Debates
A SEPEAG despertou insights até 2050
Da Redação | 25 de agosto de 2021 - 02:29
Por Clodomir Luiz Ascari
Entre os dias 9 a 13 de agosto, o Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) realizou a 2ª SEPEAG (Semana
Paranaense de Engenharia, Agronomia e Geociências). O evento, totalmente
on-line, reuniu 40 palestrantes, 35 mil espectadores de 10 países e 60 mil
visualizações no canal do Crea-PR no Youtube.
A grade de palestras contemplou assuntos de grande
importância para diversas profissões, em especial as afetas ao sistema
Confea/Crea e apresentou tendências profissionais e de desenvolvimento na
cidade e no campo.
O futuro do agro e da construção civil, acessibilidade,
diálogos entre Brasil e mundo, contexto paranaense de crescimento na pesquisa e
no desenvolvimento de infraestrutura, fortalecimento da tecnologia no mundo dos
negócios das Engenharias foram alguns dos temas transversais que perpassaram as
discussões do evento.
Na modalidade Civil, acompanhamos reflexões sobre como o
mundo que experimentamos agora é fruto de decisões tomadas há 30 anos, assim
como o que estamos projetando em termos de cidade e mobilidade hoje terá
impacto direto nas futuras gerações.
Ao mesmo tempo em que vimos cases de moradias compactas, com
espaços inteligentes e tamanhos de 43m² a 2m², projetados para uma sociedade
cada vez mais produtiva e conectada ao trabalho, discussões sobre
acessibilidade também tiveram muita força durante a Semana.
No Brasil, 45 milhões das pessoas tem deficiência física,
mental ou sensorial, ou seja, 25% da população. Mesmo assim, temas como
mobilidade e acessibilidade ainda não ocupam o centro do planejamento urbano. Num
mundo cada vez mais marcado por interações on-line e off-line, uma pesquisa do
Movimento Web Para Todos revelou que menos de 1% dos sites brasileiros são
acessíveis. Existe um longo caminho a ser percorrido neste tema.
Os assuntos ligados ao agro também chamaram muita atenção,
por conta da riqueza de dados apresentada pelos palestrantes. Ao mesmo tempo em
que o cenário aponta uma projeção de que em 2050 teremos 2,2 bilhões de pessoas
a mais no mundo para alimentar, é esperado que esta seja a década do Brasil na
agricultura. Somos líderes na produção de grãos (255 milhões de toneladas) e de
proteína animal (27,4 milhões de toneladas). Estamos presentes em mais de 150
países e ajudamos a alimentar, além de 211 milhões de brasileiros, mais de 1,5
bilhão de pessoas ao redor do mundo.
Os dados não mentem, eles mostram que já somos um grande
player de mercado e que ocupamos os primeiros lugares na produção das 10
principais commodities, mas o potencial de expansão do país ainda é imenso e
pode ser alcançado com práticas mais inovadoras e sustentáveis no campo. Um dos
importantes insights que irromperam da SEPEAG é de que não importam a
habilitação e a formação, todos nós viramos profissionais incorporadores de
tecnologia. Ganha quem usar mais e melhor a tecnologia a seu favor, e isso se
estende às Engenharias, Agronomia e Geociências.
O Paraná, sem dúvidas, figura como um dos protagonistas da
força do agronegócio brasileiro. Dados apresentados no evento mostraram que o
Estado possui atualmente 217 cooperativas, com 2,48 milhões de cooperados e um
faturamento de R$ 115,7 bilhões. O estado ocupa a sexta posição no ranking das
exportações.
Em sintonia com este desenvolvimento, o Governo do Estado
tem sinalizado que, juntando todos os setores, há mais de 100 bilhões de
investimentos previstos para os próximos anos no Paraná. Isso representa um
passo largo para a economia e que, consequentemente, vai afetar a população
paranaense com geração de emprego, qualificação profissional e aumento de
renda.
Alguns fatores fundamentais para este cenário se concretizar
no Paraná foram debatidos na SEPEAG, um deles é a logística de transportes.
Malha ferroviária e rodoviária e os portos de Paranaguá e de Antonina foram
assunto na pauta sobre a redução de custos dos transportes e da importação e
exportação no Estado. Certamente a estruturação dos modais tornarão o produtor
paranaense mais competitivo, justamente por isso o Crea-PR participou
ativamente e está acompanhando de perto o debate acerca do novo modelo de
pedágio paranaense, que deve ser definido até o final do ano.
Potencial produtivo e de crescimento nós temos de sobra,
eventos como a SEPEAG evidenciam isso muito claramente com base em números.
Agora, cabe a nós enquanto profissionais, entidades de classe e conselhos
profissionais colocar o futuro em ação, adotar uma postura proativa e inovadora
para contribuir com o desenvolvimento da cidade e do campo.
Clodomir Luiz Ascari é Engenheiro Agrônomo e Vice-Presidente
do Crea-PR