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Imagem ilustrativa da imagem Durante os festivais

Por Ben-Hur Demeneck

A comoção diante da morte de Fernando Durante uniu o espectro político e cultural. Da “direita à esquerda”, do autor ao gestor cultural, da plateia ao placo se lamenta a perda de 6 de abril. O fato faz pensar quanto a Cultura importa para PG, além de ativar a lembrança de outras figuras importantes para a cidade. Como acontece com a memória de Márcia Sielski e Ezequiel Batista, falecidos há cerca de 8 anos.
Tão logo elas partem, figuras como Durante e Márcia Sielski deixam saudades. Produtora cultural incansável da primeira década dos anos 2000, Sielski deu espaço a muitos artistas e organizou uma sólida agenda cultural em tempos de relativa inércia na economia criativa. Foi uma das representantes do Paraná na II Conferência Nacional de Cultura, em 2010. Faleceu em 7 de outubro de 2012.
Quem frequenta festivais encontra uma galeria de tipos marcantes. Quem conheceu Ezequiel Batista testemunhou uma paixão febril por teatro. Dramaturgo de “As flores de Dom Jardim”, “O Circo do Zabumbá” e de dezenas de outras peças, ele integrou o Movimento Alternativo Arte Popular Independente (MAAPI) e o Grupo Matiz, segundo informa matéria de Eduardo Godoy presente no portal Arte PG. Faleceu em 26 de maio de 2013.
O Jornal da Manhã publicou em sua edição impressa de 13 de abril a nota “Ópera pode receber o nome de Durante”. O texto registra a mobilização de amigos e familiares do produtor cultural Fernando Durante em favor de petição virtual dirigida à Prefeitura. Pedem a instituição do nome “Teatro Fernando Durante” ao “Cine-Teatro Ópera”, sobrepondo nome e sobrenome ao espaço já consagrado.
Como negar que Durante merece homenagem? Ou que Sielski e Batista precisam? Aos dois faltou a visibilidade concedida por cargos públicos de destaque e programas de televisão, tal como teve Fernando durante anos. Por outro lado, as memórias daqueles seguem vivas. Para falar da Márcia, podemos colher relatos com Scilas Augusto (banda Mandau). Ele recorda dela com respeito, ao lhe abrir espaços enquanto dava seus primeiros passos como profissional. Para contar do artista que PG perdeu, Lucélia Clarindo ficaria horas em torno do assunto “Zecão”.
Nomes da Cultura clamam pelo registro como patrimônio simbólico do município. Apesar de a “nomenclatura de logradouros” ocupar a Câmara Municipal tanto quanto a fiscalização das contas públicas, no Google Maps não se acha sequer um mísero nome de rua recordando Sielski e Batista. Um atestado de que a maioria dos vereadores não frequenta teatros e livrarias.
O abaixo-assinado virtual iniciado pelo músico Cláudio Chaves no Avaaz sinaliza cuidado e carinho. Não há como ser contra homenagens a quem foi relevante na Cultura, mas vale dialogar como deve ser feita – aqui registro minha emoção toda vez que leio o nome de Aldir Blanc na lei de emergência cultural. Talvez acrescentar o nome de Durante a teatro de tamanho lastro histórico recaia numa institucionalidade e numa frieza de prédio incompatíveis ao dinâmico homem de cultura que ele foi.
Por outro lado, em vez de constar nome numa placa, seria lindo ele ter seu nome associado a algo “em movimento”. Talvez algo como o prêmio de Melhor Ator do Fenata. Afinal, ele foi o único cidadão de PG a receber tal honra, em 1978. Ou, quem sabe, uma honraria mais apropriada à sua figura querida e presente no FUC e no Fenata – o prêmio do Júri Popular. Láurea presente nos dois eventos capaz de conter o quente aplauso do presente.
O importante aqui é preservar a memória daqueles que fizeram Cultura. Tal gesto mantém a cidade aquecida, pulsando.


Ben-Hur Demeneck é jornalista e produtor cultural, ganhador do Mérito Cultural Ribas Silveira em 2010.

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