Debates
O BBB22 e a evidenciação do vitimismo manipulador
Da Redação | 30 de abril de 2022 - 01:01

Por Andréa Ladislau
Chegou ao fim mais uma edição do Big Brother Brasil. Neste
ano de 2022, com participantes preocupados em não serem cancelados no mundo
real, muitas emoções ficaram evidentes à medida que o programa evoluía.
O reality trouxe à tona diversas personalidades
comportamentais que demonstram a importância permanente do gerenciamento de
nossas emoções, ofertando benefícios no melhor entendimento e compreensão do
que estamos sentindo e da necessidade de não agir apenas por impulso.
Muitos participantes, denominados pipocas ou camarotes,
dentro da dinâmica de vitrine do programa, evidenciaram suas forças e suas
fragilidades no desenrolar da edição. É evidente que o jogo aflora sentimentos
nocivos ao ser humano e, à partir daí, teremos os eliminados e ao fim o (a)
vencedor (a).
Em vários momentos, alguns participantes utilizaram o
recurso, mesmo que inconsciente, de vitimismo emocional para permanecer no
jogo, atraindo olhares e votos favoráveis do público. Tendo como ônus, a
rejeição dos demais integrantes da casa que é vigiada e monitorada por mais de
50 câmeras.
E o que seria esse o Vitimismo Manipulador? Trazendo
para nossa realidade externa, o vitimismo é uma estratégia para atrair
benefícios próprios se colocando na condição do "bem intencionado" ou
do “coitado e perseguido”.
A pessoa faz com que o outro se sinta insensível e
desalmado. Conta sempre com a compaixão e a compreensão de outras pessoas e
está sempre trabalhando os movimentos da chantagem emocional.
Porém, que fique claro que, a necessidade de se colocar no
papel de vítima é uma opção pessoal, motivada pela manipulação real do outro. O
que parece ser bastante utilizado em dinâmicas como no reality show apresentado
pela Rede Globo de televisão.
Manipular a mente do adversário para obter vantagens e se
colocar como possível vencedor, uma vez que o
vitimista manipulador faz do seu sofrimento (em muitos casos
fantasiados) uma espécie de currículo cuidadosamente apresentado.
Usando dessa condição, em algumas ocasiões, para odiar e
machucar outras pessoas, como uma "carta branca ", além de justificar
suas maldades nos sofrimentos do próprio passado.
A desconfiança e o receio são fortes ingredientes que
complementam o caldeirão de emoções e sentimentos apresentados por esse perfil
vitimista. Sem querer generalizar a questão, nessa edição do Big Brother não
podemos apontar apenas um integrante que fez uso dessa ferramenta.
Em muitas situações se percebia a estratégia manipuladora em
ação, visto que, cada participante vai fazer uso do que lhe é mais plausível
dentro do enfrentamento competitivo.
No âmbito psicológico e psicanalítico, destaco o grande
perigo da falta de manejo adequada destes sentimentos. Lembrando que, todos nós
temos e sentimos todo tipo de emoções. Tanto as positivas, quanto as negativas,
como: raiva, ódio, inveja, ciúmes, tristeza, entre outras.
Ou seja, todas as emoções são inerentes ao ser humano. A
questão é como lidar com os sentimentos negativos e se estamos alimentando mais
positividade ou negatividade. Esse manejo serve para auxiliar nosso
comportamento e orientar nossas relações interpessoais, seja no mundo
corporativo, social, familiar ou íntimo.
Enfim, mais uma vez, o programa que prendeu milhares de
pessoas à frente dos capítulos dessa edição, mostra que são muitos os ganhos
para quem compreende o que está sentindo e não faz uso da impulsividade. O
maior desafio do ser humano está no fato de que é, extremamente, necessário
saber domar seus monstros inconscientes.
O autocontrole e a cautela nas conexões sociais em que o
indivíduo busca pertencer, sem dúvida alguma, valorizam o perfeito
gerenciamento emocional que o levará ao equilíbrio e a uma maior assertividade
em sua comunicação.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista