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A melhor seleção brasileira de todos os tempos

Imagem ilustrativa da imagem A melhor seleção brasileira de todos os tempos

Por Giovani Marino Favero

Barbosa; Augusto, Juvenal; Bauer, Danilo, Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair, Chico. 

Durante a Copa do Mundo de 2014, perguntei ao meu sogro, Seu Rosney Ricetti, qual havia sido a melhor seleção brasileira de todos os tempos, e ele, com a voz enfraquecida e os olhos marejados, respondeu que era a seleção de 1950. 

Aquela resposta me impactou. Instintivamente, pensei que ele mencionaria o esquadrão de 1970 ou o time maravilhoso que conquistou a primeira Copa em 1958, mas não. Para ele, a melhor seleção era o grupo que foi vice-campeão no Maracanã, de forma trágica, após sair ganhando por um a zero e sofrer a virada diante de mais de duzentas mil pessoas. 

Questionei o motivo de essa ser a melhor seleção. Ele, então, me contou onde e como cada jogador atuava: Barbosa, goleiro do Vasco da Gama, era o guardião da meta, responsável por defender os chutes adversários e organizar a defesa. Augusto, zagueiro direito também do Vasco da Gama, formava a defesa ao lado de Juvenal, zagueiro esquerdo do Flamengo. Bauer, volante direito do São Paulo, era um dos meio-campistas, incumbido de marcar, recuperar a bola e auxiliar na transição entre defesa e ataque. Danilo, volante central do Vasco da Gama, era o principal marcador, dando suporte à defesa. Bigode, volante esquerdo do Fluminense, completava o meio-campo. Friaça, ponta direita do Vasco da Gama, era veloz e criava jogadas pelas laterais, especialista em cruzamentos. Zizinho, meia direita do Bangu, era o armador genial da equipe. Ademir, centroavante do Vasco da Gama, era o artilheiro, jogando mais avançado e focado em finalizar. Jair, meia esquerda também do Vasco da Gama, completava o meio-campo ofensivo, ao lado de Chico, ponta esquerda do mesmo clube. 

Obviamente, após a explicação, comentei rindo que, com tanto jogador do Vasco, o time tinha que ser vice mesmo. Ele não gostou muito da brincadeira, mas riu, sempre gente boa como era. 

Pensei comigo: talvez não fosse a melhor seleção, mas a que mais me divertiu, sem dúvida, foi a de 1998. Também perdemos a final, mas eu estava na faculdade, os jogos eram à tarde, sempre havia uma turma para assistir e confraternizar. As festas pós-jogo eram uma loucura na cidade. Taffarel (goleiro), Cafu (lateral), Aldair (zagueiro), Júnior Baiano (zagueiro), Roberto Carlos (lateral), Dunga (meio-campo), César Sampaio (meio-campo), Rivaldo (meio-campo), Leonardo (meio-campo), Ronaldo (atacante), Bebeto (atacante). 

Se me perguntam, eu digo que a melhor foi a de 1982, mas eu tinha apenas 4 anos e, embora tenha visto todos os jogos várias vezes (e ainda os tenho em DVD), a que mais me divertiu foi a de 1998. 

Dez anos depois daquela conversa, meu sogro já não era o mesmo. Internado, a senilidade o fazia oscilar entre a realidade e as memórias fragmentadas. Minha esposa me pediu que o estimulasse com conversas, especialmente sobre o passado. 

Num dos raros momentos de lucidez, sentei ao lado dele e perguntei: — Seu Ney, o senhor se lembra da escalação do Brasil de 1950? 

Com um fio de voz, ele fechou os olhos por um momento e respondeu: — Barbosa; Augusto, Juvenal; Bauer, Danilo, Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair, Chico. 

Não segurei as lágrimas. Ali, naquela resposta, estava mais do que a memória de um time. Estava a alma de um homem que nunca deixou de acreditar no jogo bonito. 

*  Rosney Ricetti faleceu dia 05 de Setembro de 2024 aos 89 anos de idade. 

O autor é professor associado do Departamento de Biologia Geral da UEPG. 

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