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Como ficam os financiamentos imobiliários e consórcios com o aumento da Selic?
Da Redação | 31 de agosto de 2021 - 02:46
Por Ale Boiani
Quando fazemos um financiamento imobiliário estamos
adquirindo um compromisso de longo prazo e a juros compostos. Com o recente
aumento da taxa Selic, que teve a quarta alta apenas este ano, a tendência é
que os financiamentos fiquem ainda mais caros. Segundo o Banco Central, as
taxas médias do crédito imobiliário estão em torno de 7,5% ao ano, isto diante
da realidade da Selic a 5,25%. Se considerarmos a estimativa de alta da taxa
para 8% até o final do ano, e um spread de taxa médio de 40% (diferença entre a
taxa Selic e os juros cobrados pelo banco no financiamento), voltaremos a ter
taxas de financiamento em dois dígitos: acima de 11%.
A modalidade mais utilizada nos financiamentos imobiliários
é a SAC (Sistema de Amortização Constante). No valor da mensalidade, está
contido os juros mais o valor de amortização da dívida. Ao financiar por um
longo prazo, que é o que acontece nos financiamentos imobiliários, a
amortização inicial nos dá a sensação de que a dívida não está diminuindo, e
isto acontece porque os juros são sobre o saldo devedor integral, e ele acaba
sendo boa parte da composição da parcela. Em um financiamento de R﹩500 mil, por exemplo, se considerarmos uma taxa
de juros mensal de 0,7%, R﹩3.500 é apenas
correspondente a juros. Ou seja, se a parcela do financiamento paga pela pessoa
é de R﹩5.000, o valor de R﹩1.500 está sendo reduzido da dívida total.
Neste exemplo, se considerarmos um prazo de 20 anos de
financiamento, o valor total que o investidor terá pago será próximo do dobro
do valor financiado, e existem algumas formas de reduzir estes juros, todas
elas ligadas à antecipação de pagamentos para a redução do saldo devedor e
consequentemente dos juros do financiamento.
Existem produtos no mercado que podem facilitar esta
transição e ajudar na criação e constituição de patrimônio. Um deles que é
muito utilizado é o consórcio. Por ter uma taxa fixa pelo prazo integral,
diferente dos juros compostos do financiamento, esta opção oferece um custo e
taxa de juros bastante reduzidos. Se considerarmos um consórcio com uma taxa
total de 20% (somando seguro de vida, fundo de reserva e custos
administrativos) , ao invés de pagar o dobro do valor, o pagamento seria 20% a
mais. Ou seja, ao invés do pagamento total ser R﹩1
milhão, passaria a ser correspondente a R﹩600
mil.
Quando o investidor compra um imóvel na planta - durante o
período de construção, ele não paga juros do financiamento, mas sim o INCC
(Índice Nacional da Construção Civil ). Em 2020, este índice estava próximo a
0,26% mensais, já em 2021 teve um crescimento importante - e tem oscilado entre
0,9 % e 1%. O consórcio só pode ser utilizado para quitação do imóvel quando
este já foi para a fase do financiamento, o que acontece na entrega de chaves.
É importante que o investidor some a parcela do consórcio com a parcela do
financiamento até o momento da contemplação (disponibilidade do valor da carta
de crédito para fazer a quitação).
Vale lembrar que enquanto no financiamento a parcela para R﹩500 mil deve ser próxima de R﹩5
mil, no consórcio para este mesmo valor a parcela é próxima de R﹩2.000. Também é importante citar que o consórcio
não é considerado um produto de investimento, pois o valor que se paga para
obter o crédito é maior do que o crédito em si - que se utilizado de maneira
estratégica pode fazer muito sentido.
Além de utilizar com o intuito de substituir o financiamento
- o que pode ser feito no meio do caminho a qualquer momento - também pode ser
utilizado para manter liquidez (disponibilidade de capital investido). Uma
pessoa que tem o valor para comprar o imóvel à vista pode manter o dinheiro
investido e com os juros recebidos pagar a parcela do consórcio, fazendo com
que o patrimônio acumulado aumente, pois além de ter o imóvel, continua tendo o
valor em dinheiro. O consórcio também tem um seguro de vida que quita a dívida
em caso de falecimento, garantindo que o patrimônio realmente se mantenha.
Em resumo, para quem está pensando em comprar o primeiro imóvel, o mercado ainda tem oportunidades com taxas de juros baixas, e sendo bem orientado e pensando de forma estratégica na hora de fazer um planejamento financeiro, pode ser um bom momento para pensar em consórcios, já que a taxa negociada perdurará por todo o período do contrato, te dando segurança e tranquilidade.
*Ale Boiani é CEO, gestora e fundadora do grupo
financeiro 360iGroup, fundado há 11 anos e que tem cinco linhas diferentes
de negócios nas áreas de seguros, finanças, investimentos e planejamento
patrimonial, sucessório, tributário e fiscal. Com a profissional, que
possui experiência de mais de 20 anos na área na linha de frente, a companhia
soma 1,3 bilhão sob administração e mais de 2.500 pessoas capacitadas.