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Imagem ilustrativa da imagem Uma nova primavera

Por Davi Carneiro Ribeiro

O discurso pró-renovação da política brasileira é antigo, quase histórico. Muitos deputados, prefeitos, governadores e presidentes são eleitos, embalados pelos ventos agradáveis da primavera, “primeiro verão” em latim, trazendo consigo a promessa de novos ares – e se vão, levando com eles a frustração de todo um povo que, à grande maioria das vezes, se decepcionou ao notar que o discurso da campanha de outrora prometeu muito mais do que o mandato acabou por realmente entregar. Enfim, o inverno chega. A partir deste ponto, faíscas populares e manifestações calorosas com pautas pró-primavera, antes presente, são comuns.

Atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro foi eleito impulsionado pelos ares clássicos do primeiro verão. Alimentara a esperança da renovação política e expectativas extraordinárias para, enfim, “o fim” da corrupção. Carregando consigo promessas de um Brasil – finalmente – amigável ao liberalismo econômico, atraiu milhões de votos esperançosos. O novo líder maior. O mais novo vencedor.

Entretanto, as flores caíram. O sol já não é mais tão quente. O inverno chegou.

Bolsonaro constrange com um mandato "sem cor", sem ideologia definida e contraditório em muitos capítulos. O exato oposto do pregado em sua campanha eleitoral, tão cheia de personalidade e certezas.

O atual presidente faz pouco: pregando até mesmo certa “rivalidade” com o popular “Centrão” político durante seus tempos de campanha, acabou por se render aos seus caprichos e exigências em busca de popularidade dentro da Câmara e Senado. Além disto, seu desdém para com a pandemia do Coronavírus (e posteriores vacinas) o enfraqueceu quanto aos índices de popularidade Brasil afora.

Envolveu-se também em outras polêmicas, a exemplo do fracasso em privatizar até mesmo instituições que independem da aprovação do Congresso, tal como Infraero, Dataprev, Serpro e a popular EBC/TV Brasil, popularmente conhecida “TV Lula”. Esta última, em especial, teve sua privatização destacada em promessas de campanha – mas, no fim, apenas lhe restou a alcunha de, agora, ser a “TV Bolsonaro”.

Questões como a quebra de recorde na liberação de emendas parlamentares (descumprindo outro compromisso de campanha sobre o fim do “toma lá, dá cá”) e o ocultamento de gastos do cartão corporativo (descumprindo o compromisso da transparência no governo) fazem Jair, por fim, limitar-se a mero sonho de uma noite de verão. Sem medo de transferir a culpa de seus tropeços em governadores e prefeitos, Bolsonaro cumpre a trajetória da estrela de vida curta. O melancólico papel do astro de antigo potencial que “poderia ser e não foi”.

Em meio ao caos, muitos se perdem. Ou tentam fabricar desculpas das quais eles mesmos, lá no fundo, sabem que decepcionam a si próprios enquanto mentes dotadas de raciocínio lógico. Ora! Não caiamos no impulso tentador de defender às cegas, com garras e dentes afiados, pobres indivíduos tão imperfeitos quanto qualquer outro. Afinal, não somos obrigados a defender o indefensável por razão de um "pacto invisível" feito durante as eleições com o candidato escolhido da vez.

Infelizmente, muitos atravessam a existência humana na vã tentativa de justificar erros alheios. Triste desespero de ter notado tardiamente que compraram passagens para barcos, por vezes, já previamente fadados ao naufrágio. Se você idolatra pessoas, está fadado à eterna frustração e decepção.

Pois bem, as manifestações chegaram e as ruas clamam por uma nova estação. O poeta chileno Pablo Neruda já bem escreveu: “Podes cortar todas as flores, mas não podes impedir a primavera de aparecer”.

Seja bem-vinda!

Davi Carneiro Ribeiro é redator. Apaixonado por Ciências Políticas, Filosofia, Religião e tudo o que direta ou indiretamente os envolve

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