PUBLICIDADE

Construção civil em alerta: falta de pessoas amplia a força dos dados

Imagem ilustrativa da imagem Construção civil em alerta: falta de pessoas amplia a força dos dados

Por Marcus Granadeiro

Atualmente, a construção civil enfrenta um grande problema envolvendo a falta de mão de obra qualificada, cenário que não é exclusivo do Brasil, mas sim um fenômeno mundial. O NCCER (National Center for Construction Education and Research), fundação voltada ao desenvolvimento profissional deste setor nos Estados Unidos, indica que 41% da atual força de trabalho deste mercado estará aposentada em 2030 e não há previsão para a reposição desses trabalhadores, o que impede a manutenção do mesmo volume de profissionais.

A escassez de mão de obra, além de gerar um aumento de custo direto também traz gastos indiretos, como atrasos nos cronogramas, retrabalhos ou menor qualidade de entrega.

Para combater este problema, muitos buscam a Inteligência Artificial (IA) e, nesse caso, o desafio é rever como adquirir, validar e conceber da forma que fazemos hoje, integrando essa ferramenta à inteligência humana. No mundo da construção, isso significa, de forma mais objetiva, entender como transformar os dados e informações não estruturadas, como imagens rasterizadas - ou seja, composta por pixels, nuvem de pontos, solicitações de informações e propostas, e-mails, fotos e desenhos 2D, entre outros, em dados estruturados para tomada de decisão. Neste contexto, os dados estruturados são sinônimo de BIM (Building Information Modeling) - metodologia de trabalho que cria e gere modelos digitais de construção.

Com o BIM é possível ter mais agilidade para fazer eventuais replanejamentos para otimizar ao máximo os recursos disponíveis, gerando, assim, informações confiáveis para tomadas de decisões. Vale lembrar que aprimorar o projeto sob a visão da construtibilidade, e não apenas sua forma final, é outro diferencial.

Além disso, a geração de uma documentação diferenciada para a comunicação com esta força de trabalho menos qualificada é outro ponto a ser abordado. Com base nos modelos BIM, é possível gerar um material que esteja em linha, por exemplo, com a Geração Z, ou seja, os nascidos entre 1995 e 2010. Essa medida é de extrema importância, já que, nas gerações anteriores, os padrões de desenho eram diferentes; são da época em que as pessoas liam livros. Mas hoje estamos na era do Tiktok, ou seja, uma melhor comunicação reduzirá retrabalho e trará mais produtividade aos novos profissionais do setor.

Integração é outro ponto nevrálgico, pois, para se obter a agilidade que o cenário demanda, é preciso eliminar os silos de informação. No processo tradicional, os dashboards e relatórios utilizados para a tomada de decisão são manipulados. Mas, em um processo BIM, a informação passa a ser única e automática, evitando perda de dados entre as etapas de planejamento, projeto, obra e operação.

Há ainda outro tema sensível, envolvendo uma decisão que será divisor de águas em termos de resultados e futuro: a adoção de um sistema fechado ou aberto de BIM, chamado OpenBIM. Normalmente, o sistema fechado parece mais simples, fácil e costuma ter o apoio do marketing das grandes empresas de software. Porém, a adoção do sistema aberto pode ser uma alternativa mais promissora a longo prazo. É importante entender que o OpenBIM não significa usar softwares de código aberto, mas usar padrões de dados abertos, no qual se pode passar a ter a escolha de qual software se usará, inclusive sendo possível fazer a troca de software sem nenhum prejuízo ao legado.

Todo esse cenário apresentado, somado ao problema que o setor está enfrentando, reforça a necessidade da participação do nível estratégico da empresa nas definições sobre BIM, sendo um erro deixá-lo na competência exclusiva dos técnicos. Estamos tratando de um problema de negócio. Temas como IA e BIM são conceitos técnicos, mas a sua maneira de aplicação dentro das empresas é um fator extremamente estratégico.

*Marcus Granadeiro é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, membro do RICS - Royal Institution of Chartered Surveyors (MRICS), certificado em Transformação Digital pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e sócio-diretor do Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia, que é parceira em treinamento e certificação da buildingSMART Brasil.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MAIS DE DEBATES

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

DESTAQUES

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MIX

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE