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Feliz 2025, Brasil!
Da Redação | 31 de dezembro de 2024 - 02:11
Por Mário Sérgio de Melo
Para simplificar, diante da insólita e nada inspiradora realidade
dos tempos atuais, vamos resumir os votos para o Brasil – e para o mundo – para
o ano de 2025 em duas palavras: discernimento e solidariedade. Discernimento
para nos dar lucidez para compreender a realidade, enxergar a verdade.
Solidariedade para que usemos a compreensão da realidade com o propósito de
trazermos à tona a tolerância e a empatia, que cooperam para a fraternidade e a
paz.
Discernimento é sem dúvida um atributo abençoado e,
atualmente, vital, dada sua escassez. Com certeza os seres humanos nunca antes
estiveram tão bombardeados por informações e desinformações. Distinguir entre
as duas é essencial para que consigamos escapar do logro de embusteiros
alucinados pela loucura ou pela ambição desmesurada. E que, no seu desvario e
obstinação, não medem as consequências das mentiras que disseminam, dos
desastres ambientais, sociais, econômicos e éticos que deflagram. Os falsos
profetas do mundo atual alimentam-se da falta de lucidez e da incúria humanas.
Mas, lúcidos e cuidadosos, seremos capazes de construir um mundo melhor em
2025.
Solidariedade é essencial num mundo globalizado, com mais de
oito bilhões de habitantes, de contextos, raças, culturas, crenças, valores e
idiomas diversos. Ela é uma bênção que desencadeia muitas outras: empatia,
compaixão, perdão, igualdade, liberdade, tolerância, despojamento, humildade
são algumas delas. Elas conduzem à convivência pacífica, respeitosa,
edificante, amorosa. A solidariedade vai nos mostrar que conviver
respeitosamente com o diferente nos enriquece. O diferente nos acrescenta
saberes e olhares que desconhecíamos. Junto com o discernimento, a
solidariedade vai fazer 2025 um ano com mais esperanças e realizações.
Oxalá consigamos praticar estas duas bênçãos – discernimento
e solidariedade – dentro de nós mesmos. Se formos capazes de personificar estas
dádivas, decerto contagiaremos com nosso exemplo aqueles com quem convivemos. É
tempo de plantarmos a semente do bem viver e cuidá-la com todo carinho, com
todo zelo. Um dia ela irá germinar e florescer, ainda que demore algum tempo
para isso. Então é termos perseverança e paciência. Tal como a água, que fluida
se adapta, mas teima, até que transforma o rígido rochedo na macia areia do rio
e da praia.
As maiores bênçãos que poderíamos desejar para 2025 já nos
foram concedidas, há muito tempo. A primeira delas é este planeta
extraordinário, que nos concedeu e sustenta o milagre da vida. A outra é a
engenhosidade humana, que nos faz capazes de criar e de refletir. Nossas
crenças nos falam de céu e inferno, numa vida futura. É tempo de enxergarmos
que na vida presente foi-nos concedido o céu, esta Terra que nos supre todas as
carestias. Que saibamos, então, empregar a inteligência para não transformá-la
num inferno. Urge acordar, reconhecer e reverenciar o milagre da Mãe Terra.
Discernimento e solidariedade são qualidades que dormem dentro de nós. Vamos resgatá-las e praticá-las em 2025.
Mário Sérgio de Melo é Geólogo, professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG