Debates
As polêmicas sobre o Pix e os riscos para o pequeno empreendedor
Da Redação | 17 de janeiro de 2025 - 01:13
Por Wilson Pedroso
Em uma explicação simples, o Pix é o sistema brasileiro para
pagamentos instantâneos, criado pelo Banco Central para garantir agilidade na
transferência de recursos entre contas, incentivar as transações eletrônicas e
promover alavancagem do mercado, entre outras questões. A ferramenta começou a
funcionar no fim de 2020, no governo de Jair Bolsonaro, e rapidamente tornou-se
uma unanimidade entre os brasileiros, que facilmente renderam-se às suas
vantagens.
Nos últimos dias, no entanto, o Pix passou de mocinho a
vilão. O país todo viu surgir uma onda de notícias negativas sobre a suposta
taxação desse tipo de transação financeira. As notícias falsas viralizaram e
tomaram conta da Internet, redes sociais, mesas bares e conversas em família.
Felizmente, com a mesma rapidez com que surgiu, a avalanche de desinformação
também se diluiu.
Sim, é verdade, o Pix não será taxado. Porém a real
preocupação é outra.
Todas as discussões envolvendo o Pix nasceram quando
começaram a ser publicadas informações sobre as novas normas da Receita Federal
para monitoramento das transações financeiras. A partir de 1º de janeiro de
2025, as instituições bancárias terão a obrigação de informar ao Fisco as
operações via Pix com valores acima de R$ 5 mil por mês, no caso de pessoas
físicas, e R$ 15 mil mensais, no caso de pessoas jurídicas.
A alegação é de que a medida vai colaborar para
identificação de movimentações suspeitas e no combate a fraudes. Na prática, a
Receita deverá cruzar dados para fiscalizar pessoas físicas ou jurídicas que
realizem transferências com montante acima da renda declarada. E é essa, na
verdade, a grande questão a ser observada em torno do monitoramento do Pix. O
medo é de que ele seja usado como instrumento fiscal contra a população de
baixa renda, gente simples e trabalhadora que ganha a vida na informalidade.
São grandes as críticas contra o monitoramento das
movimentações dos pequenos empreendedores e a oposição já se movimenta.
Bolsonaro, por exemplo, fez uma publicação nas redes sociais dizendo que as
medidas de monitoramento do Pix são uma “covardia” de Lula “com os mais
pobres”. O deputado federal Nikolas Ferreira também publicou vídeos com
críticas às consequências dessa nova medida.
Na tentativa de reverter a repercussão negativa, a Receita
Federal tem empenhado esforços de comunicação no sentido de disseminar a
informação de que o monitoramento não vai mirar os pequenos, mas que busca
identificar os grandes casos de lavagem de dinheiro ou ocultação de patrimônio.
O posicionamento da Receita Federal indica que a população
da baixa renda não deverá ser monitorada com rigidez. Isso, no entanto, não
quer dizer que essa vigilância não possa ser feita, uma vez que as novas normas
abrem essa possibilidade de forma deliberada.
E quem é que vai pagar para ver? Como resultado,
cabeleireiros, pipoqueiros, vendedores ambulantes, motoristas de aplicativos,
entre tantos outros, deverão abandonar o Pix para voltar a solicitar pagamento
em dinheiro. Um retrocesso.
A forma como o Governo e a Receita Federal vão conduzir o monitoramento do Pix será decisiva para os próximos desdobramentos do tema. 2026 está logo ali.
*Wilson Pedroso é analista político e consultor eleitoral,
com MBA nas áreas de Gestão e Marketing