho.

A guerra cognitiva usa armas que idiotizam o ser humano. Ela usa tecnologia avançada, entre elas a comunicação digital, embasada na neurociência e na manipulação do comportamento humano. O condicionamento para comportamentos insólitos, tal como acreditar que fisiologismo, clientelismo e oportunismo sejam predicados de um bom homem público, é perpetrado pela guerra cognitiva. E ela é tanto mais eficaz quanto mais frágil for a capacidade de refletir e discernir da população.

Precarização da educação, guerra cognitiva, desregulamentação da internet, sabotagem à soberania e prosperidade do Brasil são temas intimamente ligados.

Mário Sérgio de Melo é Geólogo, professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG

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